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09/08/23 às 12:49

Oficina promovida pelo REM MT fortalece projetos de protagonismo indígena em Mato Grosso

AguaBoaNews

com assessoria REM

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Oficina promovida pelo REM MT fortalece projetos de protagonismo indígena em Mato Grosso

30 representantes de organizações indígenas participaram da capacitação

Foto: REM MT

De revitalização da cultura à pesca tradicional, 30 representantes de organizações indígenas agora aumentaram o conhecimento sobre a execução de projetos, que fortaleçam a sua comunidade e promovam geração de renda nos territórios indígenas. A Oficina de Gestão de Elaboração de Projetos, apoiada pelo Programa REM MT, finalizou o terceiro módulo nesta sexta-feira (04/08).

Ao todo, 6 regionais de 30 povos indígenas participaram da capacitação, promovida pelo Subprograma Territórios Indígenas (STI), do Programa REM MT. Os projetos abrangem povos que vivem na Amazônia, Cerrado e Pantanal. O objetivo principal da formação é garantir o protagonismo das associações nas propostas de projetos em territórios indígenas.


Artesanato, pesca, agricultura e revitalização de ritos de passagem são alguns dos produtos que fazem parte dos projetos (Foto: REM MT)

Do povo Xavante, Luiz Carlos Tserewatsitsi Tseremeywa relata que o curso abriu sua mente para atender as urgências de seu território. Na sua aldeia, o ritual da corrida de toras de Buriti está sendo pouco praticado pelos jovens.

Portanto, ele pensou em um projeto que vai revitalizar a participação dos jovens nessa importante tradição, que marca o período de transição da adolescência para a fase adulta.
“O povo Xavante tem uma cultura muito rica, segundo os antropólogos. Alguns ritos estão sendo pouco praticados, então estamos tendo esse pensamento para fazer um projeto no sentido de revitalizar, quer dizer, reforçar a participação de ritos tradicionais”, descreve.



Dentre as dificuldades que observou durante o curso, estão a insegurança alimentar e dificuldade de locomoção das aldeias para participar do ritual. O projeto que ele elaborou, além de revitalizar a cultura Xavante, também foca em solucionar esses problemas.

“Uma aldeia é escolhida para sediar esse ritual e outras aldeias participam no mesmo ritual. Então, está tendo dificuldade de locomoção. Gênero alimentício também está faltando, às vezes aquela aldeia não suporta. Então, estou tendo essa visão, esse pensamento de fazer um projeto para a Secretaria de Cultura e o Ministério da Cultura, no sentido de estimular a participação de madrinhas e padrinhos de outra aldeia, para as aldeias onde vão sediar essa prática”, explica Luiz Carlos.


Alawero Meynako é uma jovem liderança que marca seu caminho na gestão de projetos (Foto: REM MT)

Já para a coordenadora de campo do departamento da mulher da Associação da Terra Indígena do Xingu (Atix), Alawero Meynako, é de grande importância participar do curso, que profissionaliza indígenas e os incentiva a trabalhar em projetos voltados para as suas causas.

Inclusive, essa é a primeira vez que Alawero escreve um projeto, que trabalha com a produção de mel e artesanato no Xingu. “É uma grande oportunidade pra gente que veio da aldeia para estar nesse espaço, tendo esse protagonismo de nós mesmos estarmos trabalhando pra gente. Porque no inicio, eu posso dizer que a Atix está com 99% só de indígenas trabalhando. Também está com 50% de mulheres e 50% de homens, então está tendo um equilíbrio que é muito importante para nós”, reflete.

Foi pensando no apoio ao protagonismo indígena que o STI realizou essa capacitação, conta a profissional sênior do subprograma, Paula Vanucci.

"Essa é uma área que a gente percebe muita deficiência ainda hoje, porque sempre esses atores e lideranças acabam contando com apoio de terceiros ou instituições sociais que os apoiam e não necessariamente se apropriando desse conhecimento. Essa é uma área que precisa ter um investimento contínuo para que a gente possa cada vez mais propagar novas lideranças, se apropriando desse conhecimento e nesse sentido, pensamos num curso de capacitação, gestão e elaboração de projetos, que totalizam 120 horas”, pontua.

Aprendizados da oficina



A oficina foi mediada pela instituição Remar (Remando Junto Com Povos e Comunidades Tradicionais). No terceiro módulo, que marcava a finalização da capacitação, os participantes aprenderam sobre gestão administrativa e financeira de projetos, relatoria técnica, prestação de contas e captação de recursos.

Para Jaqueline Sicupira, uma das facilitadoras da Remar, a formação proporciona diversas interfaces no processo de aprendizagem. Representantes de projetos de todas as idades também participaram.

“Conhecer a estrutura de um projeto, como se escreve um projeto ou como se pensa um projeto, a partir da organização comunitária, são alguns dos resultados que se alcança em um espaço como esse. O público participante é diverso, jovens, adultos e anciãos. E isso potencializou a troca de saberes e a apreensão dos conceitos, por meio do intercâmbio que é realizado”, comentou.

Aproveitando a finalização da capacitação, os indígenas fizeram uma exposição dos projetos das 7 regionais de Mato Grosso - Vale do Guaporé, Noroeste, Cerrado e Pantanal, Xingu, Xavante, Médio Araguaia e Kayapó Norte. Construídos do zero, eles vão apresentar toda a estrutura que construíram ao longo da capacitação.

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