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14/03/16 às 09:51

População pede impeachment de Dilma na maior manifestação da História

Na maior manifestação da história do País, milhões de brasileiros foram às ruas ontem, em pelo menos 239 cidades nas cinco Regiões, pedir a saída da petista Dilma Rousseff, 68 anos, da Presidência a República. Os protestos também tiveram como alvo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fundador e principal líder do PT, investigado pela Operação Lava Jato e pelo Ministério Público de São Paulo.Os manifestantes se dividiram entre o apoio ao impeachment de Dilma, em tramitação da Câmara dos Deputados, a cassação do mandato dela pela Justiça, sob análise do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e a pressão pela renúncia da petista do cargo que ela ocupa desde janeiro de 2011 e para o qual foi reeleita em 2014 com 51,64% dos votos no segundo turno.
A enorme adesão às manifestações, convocadas majoritariamente por grupos como o Vem Pra Rua e o Movimento Brasil Livre (MBL) praticamente enterrou o discurso governista e petista de que o País estava dividido. À noite, após o fim dos protestos, o Palácio do Planalto divulgou nota em nome da presidente Dilma Rousseff na qual afirma que "a liberdade de manifestação é própria das democracias e por todos deve ser respeitada", diz trecho do texto assinado pela secretaria de Imprensa da Presidência. A nota é de Dilma comprova uma inflexão do governo em relação ao protesto de março de 2015, quando o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, criticou os atos e disse que eles eram de "eleitores que não votaram em Dilma Rousseff".

De acordo com institutos de pesquisa, Polícia Militar e historiadores consultados pela Estado, os atos públicos de ontem superaram em adesão as manifestações das Diretas Já (movimento pelo fim da ditadura no entre 1983 1984) e do movimento conhecido como Junho de 2013 (série de protestos desencadeada pelo aumento do preço das passagens do transporte público).

A maior concentração de manifestantes ocorreu em São Paulo, assim como já havia acontecido em março do ano passado, no primeiro grande protesto contra a gestão Dilma e o PT. Apesar do tom maciçamente contrário à petista e a Lula, o governador do Estado, Geraldo Alckmin, e os senadores Aécio Neves (MG) e José Serra (SP), todos do PSDB, foram impedidos de subir em um carro de som. Os protestos tiveram forte apelo contra a corrupção, pela ética pública e pelo fim da impunidade. O juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato na primeira instância da Justiça e que autorizou o depoimento sob condução coercitiva de Lula no último dia 4, agradeceu o apoio recebido em diversos atos pelo País. Ele pediu que as autoridades e os partidos "ouçam a voz das ruas".

Os protestos ocorridos ontem em todo o País contra o governo Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT levaram cerca de 3 milhões de pessoas às ruas nos 26 Estados e no Distrito Federal, de acordo com dados colhidos nas polícias militares estaduais.

Em São Paulo, onde foi registrada a maior manifestação do País, houve divergências de números de público. Segundo a PM, 1,4 milhão de pessoas foram à Avenida Paulista ontem. Já o Datafolha, que sempre minimiza protestos do gênero, apontou público de 500 mil manifestantes. No protesto de março do passado, enquanto a PM estimou 1 milhão na Paulista, o Datafolha apontou 210 mil pessoas. 

O público recorde de 3 milhões de pessoas também não considera o protesto realizado na cidade do Rio de Janeiro. A exemplo das manifestações ocorridas no ano passado, a PM fluminense não divulgou estimativas oficiais de público. De acordo com os organizadores do ato, cerca de 1 milhão de manifestantes participaram do protesto que se concentrou na orla de Copacabana

Comparação. Outras capitais também registraram público maior que o dos protestos ocorridos no ano passado. O ato de ontem em Curitiba levou 200 mil pessoas às ruas, segundo a PM; há um ano, o público foi de 80 mil pessoas, também de acordo com dados oficiais.

Em Florianópolis, 95 pessoas participaram da manifestação ontem, ante 30 mil nos protestos de março do ano passado. Porto Alegre praticamente manteve o público de um ano atrás (100 mil) neste 13 de março (105 mil pessoas), conforme a Polícia Militar.

Também na Região Nordeste houve aumento expressivo do público registrado nos atos de ontem em comparação aos de 15 de março de 2015. Fortaleza, a capital que teve o maior público há um ano (12 mil pessoas), neste ano reuniu 80 mil manifestantes. No Recife, neste ano, a PM não divulgou estimativas oficiais, mas os organizadores dos protestos falaram em 150 mil pessoas na capital pernambucana. Há um ano, 8 mil pessoas se mobilizaram, conforme a PM.

Em Salvador também foi registrado aumento de pública. Há um ano, 10 mil pessoas se mobilizaram contra o governo Dilma; ontem, o público foi de 20 mil. O alcance dos protestos de ontem também superou o de março do ano passado, quando pelo menos 212 cidades de todo o País registraram manifestações. Neste 13 de março, ao menos 239 cidades se mobilizaram - os organizadores haviam convocado atos em mais de 400 municípios em todo o Brasil. Imprimir