Artigos / João Baptista Herkenhoff

18/12/16 às 09:06

Presentear no Natal

O ato de presentear tem coerência com o sentido do Natal. É costume antigo, inspirado no episódio bíblico dos Reis Magos, que levaram ao berço do Cristo, como oferenda: ouro, incenso e mirra.
 
No ano passado fui contemplado com quatro livros capixabas. Vou mencionar título e autor das obras, pela ordem cronológica do recebimento:
 
1) Grãos de Areia, de Matusalém Dias de Moura (crônicas);
2) Memória Repartida, de Getúlio Marcos Pereira Neves (romance);
3) Às margens do Itapemirim, de Ariette Moulin (crônicas);
4) Problemas e curiosidades da Língua Portuguesa, de José Augusto Carvalho (estudos gramaticais).
 
Na orelha de “Grãos de Areia”, Aylton Rocha Bermudes  escreveu que o autor “está indelevelmente preso às suas raízes da Serra do Caparaó, em seu Irupi natal, seu Iúna, que ele ama, exalta, critica, defende. Seu jeito de escrever é este: coloquial, direto, simples, quase ingênuo, com sabor do café tomado com broa de milho, ali, junto do fogão.”
 
O romance de Getúlio Marcos Pereira Neves tem como cenário o município de Colatina das décadas de 30 e 40. Mistura-se, no correr das páginas, o autor como ficcionista e como magistrado. As personagens desenhadas pela obra têm sabor interiorano. Desfilam pelo livro: António Victorino d’Almeida, maestro; Doutor Belmiro Mariaga, chefe politico local; Honório Jácomo, escrivão; Rick, cabelereiro; Quinoto, comerciante, e sua talvez infiel esposa Cotinha; Pedro, dono do bar Drink’s; Antídio Marcolino, viúvo inconsolável de Dona  Rigoberta; Tião Matoso, fazendeiro; professor Menezes Filho, o historiador da região, e sua mulher Arminda.
 
No livro de Ariette Moulin, o rio Itapemirim é a personagem central: “Ele passa encachoeirado, cantando dia e noite. No periodo de estiagem, está tão seco que aparece espremido entre as pedras, mas sempre oferecendo suas águas.”
 
O rio dialoga com a autora, encorajando-a nos momentos de desânimo: “Olhe para mim. Sempre corro para a frente e não olho para trás. As pedras do caminho eu as contorno e sigo cantando, pois o meu destino é o mar.”
 
”Problemas e curiosidades da Língua Portuguesa” é um mergulho do linguista José Augusto Carvalho no universo do idioma. O livro trata de dificuldades cotidianas (virgula e ponto e vírgula, abuso do gerúndio, plural dos nomes próprios, colocação pronominal) e também de algumas questões particularmente interessantes, resolvidas com objetividade e didática, virtudes que fazem da obra um guia seguro para todos mas, de maneira especial, para estudantes que enfrentam exames vestibulares e para cidadãos que se lançam em concursos públicos.
João Baptista Herkenhoff

João Baptista Herkenhoff

João Baptista Herkenhoff é juiz de Direito aposentado (ES), possui graduação em Direito pela Faculdade de Direito do Espírito Santo (1958), mestrado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1975) e livre docência na Ufes (1979). Pós doutorado em Wisconsin (1984) e na Universidade de Rouen (1992).

Atualmente é Coordenador Pedagógico do Curso de Direito da Faculdade Estácio de Sá no Espírito Santo e Professor Pesquisador da mesma instituição e m
inistra cursos de pequena duração sobre Direitos Humanos.
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