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22/05/21 às 16:37

Animais ameaçados de extinção encontrados no Parque Sesc Serra Azul indicam importância da conservação no Cerrado

Número de espécies tem aumentado nos últimos quatro anos na unidade do Polo Socioambiental Sesc Pantanal

Assessoria Sesc Pantanal

AguaBoaNews/Cuiabá

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Animais ameaçados de extinção encontrados no Parque Sesc Serra Azul indicam importância da conservação no Cerrado

Foto: Assessoria Sesc Pantanal

A presença da onça-pintada, na terra, e o gavião-real no ar do Parque Sesc Serra Azul, unidade do Polo Socioambiental Sesc Pantanal, são os principais indicadores da importância da área para a conservação da biodiversidade no Cerrado mato-grossense. Em quatro anos, cinco espécies ameaçadas foram avistadas na área de cinco mil hectares, que representa um refúgio diante da perda de habitat pelo desmatamento, caça e captura para criação em cativeiro.  
 
Celebrado neste sábado (22/5), o Dia da Biodiversidade foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o intuito de conscientizar a população de todo o mundo a respeito da importância da diversidade biológica e sua preservação. A data é uma oportunidade para destacar o papel das áreas conservadas para a manutenção da biodiversidade, diz a superintendente do Polo Socioambiental Sesc Pantanal, Christiane Caetano. "Tudo está conectado: semente, planta, bicho e gente. Por isso, a conservação da biodiversidade é tão importante, pois impacta a todos", destaca a superintendente. 
 
De acordo com o engenheiro florestal do Parque Sesc Serra Azul, Henrique Freire de Andrade, na unidade já foram registradas 15 espécies ameaçadas. O Parque existe há nove anos e está localizado em Rosário Oeste, na região de Nobres (MT), em pleno Cerrado. A região é cercada por fazendas de gado e áreas de agricultura extensiva. Nela, já foram avistados cachorro-vinagre, anta, gato-mourisco, jacu-de-barriga-castanha, lobo-guará, macaco-prego-de-papo-amarelo, onça-parda, queixada, tamanduá-bandeira e tatu-canastra, todos presentes na categoria de risco denominada vulnerável. 
 
Mais recentemente encontrados estão a onça-pintada, registrada pela primeira vez em 2018, o gavião-real, em 2019, o cervo-do-pantanal, em 2020, a azulona e raposa-do-campo, ambas em 2021. “Essa linha do tempo é um indicador de que o Parque dá condições de sobrevivência, permanência e recuperação de populações de animais vulneráveis. É uma alegria ver essa lista de presença crescendo a cada ano, pois é o mais evidente resultado de cumprimento da missão de trabalhar pela conservação da biodiversidade”, diz o engenheiro florestal.  
 
Uma espécie está vulnerável quando as melhores evidências disponíveis indicam que enfrenta um risco elevado de extinção na natureza em um futuro próximo, a menos que as circunstâncias que ameaçam a sua sobrevivência e reprodução melhorem. A vulnerabilidade é causada principalmente por perda ou destruição de habitat. Atualmente, há 4.796 animais e 5.099 plantas classificadas como vulneráveis. 
 
Espécies vulneráveis avistadas 
 
A onça-pintada é o maior felino das Américas e ocupa áreas naturais com presença de corpos d’água e disponibilidades de presas. Ela apresenta preferência por ambientes com pouco distúrbio causado pelo homem, o que faz com que ela seja um excelente indicador para identificar áreas conservadas. “A presença da onça-pintada indica, portanto que há um ambiente saudável e equilibrado no local, com boa disponibilidade de presas e recursos que as sustentam”, destaca Henrique. 
 
Como espécie topo de cadeia, a onça pode ser definida como espécie guarda-chuva, tendo todas as demais espécies abaixo de si. A falta dela, portanto, implica em um desequilíbrio de toda a cadeia alimentar. As onças-pintadas estão ameaçadas no Cerrado. Na última edição do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, a espécie é tida como Vulnerável (VU) na classificação geral, porém, Em Perigo (EN) na avaliação feita para o Cerrado. 
 
Em 2019, outra espécie topo de cadeia, a maior águia do país, foi vista pela primeira vez no Parque Sesc Serra Azul. A harpia ou gavião-real é mais comum na Amazônia. O Pesquisador do Museu Nacional/UFRJ, professor Luiz Flamarion Oliveira destaca a relevância da presença do gavião-real na área. "A aparição da harpia é um evento muito importante. Isso mostra a qualidade da área. Acho que o mundo no Serra Azul está completo. Desde os voadores aos pintados terrestres", diz ele. 
 
Em 2020, a aparição do cervo-do-pantanal surpreendeu. Mais de 80% da população de cervos do Brasil reside no Pantanal, restando uma pequena fração nos demais biomas. “É uma caça de fácil abate e, geralmente, em locais com presença humana, é rapidamente erradicada. Considerando isso e o fato de que o Parque já possui um longo histórico de ocupação, a presença de um cervo representa um grande sucesso na conservação. O funcionário mais antigo, que já trabalha na região há mais de 20 anos, disse nunca ter avistado essa espécie. Segundo especialistas, a fêmea é um bom sinal de que a espécie pode se reestabelecer por aqui”, conta com otimisto o engenheiro florestal.  
 
Em 2021, outras duas espécies foram registradas ineditamente: a raposa-do-campo e a azulona. A raposa-do-campo é o único canídeo brasileiro que ocorre somente no Cerrado. Além disso, não há registros dessa espécie fora do Brasil. Sua população diminui com o avanço das atividades humanas. Há mortalidades por predação por cães domésticos e também pela matança, devido à crença de que essa raposa pode predar animais domésticos. 
 
Encontrada em florestas preservadas, principalmente na Amazônica e na transição com o Cerrado, a ave conhecida como azulona é considerada um registro importante, também em 2021, por ser uma espécie dispersora de sementes e que necessita de áreas preservadas para viver. 
 
“Certamente, o empenho para conservação e restauração de ecossistemas nativos tem gerado um ambiente propício para que tais espécies prosperem e passem a compor a rica biodiversidade encontrada no Parque Sesc Serra Azul”, finaliza o engenheiro florestal. 
  • Animais ameaçados de extinção encontrados no Parque Sesc Serra Azul indicam importância da conservação no Cerrado
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