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15/07/20 às 11:59

Desemprego em Mato Grosso - Sem posição do governo sobre incentivos fiscais, Grupo Petrópolis vai demitir mais

Não ter sido contemplado novamente no programa de incentivos fiscais do governo de Mato Grosso (Prodeic) fez com que o Grupo Petrópolis tivesse sua competitividade diminuída e se obrigasse a reduzir o quadro de colaboradores no Estado. Depois do desligamento de 179 pessoas, em diversas cidades e na fábrica de Rondonópolis, em maio, novas demissões deverão acontecer. A revenda de Várzea Grande, que reúne 101 profissionais, deverá ser desativada. Ainda não se sabe quantos trabalhadores, no total, serão demitidos e quantos irão trabalhar na unidade de Cuiabá, que centralizará as atividades.
 
Desde abril, o Grupo Petrópolis não conta com nenhum incentivo fiscal por parte do governo do Mato Grosso, dificultando sua permanência no estado. A perda de competitividade não ocorre apenas em relação a outros estados, mas também internamente, já que outras indústrias de cerveja contam com carga tributária menor, o que torna o tratamento dado à cervejaria desigual diante de seus concorrentes estaduais.
 
O Grupo Petrópolis decidiu iniciar operações no Mato Grosso muito por conta do  Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso (Prodeic) e pelas políticas públicas que visavam desenvolvimento regional. No entanto, por decisão judicial, a empresa teve seu incentivo anulado há cerca de quatro meses. A medida causou surpresa já que o incentivo ocorria há 10 anos sem nenhum apontamento em contrário, e a companhia vinha cumprido com todas as obrigações.
 
Após a anulação do incentivo, o Grupo Petrópolis iniciou várias tratativas junto ao governo estadual, cumprindo as condições impostas pela secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz), mas até agora não teve o incentivo retomado. Mais recentemente, obteve do governador Mauro Mendes protocolo de contra razões no agravo interno em que o Grupo pleiteava o efeito suspensivo da sentença até o julgamento da apelação.
 
“O governo de Mato Grosso tem sensibilidade a todos os segmentos econômicos, exceto à Cervejaria Petrópolis, que até o momento emprega mais de 1,3 mil pessoas no Estado. A concorrência desleal está forçando a empresa a deixar Mato Grosso. Nos próximos dias vamos unificar as operações de Várzea Grande a Cuiabá e fechar a revenda da Cidade Industrial. Isso só não irá se concretizar se tivermos o incentivo fiscal de retomado”, afirma o diretor de Controladoria do Grupo, Marcelo de Sá, ao garantir que não haverá desabastecimento.
  
Segundo o diretor, o descaso do governo do Estado e a falta de respostas da justiça levam a empresa a tomar decisões cada vez mais duras para a empresa e para os cidadãos do Estado. “O grupo corre o risco de fechar revendas, risco de não pagar salário e de inviabilizar a fábrica em Mato Grosso”, afirmou.
 
A política de incentivos fiscais é uma forma de potencializar o desenvolvimento local, gerar empregos e renda para milhares de famílias, o que vem sendo feito pela Cervejaria Petrópolis em Mato Grosso. Estudo de 2018 realizado pela Federação das Indústrias (Fiemt), endossado pelo governo estadual, aponta que o Prodeic teve impacto direto na economia e, para cada real investido, gerou R$ 1,25 ou mais de retorno para os cofres públicos.
 
Além da fábrica em Rondonópolis, o Grupo Petrópolis possui no estado outros 14 centros de distribuição próprios. Desde a inauguração, a empresa já investiu mais de R$ 600 milhões no Mato Grosso, tendo folha de pagamento superior a R$ 104 milhões anuais (salários, encargos e benefícios).  No ano passado, foram quase R$ 125 milhões em impostos (ICMS, ST, IPI, etc), R$ 36 milhões investidos em instalações, ativos e maquinário, R$ 10 milhões gastos somente com combustível e mais de R$ 72 milhões na contratação de frete terceirizado no Mato Grosso. 
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