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31/03/25 às 18:21 | Atualizada: 31/03/25 às 19:00

Movido pela fé, para agricultor de Água Boa produzir alimentos é um ato de amor ao próximo

Nascido em Santa Bárbara do Sul, na região do Planalto Médio do estado do Rio Grande do Sul, nos anos 50, Antônio Sadi Baldo carrega no sangue o amor pela terra. Filho de agricultores, começou cedo na lida, aos 12 anos, ajudando o pai no plantio de soja. Com o tempo, enfrentou desafios e transformações no setor, passando por diferentes regiões e ciclos produtivos, até chegar a Mato Grosso guiado pela fé, pelo trabalho duro e pelo desejo de deixar um legado para as futuras gerações.

Aos 26 anos, mudou-se para Jataí, no Goiás, onde permaneceu por 22 anos cultivando soja e milho. Enfrentando dificuldades de financiamento, um sistema agrícola menos estruturado e oscilações de mercado, com perseverança, enxergou em Mato Grosso uma oportunidade para superar as dificuldades e crescer.

A chegada em Água Boa no início dos anos 2000, junto com a esposa e seus três filhos, marcou uma nova fase na sua trajetória. Com a terra propícia ao cultivo de soja e o potencial agrícola da região, Sadi encontrou o espaço ideal para ampliar sua produção e envolver sua família no negócio. Seus filhos, Vinícius e Leonardo, cresceram acompanhando o trabalho no campo e hoje assumem a gestão, garantindo a continuidade do sonho iniciado quando Sadi era um menino.

“Eles sempre estiveram com a gente, lutando, acompanhando e aos poucos eu fui soltando para eles a administração, e graças a Deus eles têm evoluído”, conta. E para ter sucesso na sucessão familiar ele destaca a importância da vivência no campo desde a infância. “Quanto mais tempo eles puderem ficar acompanhando e até administrando aos poucos, é o que vai fazer a diferença no final”, acrescenta.

O agricultor tem orgulho do trabalho e a dedicação ao cultivo da terra, em criar sustento para sua família e a contribuir para algo maior, a missão de alimentar pessoas. Para ele, produzir alimentos é mais do que uma profissão, é um ato de amor ao próximo. Afinal, ninguém vive sem e garantir que ele chegue à mesa de todos é, em sua visão, uma obra abençoada por Deus.

Agora, além dos filhos, vê com alegria seus dois netos seguindo o mesmo caminho, eles estudam agronomia para dar continuidade a esse legado e representam o futuro do campo, a nova geração que manterá viva a tradição de produzir com responsabilidade, ainda que muitas pessoas não compreendam a importância desse ofício. O compromisso do produtor se reflete na valorização dos funcionários, na crença no trabalho coletivo e no apoio à Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja MT), entidade que fortalece o setor agrícola e contribui para levar a realidade do campo para além das porteiras.

Associado desde 2005, Sadi destaca a importância da associação. “A Aprosoja MT tem feito toda a diferença para nós. O que nós temos conseguido de diferencial, podemos considerar que 90% é através da entidade, pois é uma associação que visa o desenvolvimento na agricultura e é administrada por produtores, que sabem o que cada produtor precisa e atuam na defesa de todos nós”, enfatiza.

A modernização do setor também impressiona Sadi, que lembra dos tempos em que tudo manual, os tratores não tinham cabine e o trabalho era feito sob sol e frio, sem proteção. “No meu tempo era tudo manual, trator sem cabine, tudo a gente enfrentava no ar livre.

Hoje não, é tudo mais moderno, graças a Deus e ao trabalho”, lembra. Hoje, como presente de seus filhos, ele tem a réplica do primeiro trator adquirido pela sua família há 70 anos, com potência de 25 Horse-Power (HP) que era dividido entre três sócios. Comparado aos tratores atuais de 400 HPs, pode parecer insignificante, mas foi o começo da agricultura mecanizada na família. E, naquela época, o trator não servia apenas para o campo, pois aos domingos cada sócio o usava como meio de transporte para passeios e visitas.

Com 70 anos, Sadi mantém a fé e a perseverança como pilares de sua trajetória. Para ele, cada semente plantada representa uma vida, um futuro que deve ser cultivado com respeito e dedicação. Seu legado segue firme, enraizado na terra e no coração daqueles que continuarão seu trabalho por gerações.
 

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