Um grupo de quase 50 indígenas participou, esta terça-feira (01/09), de reunião com o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), João Pedro Gonçalves da Costa, em Brasília, com intuito de obter o licenciamento ambiental que permite o cultivo agrícola nos territórios dos povos Paresi, Nambikwara e Manoki, em Mato Grosso.
No encontro, os índios conseguiram apoio de Costa, que confirmou presença em reunião, no próximo dia 9, na qual o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) deve dar o encaminhamento final sobre a questão. Na ocasião, estarão presentes o presidente da Funai, a presidente do Ibama, Marilene de Oliveira Ramos, e lideranças indígenas.
“Esta é uma questão indígena muito importante para ser discutida”, afirma o deputado Adilton Sachetti (PSB-MT). “Quando levantamos a questão sobre a PEC 215, é importante tirarmos a ideologia da discussão e buscarmos solução para a vida dos índios. Por isso, é muito pertinente essa discussão”, diz o parlamentar.
“Os índios querem oportunidade para trabalhar e explorar uma parte ínfima de um território com mais de 3 milhões de hectares. Eles querem dar uma melhor condição de vida para seus filhos e, muitas vezes, são impedidos por causa da burocracia da lei”, acrescenta Sachetti.
O coordenador da atividade produtiva da Associação Waymare, Arnaldo Zunizakae, explica que a área cultivável total chega a 19 mil hectares. “Este é um pleito que já dura 11 anos. Temos hoje uma produção boa, de cerca de 60 sacas de soja por hectar. Cerca de 30% da terra é plantado com equipamento e pessoal próprio”, assinala.
“Mas a nossa ideia, após obtermos o licenciamento, é buscar financiamento junto ao governo e aos fazendeiros para expandirmos a produção. Esperamos que, em até três anos, tenhamos a preparação necessária para explorar a totalidade do território”, acrescenta Zunizakae.
O coordenador-geral de Promoção ao Etnodesenvolvimento da Funai, Juan Felipe Scalia, sublinha que o objetivo do pleito “não é transformar o território indígena em latifúndio”. “A mão de obra indígena começou a atuar em fazendas fora da área deles e, agora, aplicam este conhecimento dentro do seu território. São gerentes de fazenda”, diz Scalia.
“Os índios querem ser donos dos meios de produção. Não é que a terra toda vai virar lavoura. Mas eles precisam se apropriar dos meios de produção. É a lavoura que sustenta esse plano de vida deles”, conclui o coordenador da Funai.