De todo o saldo ruim da safra passada de soja, a 2015-16, um pode ser considerado positivo; o aumento do escoamento, em 8 pontos percentuais (p.p.) das exportações das commodities agrícolas mato-grossenses (soja e milho), pelos portos do Norte do país, o complexo chamado de Arco Norte. Ontem, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou um estudo em que destaca a expansão dos portos localizados na região, com destaque para o porto de Itaqui, no Maranhão (MA).
Conforme o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a nova rota de escoamento, que de alguma forma descongestiona os principais portos do país para exportação de grãos, como Santos (SP) e Paranaguá (PR), mostrou como nunca na safra passada novos caminhos e que de alguma forma baratearam o custo do transporte da produção. “É claro que a safra foi marcada por cotações recorde, mas houve muita perda de grãos, foi a menor produtividade desde 2009 e o desembolso para plantar de todos os tempos até então. Essa economia, por encurtar as distâncias, proveniente da opção pelo Arco Norte, é a alternativa que o mato-grossense precisava para conter a desvalorização que sofre sobre a safra em relação às cotações do Sul e do Sudeste”.
A nova logística de exportação de grãos, como já explicou o diretor executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz Ferreira, é que o complexo de portos do Arco Norte se torna atrativo financeiramente para o escoamento da produção de áreas acima do paralelo 16, onde estão, por exemplo, as lavouras de Lucas do Rio Verde e Sorriso, em Mato Grosso, como também a região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). “A produção mato-grossense das nossas cidades de Primavera do Leste e Campo Verde manterá a rota de sempre, rumo ao porto de Santos, como sempre foi, pois para aquela região do nosso Estado o Arco Norte não é viável”.
Conforme a Conab, dentro do complexo Arco Norte, o maior crescimento no fluxo de exportações está previsto para o porto de Itaqui (MA). Pelos dados de movimentação de anos anteriores, o melhor desempenho registrado pelo porto foi em 2015, com a saída de 7,2 milhões de toneladas de soja e milho. Neste ano, a estimativa é de que apenas a soja seja responsável por 6,6 milhões de toneladas exportadas por Itaqui.
Este bom desempenho no porto do Maranhão impulsiona o crescimento das exportações pelo Arco Norte. Cerca de 23,8% do total exportado de milho e soja devem deixar o país pelos portos fora do eixo centro-sul. Apenas Itaqui representa 37,2% do volume a ser destinado ao mercado externo pelos corredores de escoamento do Arco Norte. Integram o complexo os portos de Itacoatiara (AM), Santarém e Vila do Conde (PA), Itaqui (MA) e Salvador (BA).
Como ressalta o estudo da Conab, apesar do aumento da participação do Arco Norte, o porto de Santos ainda é o local que apresenta maior eficiência para escoamento da produção. A carência na infraestrutura de transporte entre as zonas de produção e os portos que não se situam no centro-sul do país dificulta o escoamento por essa região ao encarecer os custos para o produtor.
“O aumento da atratividade dos produtos agrícolas brasileiros no mercado externo vai depender de um sistema logístico nacional que promova maior agilidade para produtores e fornecedores de forma a propiciar otimização dos custos pelo menos próximos aos observados nos países concorrentes com a exportações nacionais”, avalia o analista de mercado Carlos Eduardo Tavares, responsável pelo estudo. O trabalho, chamado "Estimativa do Escoamento das Exportações do Complexo Soja e Milho pelos Portos Nacionais: Safra 2016/17", faz parte do Compêndio de Estudos da Conab.
SOJA E MILHO - Conforme estimativa da Conab, para a safra 2016-2017, a produção nacional de soja será de aproximadamente 103,8 milhões de toneladas e as exportações alcançarão a marca de 72,9 milhões/t de toneladas, ou seja, incremento de 9% da colheita e de 10% nas remessas internacionais.
Para a commodity, o estudo projeta como protagonistas na utilização do Arco Norte os estados de Mato Grosso e Pará.
Como destaca o Imea, a rota de acesso é a ainda a BR-163 que depende de obras de conclusão, como ainda para a logística completa de acesso aos portos e para a efetiva redução de custos de transporte, da liberação para construção de hidrovias.
A estimativa para o milho na safra 2016/17 é de produção total de cerca de 84 milhões/t. Para as exportações da commodity estão previstos 24 milhões/t, 20% a mais sobre o efetivado em 2016. Mato Grosso e Paraná, respectivamente, deverão ser os maiores exportadores nacionais, com Mato Grosso enviando boa parte do cereal para o porto de São Luís (MA), volume estimado em cerca de 2 milhões/t.