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26/02/18 às 14:18 | Atualizada: 26/02/18 às 14:29

Nova Xavantina - 'Quem não ler na cartilha, eu sinto muito, vai perder o emprego', diz Cebola em entrevista

O NX1 conseguiu uma entrevista exclusiva com o prefeito de Nova Xavantina, João Batsta Vaz – Cebola. Em um bate papo agradável, o gestor disse dos desafios e das decepções. Cebola disse como está gerindo o dinheiro público e afirmou que tem meia dúzia que está querendo atrapalhar sua administração.

Veja entrevista completa:

NX1 - A sua história de vida, homem público, ela é bastante interessante. O que te levou a ingressar na carreira política?
CEBOLA - Eu venho de uma família muito pobre, muito humilde. Nasci na cidade de Córrego do Ouro – GO. Em 1.973, ainda criança, na companhia dos meus Pais Angélica e Jonas (já falecidos), vim para Nova Xavantina que na época era um pequeno distrito de Barra do Garças. Estudei grande parte da minha vida na escola pública JK, aqui mesmo em Nova Xavantina, ao qual iniciei minha militância política estudantil, em grêmios e grupos de jovens. Projetei minha vida pública no movimento estudantil secundarista, eu mesmo tracei minha vida pública, eu não vim de família rica, nem de família tradicional da política como muitos, ou o pai foi prefeito ou vereador, eu mesmo é que trilhei sozinho com muita luta minha vida publica. Concluí o 2º grau nos anos 80; Fui vereador, presidente da câmara. Depois, já casado com a dona Édina, com quem tive um filho – Vinícius, em 2008; com muita luta e sacrifício formei em direito pela Faculdade Cathderal de Barra do Garças.

NX1 - Você foi vereador, eu gostaria de saber o seguinte, essa sua vivência parlamentar contribuiu pra sua gestão como administrador?
CEBOLA - Com certeza. Eu fui vereador, fui presidente da câmara fiz uma gestão assim muito parecida com a que estou fazendo agora, uma gestão muito democrática, muito participativa onde a população podia discutir e participar.

NX1 - Você governa um dos mais importantes município do Vale do Araguaia. Um município conhecido no estado, pela religiosidade, turismo e misticismo; como é governar uma cidade como a nossa?
CEBOLA - Governar qualquer município na atualidade é um desafio muito grande; mas, governar um município que a gente ama, que a gente tem um carinho, que a gente praticamente nasceu, cresceu e viveu; da um entusiasmo maior. Eu amo a minha cidade. Quero o bem da minha cidade, e isso faz com que eu tenha a vocação de ser um bom prefeito. E para ser um bom prefeito, preciso ser gestor e esquecer da individualidade e pensar na coletividade. O gestor tem que ser “punho de ferro”.

NX1 - Isso não contraria alguns interesses dos partidos que lhe apoiaram e te deram a candidatura única?
CEBOLA - Claro que sim, quando você administra, cada um tem a sua vontade na prefeitura, alguns não tem a vontade de fazer a coisa certa, alguns querem crescer com a máquina pública.  É natural de todo governo, e os maiores desafios do prefeito é saber fazer esse enfrentamento com os próprios correligionários que o ajudaram a chegar na prefeitura; porque, cada um quer uma coisa diferente.  Mas, a primeira coisa que um prefeito tem que fazer quando chega ao poder, é fazer o enfrentamento com os querem fazer da prefeitura um meio de ganhar a vida. Ou você governar para meia dúzia ou governador para o povo. E eu, vou governar para todos.

NX1 - Você já tinha essa visão quando você entrou na prefeitura ou você foi criando isso com o tempo, foi adquirindo essa experiência?
CEBOLA - Eu entrei com essa visão. Como vice-prefeito do Gercino, eu pude ver como funcionava o ciclo do poder. O prefeito pra governar bem, tem que romper com os vícios políticos. O vícios daqueles que querem que o prefeito ganha para mamar nas tetas da prefeitura. Os vícios daqueles que não querem ganhar pouco e querem receber da prefeitura ficando em casa  sem trabalhar. Os vícios daqueles que querem colocar um parente para trabalhar na prefeitura e encher a máquina pública sem necessidade. Então o prefeito pra governar bem tem que quebrar esses vícios e tem que governar com o punho de ferro. Tem que governar dizendo: ‘vai licitar ? Vai’, ‘vai comprar de quem?’, ‘vai comprar na mão de quem tem o melhor preço’. Nada de comprar de amigo ou de quem te apoiou. A prefeitura compra de quem tem o melhor preço. Então, se o prefeito não tiver essa visão, não governa e não administra.

NX1 - Diante de todos esse problemas que nós estamos passando, você fechou o ano com mais de 1 milhão em caixa?
CEBOLA – Sim. Por quê? Porque pra comprar na prefeitura, tem que passar por mim. Ninguém compra um real sem eu saber. Eu quero saber o que vai comprar, pra onde vai, e onde vai ser usado. Estou de olho em tudo.

NX1 - A gestão centralizada não atrasa o andamento dos trabalhos da prefeitura?
CEBOLA - Tem muita gente que pensa que o dinheiro público não tem dono. Infelizmente, alguns funcionários acham que o dinheiro do povo é pra ser desviado e para enriquecer ilicitamente.  Se não tiver alguém pra centralizar, fiscalizar e para dizer que o dinheiro tem dono, eles fazem farra com o dinheiro público. Se não tiver um governante pra centralizar, dizer onde compra, como compra, ter o controle, não vai a lugar nenhum.

NX1 – O senhor acha correto fazer isso? Acha que vai dar certo?
CEBOLA – É correto e está dando certo. O prefeito tem que ser o gerente, igual administrar uma empresa. Quem trabalha tem que ter horário pra trabalhar, se não trabalhar tem que ter o ponto cortado, tem que ter o desconto na folha no final do mês. Os secretários têm que ter limites. O secretário tem que despachar com o prefeito, o prefeito que tem que dizer onde gasta o dinheiro, não o secretário que tem autonomia, ninguém tem autonomia de comprar um parafuso sem o meu consentimento, ninguém tem autorização, tem que sentar comigo, tem que despachar comigo, dai é que a gente vê as ações que serão feitas.

NX1 – Você conseguirá colocar em prática seu plano de governo?
CEBOLA - Eu fico muito feliz, por que meu plano de governo foi objetivo: transformar Nova Xavantina. E acredito que estou no caminho certo. É obvio que em toda gestão tem as suas falhas por que nos somos humanos, não existe governo perfeito, perfeito só é Deus; mas, existem governos que mais acertam do que erram; e, com toda humildade, nosso governo mais acertou do que errou. A gestão não é para o prefeito, é para o povo. Você tem que pensar no povo. É uma gestão pensada em todos. Estamos no caminho certo. Eu quero e eu vou transformar nossa cidade.

NX1 -Tem prefeito que diz que o dinheiro da prefeitura não dá pra nada. É assim mesmo?
CEBOLA – Não é bem assim. O dinheiro não é muito; mas dá para fazer muita coisa. Quando não dá, é por que o prefeito quer agradar a classe política, dando emprego para muita gente, transformando a prefeitura em cabide de emprego. Tem cidade que cada secretário tem um celular bancado pela prefeitura. Aqui não. Aqui cada um tem que ter o seu. A prefeitura não tem dinheiro para bancar celular pra ninguém, nem pra mim.

NX1 – Prefeito Cebola, o senhor quer ficar registrado na história como o prefeito “punho de ferro”?
CEBOLA - Eu não quero ser uma pessoa ruim e nem carrasco. Quero ser um gestor linha dura. Graças a Deus, a grande maioria dos funcionários da prefeitura estão de mãos dadas com o prefeito. Outros ainda vão ter que aprender a entrar na linha. Por bem ou por mal, vão aprender que aqui na prefeitura é lugar de trabalhar e atender bem a população. Quem não ler na cartilha, eu sinto muito, vai perder o emprego. A transformação começará de dentro da Prefeitura para fora. Estou colocando a casa em ordem e depois vamos revolucionar nosso município e deixar nossa cidade a mais bonita do estado de Mato Grosso. Mas, para isso, vou precisar da colaboração de todos. Uma pequena minoria do povo da nossa cidade está jogando contra o nosso município. Mas, quero deixar um aviso: Se você não quiser colaborar para deixar nossa cidade melhor, mude-se. A grande maioria do nosso povo, ama Nova Xavantina. E uma meia dúzia que não ama, fica querendo atrapalhar. ‘Ta’ na hora da gente mudar a história de nosso município e começar a escrever uma nova história.

NX1 – Por fim, recentemente, o senhor foi duramente criticado pelo vereador Valterí Araújo na câmara. O que o senhor tem a dizer sobre as acusações do vereador?
CEBOLA – Eu respeito o vereador Valtinho; no entanto, ele está querendo fazer picuinhas políticas. Sabemos que ouve uma denúncia da merenda escolar, onde o responsável na época foi demitido e o dinheiro devolvido; sabemos do caso da saúde, onde eu demiti um secretário na época. São casos isolados que eu mesmo pedi para abrir o procedimento investigatório. Disso eu não tenho medo. Tenho medo dessa picuinha política que pode atrapalhar o trabalho sério que estamos fazendo. E, é uma pena, ver um vereador raivoso, subir em uma tribuna para difamar o prefeito apenas porque foi recolocado em seu cargo ao qual foi aprovado em concurso. O Valtinho ficou sempre a disposição do Turismo, e agora, recolocamos ele de volta ao cargo que ele é concursado; que é vigia. Ele não gostou, porque ninguém ia gostar de sair da mamata para passar a noite de vigia. Eu entendo ele; mas estou cumprindo a lei e não vou deixar isso acontecer só porque ele é vereador. Pau que dá em Chico, também dá em Francisco.

NX1 – O senhor está insatisfeito com alguma coisa? Se arrependeu de ser prefeito?
CEBOLA – Estou satisfeito. Só queria estar podendo fazer muito mais; entretanto, o dinheiro é pouco; Não me arrependi de ser prefeito; mas, tem dia que me bate um desanimo total. Passo o dia todo trabalhando, correndo atrás das coisas para nossa cidade e quando chego em casa, vejo comentários maldosos, desanimadores no Facebook que dá vontade de largar tudo e cuidar da minha vida. As pessoas não sabe esperar e querem que eu resolvo problema de 40 anos em 4 dias. É complicado; no entanto, vamos continuar lutando para que possamos fazer da nossa cidade, a mais linda do Brasil; pois, quem ama cuida; e, eu amo!
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