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03/08/18 às 22:08

Por que a China comanda a explosão do e-commerce global

O mercado de e-commerce chinês continua a ver crescimentos de dois dígitos ano após ano. O chamado “Double 11”, também conhecido como “Single's Day”, celebrado em 11 de novembro do ano passado e um dos feriados mais populares do calendário do país, foi um exemplo de como o consumo na China está melhorando digitalmente.
 
Só uma única plataforma de e-commerce viu suas vendas crescerem 39% em comparação com a mesma data de 2016, sugerindo que os consumidores chineses estão confiantes nos seus gastos e que o consumo vai continuar crescendo.
 
A economia chinesa continua a se expandir continuamente assim como acabou 2017, com uma taxa de 6,8%, de acordo com o National Bureau of Statistics (NBS), órgão do Estado chinês. Em linha com o momento positivo, a consultoria internacional Nielsen viu a taxa de confiança do consumidor no país alcançar uma alta histórica de 114 pontos no terceiro e no quarto trimestres do ano passado, uma alta de dois pontos em relação ao segundo trimestre de 2017 e seis pontos em relação ao quarto trimestre de 2016.
 
As taxas acima ou abaixo dos 100 pontos representam, respectivamente, confiança positiva ou negativa do consumidor. O crescimento desse dado se junta ao aumento de 7,5% da renda disponível, segundo o NBS, o que significa que os consumidores estão mais confiantes e a demanda do consumo deve continuar estável.
 
"Os consumidores chineses estão gastando 43% mais comparado com cinco anos atrás. É mais do que os 24% de crescimento nos EUA e 33% a nível global", diz um relatório de janeiro deste ano do Banco Mundial.
 
Os dados da Nielsen, compilados a partir do consumo de 34 categorias de bens de rápido deslocamento, mostram que a média dos doze meses até novembro de 2017 era de crescimento de 27% de vendas online em relação ao ano anterior, enquanto as vendas offline aumentaram somente 6% no mesmo período. A consultoria ainda afirmou em um estudo de dezembro de 2016 que o volume de empresas lançando produtos na internet alcançou mais de 45% do total do varejo chinês.
 
"Não há dúvidas que o e-commerce chinês está em uma trajetória de crescimento", diz o Banco Mundial. Nessa linha, a Nielsen recentemente publicou outro relatório identificando cinco tendências-chave que ajudam a entender o desenvolvimento do mercado online na China e que serão essenciais para os negócios neste ano.
 
A primeira é a criação de mais festivais de compras e de temas que desprendem o desejo do consumo. Os dados da consultoria mostram que, antes do “Double 11” de 2017, 79% dos consumidores disseram que planejavam participar do feriado comprando algo. A plataforma Alibaba arrecadou US$ 168 bilhões na data - 39% a mais do que em 2016. Para os analistas, o feriado de novembro é uma oportunidade não apenas para marcas locais, mas também para empresas estrangeiras alavancarem o entusiasmo coletivo por compras entre os consumidores chineses.
 
A segunda tendência é a atualização do próprio consumo, que está sendo desencadeada por duas tendências: o aumento da renda dos chineses, o que os torna mais confiantes em ir às compras - e que aquece os setores de alimentação, cosméticos e roupas -, e o crescimento de uma classe média que demanda bens não disponíveis no mercado interno. Nesse sentido, as plataformas de e-commerce internacionais são facilmente acessíveis e estão aumentando sua popularidade no país asiático, algo novo para um mercado que até a década passada estava fechado para as investidas de fora.
 
De acordo com a Nielsen, a proporção de consumidores que recentemente fez uma compra em uma plataforma de e-commerce estrangeira alcançou 67% em 2017, comparando com apenas 34% em 2016. Os bens importados são reconhecidos na China por sua qualidade, valor e segurança, assim como pelo design.
 
A terceira tendência é uma confluência entre mercados offline e online ao invés de competição entre eles. O termo "novo varejo" (new retail) foi cunhado pelo empresário chinês Jack Ma em 2016 e se tornou um conceito amplamente difundido para entender a China consumidora de hoje. Ele se refere, sobretudo, à integração entre elementos do varejo online e offline, incluindo produtos, serviços, big data, marketing e administração das vendas.
 
Para o Banco Mundial, essa estratégia está sendo dirigida pelo setor online, como mostra o recente investimento de US$ 2,9 bilhões da plataforma Alibaba na rede de varejo local Sun Art.
 
A quarta tendência observada pela consultoria internacional é a popularização do pagamento digital, especialmente entre camadas mais jovens. Com o aumento da renda média e da confiança dos consumidores no mercado, além da existência de crédito para o consumo, os chineses estão se permitindo gastar mais na internet. Como a experiência do pagamento online é menos burocrática e mais rápida, atrai um número substancial de pessoas.
 
Além disso, o cartão de crédito dirigiu a demanda pelo pagamento online e permitiu aos chineses comprarem produtos em mercados externos, como o dos Estados Unidos. Na China, esse tipo de crédito era raramente utilizado até a década passada.
 
Por fim, o fenômeno das interações em redes sociais está se tornando cada vez mais comum em um país com uma das plataformas mais "populosas" do mundo, o Weibo (340 milhões de contas ativas), e que permite a troca e o compartilhamento de experiências sobre produtos. Aliada à taxa de crescimento das vendas de smartphones, a importância desse trabalho aumentou estrondosamente na China.
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