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26/10/21 às 17:15 | Atualizada: 26/10/21 às 17:36

Caso Isadora - Desaparecimento completa 100 dias; mãe clama por Justiça

“São 100 dias que eu não escuto a voz da minha filha. O que estão fazendo comigo é desumano”. Entre lágrimas e muita angústia, a enfermeira cuiabana Marina Pedroso Ardevino contempla saudosa o álbum de fotos da filha mais velha, Isadora, de 8 anos. O paradeiro da menina é ocultado pelo pai, o advogado João Vitor Almeida Praeiro Alves, que mora em Bauru, no interior de São Paulo. Dois mandados de busca e apreensão já foram expedidos pela Justiça de Mato Grosso.

Em entrevista coletiva à imprensa em Cuiabá (MT) nesta terça-feira (26), Marina criticou a conduta do Judiciário mato-grossense e da Polícia Civil paulista no caso. “O juiz simplesmente sentou no meu processo e não faz absolutamente nada. A delegacia em Bauru ouviu o pai e a avó da minha filha e não fizeram nada. Estou aqui pedindo socorro por meio da imprensa para que alguém faça alguma coisa por mim e pela minha família”.

A cada dia sem notícias da filha, sem qualquer informação sobre a integridade física da menor, mais dor e ansiedade. Marina conta que o filho mais novo, de 4 anos, pede para falar com a irmã todas as noites, antes de dormir. Isadora foi passar o recesso escolar com o pai em Bauru, porém, João Vitor não a devolveu na data acordada, 18 de julho. O pai contaria com o apoio da mãe, a empresária Lilian Almeida, e da avó, Nilda Soares, para ocultar a menina. Nilda foi vista num hotel com a bisneta em 26 de setembro, na cidade de Ourinhos (SP).

“A minha filha não está com o pai e não está com a avó paterna. Então, ela está com quem? Foi aberto um inquérito em Bauru, foram feitas as oitivas do João Vitor e da Lilian e em momento algum a delegada pediu para ver a minha filha. Ela chegou a desacatar a polícia e nada! É revoltante tudo isto que estou passando”.


 
Mentiras e ameaças – Por trás do desaparecimento de Isadora, uma mecânica perversa na tentativa de desconstruir a reputação da mãe, Marina. O ex-companheiro chegou a mover um processo contra ela e em dois episódios anteriores, a mãe da menina precisou se valer de pedidos judiciais para que a criança fosse devolvida. “Nunca toquei um dedo na minha filha. Isadora é amada, cuidada. Sou uma mãe dedicada, faço tudo pelos meus filhos. Ele entrou com um processo contra mim em 2016, dizendo que ela sofria maus-tratos, mas fez isso porque eu precisei entrar com medida protetiva contra ele antes. Ele quis entrar em um acordo comigo depois que ele entrou com o processo. Que pai faria isso se existisse algo de errado com a filha?”.

A enfermeira afirma que sofre perseguições por parte de João Vitor e da mãe dele desde quando a menina era recém-nascida. “Precisei entrar com medida protetiva porque sofria violência psicológica. Ele colocava o dedo na minha cara e falava: Se alguém pegar a minha filha no colo, você vai ver, vou fazer o maior barraco. Nada vai acontecer comigo, porque sou filho de defensor público”. João Vitor foi criado pelo padrasto, o defensor público de Mato Grosso Air Praeiro.

Pai ausente – O histórico de conduta como pai também é passível de outros questionamentos, tanto no passado quanto agora. Marina revela que João Vitor não pagava pensão alimentícia há quase um ano: um salário mínimo mensal, valor que sequer custearia a mensalidade escolar da criança. Há pelo um mês não há registros de acesso de Isadora a aulas online (ela está em plena fase de alfabetização, na 1ª série do Ensino Fundamental, e antes frequentava aulas em regime presencial, em Cuiabá). Quando em férias, a criança acabava por ficar com a avó no interior de São Paulo– e não no convívio da casa do pai, que se casou e tem outra filha.

Para resgatar Isadora, a mãe entrou com um processo na 5ª Vara Especializada de Família e Sucessões da Comarca de Cuiabá. Isadora já está oficialmente inclusa no Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes Desaparecidos. “Tudo o que estou falando, consigo provar. A minha filha não está indo à escola, ela não está entregando as atividades. Minha filha está com quem? Eu quero Justiça e vou atrás de tudo para conseguir a minha filha de volta”. 

Uma audiência está marcada para o dia 8 de novembro, com a presença da criança e do pai, em Cuiabá. Em paralelo, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Seccional Mato Grosso (OAB-MT) foi acionada pela defesa de Marina, para que apure conduta e atos de João Vitor. 


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