Artigos / Luciano Vacari

14/05/22 às 10:16

O fim da fronteira para o desenvolvimento

O fenômeno da agricultura não tem mais fronteiras. A tecnologia está permitindo que as lavouras avancem pelas regiões menos desenvolvidas. E antes que julguem, saibam que não se trata de desmatamento, pelo contrário, estão transformando áreas degradadas em solos produtivos, agregando valor à pecuária e gerando emprego e renda.

Um exemplo vem das regiões que estão fora do eixo da BR-163, em Mato Grosso, que estão em processo acelerado de tecnificação agrícola. As antigas fazendas de gado, grande parte com pastagem comprometida e consequentemente pouco produtividade, estão sendo reestruturadas com a ajuda da lavoura.

Os pecuaristas estão se tornando, também, agricultores. Seja por meio de investimento próprio ou com arrendamento de terras, passaram a semear grãos em uma parte do ano e assim melhorar a qualidade da terra. No rebanho, o resultado chega por meio do aumento de produtividade, com animais prontos em menos tempo e em menor área.

O combo perfeito para o desenvolvimento. Renda para o produtor, recuperação de áreas degradadas, redução ou neutralização das emissões de gases de efeito estufa e comida no prato da população.

Mas não é só com a comida que as pessoas das cidades ganham. A chegada da agricultura está mudando os municípios. Qualificação de mão-de-obra, empresas de máquinas agrícolas, grandes tradings oferecendo assistência técnica, armazéns. Enfim, a revolução vivenciada pelos municípios do norte e do médio-norte mato-grossense chegou ao oeste, nordeste e noroeste do estado, as duas laterais.

Para se ter uma ideia, em 2014,  segundo o Imea, a produção de soja no nordeste de Mato Grosso, região do norte do Araguaia, era de 4,4 milhões de toneladas. Em sete anos, os municípios passaram para 7,6 milhões, 72% a mais. Do outro lado, no noroeste, onde estão Juara, Juína, a produção saltou de 1,54 milhão de toneladas para 2,61 milhões de toneladas, um crescimento de 69%.

De acordo com dados do Lapig, o Brasil possui 160 milhões de hectares de pastagem, 8 milhões a menos do que em 2014. Neste período, porém, o rebanho bovino aumentou de 156 milhões para 160 milhões de animais. Ou seja, a produção de carne por área está aumentando. E onde havia só pasto, agora há uma plantação, um boi, árvores e, quiçá, uma micro usina de bioenergia.

O potencial é enorme. Não só em Mato Grosso, mas em todo o país. A produção agropecuária tem como e para onde crescer sem que haja desmatamento ilegal. Agora, sem tecnologia e renda, os pecuaristas, principalmente os pequenos, não vão conseguir transformar suas propriedades nas tão desejadas abordagens de paisagens integradas, como propõe o novo Plano Agricultura de Baixo Carbono (ABC), ABC +.

O conceito que busca adotar práticas conservacionistas prevê, também, a adoção e manutenção de sistemas em integração e o melhoramento genético e o aumento da diversidade biológica.

Resumindo, a sustentabilidade e a conservação passam, necessariamente, pela integração lavoura-pecuária e pela intensificação da produção para chegarem ao meio ambiente corretamente utilizado, à rentabilidade financeira e ao desenvolvimento social.
Luciano Vacari

Luciano Vacari

Luciano Vacari é gestor de agronegócios e diretor da Neo Agro Consultoria. 
ver artigos

comentar  Nenhum comentário

AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Agua Boa News. É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. O site Agua Boa News poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.

 
 

veja maisArtigos

Juacy da Silva

Curso para Agentes da Pastoral da Ecologia

A Pastoral da Ecologia Integral da Arquidiocese de Cuiabá vai promover mais um Curso para a formação de Agentes, multiplicadores, a ser realizado nos dias 26 de Maio, 02 e 16 de Junho, no Auditório da Livraria Paulinas...

 
 
 
 
Sitevip Internet