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16/04/16 às 15:54 / Atualizada: 17/04/16 às 07:56

Riva confessa participação em esquema milionário na AL

Solto, Riva resolveu que hora de falar e confessa corrupção na Assembleia Legislativa

Jonas Jozino / Redação 24 Horas News

Edição para Agua Boa News, Clodoeste Kassu

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Depois de uma longa prisão e a liberdade com direito a tornozeleira eletrônica, o ex-deputado estadual e ex-presidente da Assembleia Legislativa, José Geraldo Riva resolveu surpreender a todos: ele começou a falar como funcionou nestes 20 anos em que esteve no poder no Legislativo Mato-grossense a corrupção. Em depoimento na 7ª Vara Criminal de Cuiabá, com a juíza Selma Rosane nesta sexta-feira, ele uma preliminar de como funcionava todo o esquema. Admitiu ter comandado a corrupção, denunciou quatro deputados e avisou que não vai mais segurar toda a “bronca”, gíria utilizada no meio criminal, sozinho e que dará “nomes aos bois” de tudo o que foi errado. “O que é meu vou assumir. O que é dos outros vou contar”, disse chorando, deixando de lado a fama de durão.

Ao voltar a ser indagado pela juíza sobre um esquema de corrupção de R$ 9,4 milhões supostamente desviados da Assembleia Legislativa em um esquema contra o Banco Bamerindus, depois HSBC, Riva confessou que participou sim do esquema, mas garantiu que em nenhum momento foi o artífice da missão. Segundo ele quem comandou a ação foi o deputado estadual Romoaldo Junior (PMDB).

No depoimento, Riva também afirmou que o deputado Mauro Savi (PR) e a ex-deputada Luciane Bezerra foram beneficiados pelo esquema. Luciene é esposa do deputado estadual Oscar Bezerra (PSB), um dos homens forte do governo Pedro Taques (PSDB). E se comprometeu a devolver R$ 700 mil aos cofres públicos.

Em seu depoimento, Riva contou que só ficou sabendo do acordo para a concessão indevida de créditos ao então advogado do HSBC e delator do esquema. “Não é justo que eu passe como líder de uma coisa que eu não fui”, ressaltou.

“Não pedi nenhuma porcentagem. Fui comunicado que já havia sido feito o acordo. Depois Romoaldo me comunicou que, no acordo, seriam devolvidos 45%. Falou que se eu tivesse alguma conta a pagar, eu poderia falar para ele”, afirmou.

Em lágrimas, Riva justificou que resolveu falar o que sabia em razão de “não suportar mais” carregar a carga da denúncia em suas costas.

“Não é justo que eu passe como líder de uma coisa que eu não fui", disse.

Ainda durante o depoimento, o ex-homem forte da Assembleia Legislativa admitiu ter indicado várias contas as quais o advogado Joaquim Mielli teria depositado parte do valor recebido no acordo com a Assembleia.

Na época, Mielli havia dito ao banco HSBC que os créditos não haviam sido liberados, mas o banco soube do acordo por meio do advogado Julio César Rodrigues, que dedurou o alegado esquema por não ter ficado satisfeito com os R$ 372 mil recebidos.

Ele listou um repasse de R$ 450 mil à União Avícola, feito em cinco parcelas; um repasse de R$ 230 mil a um destinatário chamado “Iramed”; e dois depósitos de R$ 500 mil à Tauro Motors.

Outros depósitos feitos em contas supostamente indicadas pelo deputado Romoaldo Junior, a exemplo dos repasses de R$ 714 mil à Redeshop e de R$ 241 mil ao Canal Livre.

Segundo Riva, o deputado Mauro Savi e a ex-deputada Luciane Bezerra também teriam indicado contas. Cerca de R$ 1 milhão teria sido depositado em contas ligadas a Mauro Savi, conforme Riva.

Não vou poupar ninguém pela verdade. O que for meu, eu vou assumir. Não vou jogar a culpa em ninguém

Promessa de colaboração

O ex-deputado afirmou que irá colaborar para o esclarecimento dos fatos e pediu mais tempo para buscar documentos que provem o que ele contou no interrogatório.

"Quando decidi pela confissão, minha intenção era contribuir. Não teria motivo para vir aqui fazer uma confissão meia boca", disse.

"Não vou poupar ninguém pela verdade. O que for meu, eu vou assumir. Não vou jogar a culpa em ninguém", afirmou.

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