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15/04/17 às 15:32 / Atualizada: 15/04/17 às 15:37

Taques, um governador em transformação

Taques deixou de lado o sisudo governador, abriu as portas do gabinete e estendeu a mão aos políticos

Eduardo Gomes - Diário de Cuiabá

Edição para ÁguaBoaNews, Clodoeste Kassu

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Taques, um governador em transformação

Governador Pedro Taques abriu as portas do Palácio Paiaguás

Foto: josé Medeiros - Gcom

Solidão do poder existe e assusta governantes. Essa situação torna-se ainda mais aguda quando o solitário chega ao cargo carregando o DNA de procurador da República linha-dura. Pedro Taques passou por isso nos dois primeiros anos de seu governo. Seu isolamento foi agravado por conta do descontrole em que se encontrava a estrutura administrativa, condição essa que o absorvia, criava embaraços para suas viagens e o fazia permanecer debruçado sobre papéis até tarde da noite, inclusive aos domingos. Não faltou quem se afastasse dele, porque ninguém poderia imaginar como reagiria às tentativas de contato. Dois anos depois de assumir o Palácio Paiaguás, Taques deixou de lado o sisudo governador, abriu as portas do gabinete, estendeu a mão aos políticos e criou espaço em sua equipe para que a classe política participasse ativamente da gestão. O que teria acontecido para que Taques tivesse tamanha mudança? Uma corrente mais moderada insiste que ele deixou de lado a tensão porque já teria botado as coisas nos trilhos. Outra, teimosa e mais detalhista, concorda com a primeira, mas acrescenta que a guinada é sinalização à candidatura à reeleição. Uma terceira minimiza a guinada; sustenta que ele é o mesmo homem, só que agora trabalhando sem pressão. Indiferente a essas especulações, Taques não as comenta enquanto cada vez mais se funde e se confunde com o universo político. Seus pronunciamentos nos lançamentos ou inauguração de obras mostram sua pluralidade: o governante exigente e detalhista que briga por qualidade, preço baixo e respeito ao cronograma, e o político habilidoso que conhece gente Mato Grosso afora e que trata a todos como seres humanos. Com um pé no canteiro de obra e o outro (quem sabe) imaginariamente no palanque, Taques toca o governo e se deixa levar pelos correligionários e aliados em busca da reeleição: não dá braçadas para chegar lá, mas não se descuida a ponto de afogar. Seu estilo de atuar caiu no agrado popular. Sua eleição em 2014 foi uma resposta popular ao quadro do poder à época. Sua recondução ao cargo em 2018 é alinhavada a muitas mãos, com vários matizes partidários. Poucos são os nomes em seu caminho – caso aceite o desafio – e dentre eles o afunilamento aponta para o senador Wellington Fagundes (PR). As apostas estão abertas. Façam o jogo.

José Pedro Gonçalves de Taques cumpriu 27 dos 48 meses de seu governo. Seria redundância apresentar balanço de sua administração, pois ao longo desse período a mídia cobriu seus atos no cotidiano. A melhor maneira de mostrá-lo é pela vertente política. Período mais apropriado para tanto, impossível. Afinal, abril é o mês de Cuiabá, cidade que comemorou 298 anos de fundação no sábado, 8. A capital é o berço do governador Taques, que passou a quebrar o protocolo nas solenidades para falar de seu amor à terra onde nasceu e que é habitada por sua família desde os primórdios de sua colonização por bandeirantes paulistas. Os Taques formam o núcleo dos pioneiros na terra mato-grossense, que antes de pertencer ao Brasil era parte do reino espanhol e que foi incorporada ao nosso país quando seu vazio demográfico passou a ser habitado por brasileiros.

Procurador da República, Taques renunciou ao cargo para concorrer e vencer a eleição ao Senado em 2010. Depois de quatro anos legislando, decidiu disputar o governo. Entrou na campanha, venceu em primeiro turno e mergulhou na função sem carregar a pecha de populista. Para alguns, ao tomar posse, ele o fez sem cheiro político, mas para outros era o verdadeiro político. Distante de tudo isso, botou sua equipe em ação. No secretariado nenhum nome político e muito menos da Assembleia Legislativa. Programas em curso foram suspensos e pagamentos, também. Um pente-fino auditava tintim por tintim as compras e prestação de serviço da administração anterior. O Paiaguás funcionava por uma espécie de música, como se fosse uma orquestra regida por Taques.

O tempo passou ensinando e ficando. Enquanto as entranhas do governo eram expostas, Taques retomava a execução de obras e o desenvolvimento de programas sociais ou não. Com um secretariado técnico, o governador levava adiante a administração. Mesmo sem representante na equipe de Taques, a Assembleia permanecia ao seu lado aprovando suas mensagens e absorvendo impactos de algumas políticas impopulares que teve que adotar. Mas com os prefeitos foi diferente e eles escolheram o ex-prefeito de Nortelândia Neurilan Fraga (PSD) para eventual enfrentamento com Taques. Neurilan, mesmo sem mandato na prefeitura, foi reeleito presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM) com a espinhosa missão de fazer contraponto ao governador – e acreditavam seus padrinhos – sem que seu município corresse risco de retaliação. Em Mato Grosso essa era a realidade no final do ano passado. Enquanto isso, junto à bancada federal e o ministro da Agricultura Blairo Maggi, Taques navegava em mar de calmaria.

A guinada de Taques rumo aos políticos começou em 2016, mas essa somente ganharia força neste ano de 2017. Com paciência beneditina e avaliando cada mexida no tabuleiro, Taques trocou secretários técnicos por políticos. Agradou caciques e partidos e arrancou sorrisos da base do poder ao escancarar aos prefeitos as portas do seu gabinete e dos órgãos à simples apresentação de um cartão magnético personalizado que dá acesso e elimina fila para o atendimento a eles.

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  • por Luis Gonzaga Domingues, em 16/04/17 às 10:56

    Eu gostaria que ele e seus comparsas do PSDB explicassem onde foi parar os 56 milhões roubados da Educação do Estado de Mato Grosso. Se fosse outro partido seria denunciado todo dia pela mídia do estado, local e do Caçu que é filiado ao PSDB.

 
 
 
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