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28/07/22 às 10:39 | Atualizada: 28/07/22 às 11:21

Reeducandos produzem peças de concreto em fábrica dentro da unidade prisional

O trabalho dignifica o homem.” A clássica frase do sociólogo Max Weber foi construída em um contexto diferente do atual, mas se encaixa perfeitamente no processo de ressocialização das pessoas privadas de liberdade, com a instalação de uma fábrica de artefatos de concreto dentro do Centro de Detenção Provisória de Lucas do Rio Verde.
 
A máxima de Weber vai ao encontro do tripé da reinserção social, segundo o supervisor do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e Socioeducativo de Mato Grosso (GMF/MT), desembargador Orlando Perri, que constitui a profissionalização por meio da capacitação, da educação e de condições dignas no sistema prisional.
 
Para o desembargador, sem a observação dos três aspectos não é possível falar em ressocialização. “É preciso compreender que em pouco tempo as pessoas privadas de liberdade irão voltar ao convívio social. Qual tipo de pessoa queremos encontrar lá fora? Sem estudo, trabalho e condições dignas no sistema carcerário, com certeza eles serão seres humanos muito piores do que aqueles que entraram aqui.”
 
A fábrica conta com a mão de obra de 39 reeducandos e foi instalada em 2008, dentro da unidade prisional, em parceria com a Prefeitura de Lucas do Rio Verde. Desde 2014, além da estrutura industrial do Executivo Municipal, o espaço é dividido com uma empresa privada, a partir de um termo de cooperação municipal, para produção de diferentes materiais de concretos.
 
Itens produzidos
 
Na unidade são produzidos itens como bancos de concreto, bancos de concreto com madeira, blocos de concreto, caixas de concreto, canaletas, esticadores, floreiras, meios-fios, pavers, postes de concreto, tampas e tubos.
 
Na parte relativa à prefeitura, os itens produzidos são utilizados em escolas, hospitais, praças e obras públicas do município, já na empresa privada, os produtos são disponibilizados para comercialização no mercado local.
 

Negócio lucrativo
Foto: Alair Ribeiro
Com produção de aproximadamente 70 mil peças por mês e economia de 40% na produção dos itens, em comparação à aquisição dos mesmos produtos no mercado privado, a fábrica é uma excelente opção na redução de custos ao município, gerando economia de milhões aos cofres públicos.

 
Vantagens da contratação da mão de obra carcerária
 
De acordo com o empresário da fábrica de artefatos de concreto, João Paulo dos Santos, a instalação da fábrica dentro da unidade e a experiência na contratação da mão de obra de pessoas privadas de liberdade são muito positivas, pois os trabalhadores são comprometidos e a mão de obra também é qualificada. “Eu avalio a contratação da melhor maneira possível. Começamos com quatro ou cinco reeducandos e hoje o projeto está bem grande. Não temos problema de indisciplina, não temos problema de falta e conseguimos entregar o cronograma de produção como planejado. É maravilhoso.”
 
O empresário afirma que além da questão social, da ressocialização das pessoas privadas de Liberdade, o investimento na fábrica é um excelente negócio, pois em menos de três anos foi possível recuperar o total investido. Segundo João Paulo, o faturamento bruto do negócio gira em torno de 170 mil reais mensais, com a mão de obra de apenas 11 reeducandos.

 
Parque Industrial de Lucas do Rio Verde
Foto: Alair Ribeiro
Em reunião no dia 20 de julho com o prefeito de Lucas do Rio Verde, Miguel Vaz, a equipe do GMF, liderada pelo desembargador Orlando Perri, sugeriu a criação de um parque industrial dentro do sistema carcerário. O prefeito sinalizou de forma positiva e irá estudar possíveis parcerias com o setor industrial.
 
Três empresas já demonstraram interesse na instalação de fábricas dentro do Centro de Detenção Provisória. O município de Lucas do Rio Verde conta com uma forte indústria do setor moveleiro e que se apresenta como possível parceira em futura instalação na unidade prisional.
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