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08/07/18 às 18:22

Naturalismo e arte urbana se fundem em exposição que explora os sentidos

A reinterpretação de espaços urbanos se mistura à reverencia feita a ancestralidade na exposição Fluido, mostra que urge por homenagear a cultura regional, e como bem observado pela assessoria do evento, sem deixar de dar voz às questões sociais. Instalada no Sesc Casa do Artesão, a Fluido é coletiva, e reúne trabalhos de três artistas:  Nadja Lammel, com sua tipografia única, Babu, um dos mais experientes grafiteiros de MT e Gorá, conhecido pela sensibilidade mordaz impressa em seus trabalhos.

Ao chegar à exposição, o espaço levará o visitante naturalmente por um passeio pelo recinto que lhe coloca em frente a coleção Territórios, de Nadja Lammel. Composto por três quadros e duas instalações que se intercalam, os quadros, primeiro, chamam a atenção pela interação com a parede ao fundo, e pelas quentes e fortes cores.

Uma segunda observação já te permite compreender como uma artista enxerga, num contexto social latino americano, incorporando a essa cultura alguns elementos europeus e asiáticos, e também absorvendo a visualidade africana na América, a vivência racial de um estado com território tão vasto como o mato-grossense. E talvez seja essa a necessidade que temos das obras de Lammel: ver algo regional, mas que também é africano e asiático, e que por isso é universal.

O propósito de buscar novas narrativas urbanas, e contar a importância da natureza para a sobrevivência do homem, pula das telas da mato-grossense de sobrenome alemão em forma de semente de guaraná e de padrões que remetem ao artesanato indígena.

Uma tipografia intrigante e retratos encenando performances faciais são alguns dos temas que esta artista utiliza na criação de sentidos que provocam uma análise sem filtros dos espaços urbanos que nos rodeiam. Um deleite para os olhos e sentidos outros, sua obra apresenta um conjunto de diferentes movimentos, estilos, vanguardas e técnicas, de forma que fazem transbordar cores e sabores da imaginação.

Em sua 8ª exposição - a quarta coletiva -, Nadja parece ter alcançado um nível de amadurecimento profissional satisfatório, criando uma relação que verte conforto e bonança aos sentidos do espectador.

“Desde que ela começou com o graffiti, com as pinturas feita nas ruas, até agora, momento em que seu trabalho está sendo exposto em galerias, suas criações dialogam com diversos mundos e culturas, e talvez seja isso que faz com que cada pessoa interaja com a pintura dela”, diz Guilherme Chaves, empresário e companheiro da artista.

BABU e GORÁ

Um dos pioneiros em Mato Grosso em levar a street art para as galerias, Babu já participou de projetos de intervenção urbana em várias cidades do Brasil. Seu trabalho hoje brinca com o naturalismo, mostrando a importância de suas vivências, que o transformaram nesse indivíduo-artista, que tem sua arte sempre determinada pelo ambiente e pela hereditariedade. Nela é possível verificar elementos da arte moderna que conversam com considerações de ordem filosófica, e o tipo de material e técnicas usados em suas novas pinturas mostram o caráter performático e inovador de seu trabalho.

Já Gorá tem uma puxada mais darkzera, mais asfalto, lágrimas e cigarros fumados aos montes. Suas leituras do espaço urbano mostram a realidade como ela é: nua e crua, mas com um colorido infantil que ameniza, como um ópio, a dor de viver numa selva de pedra. Os problemas sociais, como moradores de rua, destruição do meio ambiente e corrupção pululam em sua obra.
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