Imprimir

Imprimir Notícia

18/12/17 às 23:53

Como são as instituições que oferecem ensino a distância no Brasil?

Em outubro deste ano, a Associação Brasileira de Ensino a Distância (Abed) publicou seu relatório anual sobre ensino a distância no Brasil, revelando o perfil das instituições que oferecem esse tipo de educação atualmente no país. Segundo os dados da entidade, a maioria delas se localiza no Sudeste, são privadas, se amparam em cursos de graduação e pós e se preocupam com inovação e estrutura tecnológica.
 
A maioria das instituições do relatório, que é publicado desde 2010, está localizada no Sudeste do Brasil, com uma média de 42% de representação. Houve uma queda em 2013, para 40%, e em 2016, para 37%. Segundo o censo do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) de 2015, a região Sudeste concentra 42% das instituições que ofertam EAD.
 
Já na região Sul, a média histórica é de 23%, e em 2016 houve um crescimento na participação, passando aos 27%. Segundo o censo do Inep de 2015, a região Sul abriga 24% das instituições. No Centro-Oeste, a média é de 13%, com uma representação menor em 2016, de 11%. Já para o Inep, a região tem 7% de participação. A região Norte, que em 2010 representava 3%, em 2016 passou para 7%, ficando muito perto do reportado pelo Inep, que é de 6%.
 
O Nordeste também teve um leve crescimento nos últimos dois anos, passando de uma média de 16% para 18%. Para o Inep, o Nordeste concentra 21% das instituições. Assim, o relatório mostra que as regiões Sul e Sudeste concentram 64% das instituições da Abed. Já para o censo do Inep, a representação é praticamente equivalente, com 66%.
 
Os dados da entidade também mostram que, nos últimos três anos (2014 a 2016), 65% das instituições que ofereciam cursos de ensino a distância no Brasil eram privadas, sendo 35% públicas. Já a proporção de instituições públicas e privadas segundo o censo do Inep é de 44% e 56%, respectivamente. Pelo relatório, houve um crescimento da oferta de EAD em instituições privadas entre 2011 e 2015, representando um adicional de 51%.
 
Entre os dez cursos mais procurados - que correspondem a praticamente 75% das matrículas totais -, somente Pedagogia representa 25%, seguido por Administração, com 13,7%; Serviço Social, com 7,4%; Ciências Contábeis, com 7,2%; Gestão de Recursos Humanos, com 6,9%; e Educação Física, com 3,5%.
 
Desafios
"Com o passar do tempo, os pontos de atenção considerados desafios e obstáculos para a EAD foram tomando outras dimensões", conta Janes Tomelin, diretor acadêmico nacional da EAD Laureate. Parte disso se expressou com o crescimento da evasão de alunos das instituições entre 2010 e 2014, que fez com que elas buscassem novas maneiras de atrair os estudantes. Assim, em 2015 a inovação tecnológica e a infraestrutura assumiram o topo das preocupações.
 
No relatório do ano passado publicado em outubro, as instituições de ensino afirmaram que o principal desafio hoje é a inovação em abordagens pedagógicas. "A maioria das instituições de ensino superior que atuam em EAD estão percebendo que as modelagens tradicionais não atraem mais os alunos. Assim, buscam empresas especializadas em tecnologia educacional para auxiliá-las na oferta de cursos com qualidade pedagógica e tecnológica", explica a consultora educacional Margarete Lazzaris.
 
“Essa preocupação é importante, na medida em que revela o comprometimento das instituições com a qualidade do ensino que oferecem. Portanto, a tendência é de uma educação a distância consolidada, que pesquisa e utiliza novas tecnologias, que aplica novas metodologias e se estabelece como uma forma inovadora de aprender”, concorda Tomelin.
 
Crescimento
Segundo dados do Ministério da Educação (MEC), o ensino a distância é a modalidade que mais cresce no país, com aumento de 49.911 alunos (2003) para 1.153.572 (2013). Apesar de a pesquisa ser focada no ensino superior, cursos técnicos representam uma opção para quem precisa se profissionalizar e entrar no mercado de trabalho com maior velocidade.
 
Muitas mudanças ocorreram nos últimos anos para impulsionar esse número, com as instituições particulares à frente da oferta de vagas. Uma das principais transformações foi o Decreto nº 5.622, de 2005, que reconheceu o EAD em todo o país e deu início ao processo que seria reconhecido pelo MEC no ano seguinte.
 
Entretanto, a maior parte das instituições oferece vagas nessa modalidade há menos de dez anos. Ou seja, essa é uma prática que ainda gera muita discussão entre os profissionais da área, visando as melhores formas de apreensão dos conteúdos e das avaliações.
 
"Sem dúvida, o crescimento do segmento de cursos a distância acompanha as mudanças nos desafios institucionais apresentados. A maturidade das instituições, a melhoria da qualidade e a percepção da sociedade sobre a modalidade são algumas das variáveis que podem ser consideradas. Assim, preocupações que antes se concentravam na evasão e na resistência das pessoas à modalidade são substituídas pela atenção nas inovações tecnológicas e pedagógicas", finaliza Tomelin.
Imprimir