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23/03/21 às 21:31

Aluno publica artigo internacional sobre aquecimento global e colapso de árvores na Amazônia

O artigo científico, Trees at the Amazonia-Cerrado transition are approaching high temperature thresholds, em português "Árvores na transição Amazônia-Cerrado estão se aproximando de limiares de alta temperatura", conquistou reconhecimento internacional ao ser publicado em versão impressa neste mês na revista científica Environmental Research Letters, pelo biólogo e mestre da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Igor Araújo. Esta semana o artigo também atingiu a marca de mais acessado no site da revista. 

Em seu artigo, Igor revelou pela primeira vez que as florestas tropicais podem se tornar cada vez mais semelhantes às savanas no futuro. Segundo o autor, a maioria das árvores que crescem na transição Amazônia-Cerrado, maior transição entre biomas do planeta, podem não resistir às altas temperaturas em um mundo 2,5 °C mais quente.
 
Este artigo foi resultado de sua dissertação de mestrado, sob orientação da professora Beatriz Marimon e co-orientação do professor Emanuel Gloor (Universidade de Leeds), no Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação (PPGEC) da Unemat, em Nova Xavantina. Igor atualmente é aluno de doutorado do mesmo programa, agora sob a orientação do professor David Galbraith (Universidade de Leeds).

“A perda de folhas pelas árvores chamadas decíduas, especialmente no período seco, é uma defesa contra o estresse do calor, uma característica de indivíduos que crescem em savanas, mas não em florestas. Descobrimos que há uma tendência destas árvores mais comuns em savanas e na transição das savanas com as florestas em substituir as espécies de árvores de florestas nas regiões no sul da Amazônia”, revela Igor.



A pesquisa desenvolvida por pesquisadores da Unemat em parceria com duas universidades do Reino Unido é a primeira a relatar a margem de segurança térmica e temperatura máxima das folhas para árvores com ampla distribuição na zona de transição Cerrado-Amazônia no Brasil, uma região que está sofrendo rapidamente com o aquecimento global nas últimas décadas. Além disso, a região experimentou grandes taxas de desmatamento e conversão da vegetação nativa em pastagens e lavouras.

Segundo Beatriz Marimon é muito importante formar e qualificar pesquisadores locais, uma vez que existem grandes valores desconhecidos na região com grande potencial para se tornarem grandes cientistas. Estes alunos, nascidos e criados na própria Amazônia e Cerrado, podem melhor compreender a ajudar na solução dos problemas locais. Manuel Gloor  sustenta que estes alunos podem ser grandes protagonistas do processo de crescimento da ciência para compreensão das mudanças climáticas e seus efeitos na floresta. Esta ideia é compartilhada também por David Galbraith. Segundo Galbraith, a Unemat desempenha um papel fundamental para o avanço da ciência na fronteira do conhecimento da ecologia na Amazônia.
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