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29/07/15 às 09:54 / Atualizada: 29/07/15 às 09:58

Sede do Incra em Cuiabá é invadida por oito “movimentos sociais”

Dissidentes do MST distribuídos em pelo menos oito movimentos diferentes reclamam da “burocracia e da falta de investimentos” do órgão federal

JOANICE DE DEUS

Diário de Cuiabá

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Sede do Incra em Cuiabá é invadida por oito “movimentos sociais”

Sede do Incra em Cuiabá é tomada: órgão federal está entrando na Justiça com pedido de reintegração

Marcado pela burocracia e pela falta de investimento nos últimos anos, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) enfrenta hoje, em Mato Grosso, protestos de pelo menos oito movimentos sociais distintos, que se dizem a favor da “luta pela terra e pela reforma agrária”.

Exemplo disso são as cerca de oito mil pessoas atualmente mobilizadas pelos mais diferentes pontos das BRs 364 e 163, e na sede do órgão federal, em Cuiabá, que são ligadas a organizações, como o “Movimento de Luta Pela Terra” (MLT), “dos Trabalhados Acampados” (MTA), “dos Trabalhadores Sem Terra” (MTS), “13 de Outubro” e Associações “União da Vitória” e “Pitomba”, entre outros. Ainda ontem, o Incra entraria com pedido de reintegração de posse do prédio do órgão, na capital.

Coordenadores do MLT e do MTA, João Batista e Benedito Correa, respectivamente, refutam o fato de que, como a reforma agrária foi tirada de pauta pelo ex-presidente Lula e, hoje, pela presidenta Dilma Rousseff, surgiram movimentos independentes, sem vínculos com o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), criado ainda na década de 80.

“Estamos todos unidos para que a reforma agrária aconteça”, afiançou João Batista. Um dos mais antigos, o MTA surgiu no início dos anos 2000, após dissidência de integrantes do MST. No Estado, o MLT tem cerca de três anos.

As lideranças rurais também pregam de forma unânime que nos últimos 12 anos nenhuma família foi assentada pelo Incra, em todo o Estado. “Temos cerca de três mil famílias para serem assentadas e outras três mil em assentamentos sem qualquer infraestrutura”, afirmou Benedito Correa, do MTA.

Exemplo dessa situação precária, segundo ele, é o Assentamento 28 de Outubro, localizado no município de Pedra Preta (240 quilômetros, ao sudeste da capital). Lá, conforme Correa, 40 famílias foram assentadas há oito anos (contrariando fala anterior, de que há 12 anos nenhuma família teria sido assentada) e, até hoje, enfrentariam problemas de acesso. “Para chegar à área tem que atravessar um rio de bote porque não tem ponte”, afirmou.

Situação semelhante enfrentam os demais integrantes dos outros movimentos. “Hoje, só existem 16% de famílias de pequenos produtores em todo o país. Esses 16% são responsáveis por 70% da alimentação dos brasileiros. Se esse percentual cair quem é que vai colocar comida na mesa da população brasileira”, garantiu João Batista.

Além da desapropriação de terras, os sem-terra cobram a substituição do superintendente em exercício do Incra, Salvador Soltério de Almeida. Por meio da assessoria de imprensa, o órgão federal informou que somente neste ano foram criados dois assentamentos no Estado. Disse também que ainda ontem a assessoria jurídica do Incra estaria entrando com pedido de reintegração de posse da sede do órgão, na capital.

 

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