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21/07/15 às 11:46

CRM diz que pedreiro pode ter 'ressuscitado' no necrotério do PS; SES investiga

KEKA WERNECK

Repórter MT

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CRM diz que pedreiro pode ter 'ressuscitado' no necrotério do PS; SES investiga

Vice-presidente do CRM de MT, Maria de Fátima Carvalho Ferreira, acha 'estranho' que ninguém tenha percebido condições vitais no doente.

Foto: Repórter MT

O Conselho Regional de Medicina (CRM) abriu sindicância nesta segunda-feira (20) para apurar a conduta dos profissionais médicos do Pronto Socorro Municipal de Cuiabá no atendimento ao pedreiro de 57 anos, tido como morto, por 1 hora, e levado ainda vivo ao necrotério, já para o funeral.
A sindicância é uma pré-apuração dos fatos, para certificação se o caso é de processo ético.

A equipe de plantão na sexta-feira (17), quando foi registrado o óbito equivocado, e que vai responder às investigações do CRM e também da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) tem 12 profissionais, que já foram inclusive afastados, sendo três médicos, seis técnicos em enfermagem e três enfermeiros. Eles ficarão afastados até que termine e apuração da SMS.

Para passar pelas mãos de tantos profissionais assim, ainda vivo, a princípio o CRM não descarta que o pedreiro tenha sofrido de um quadro chamado fenômeno de Lázaro, em que a pessoa tem quadro de morte e depois volta a ter batimentos cardíacos e sangue circulante. É um fenômeno raro.

Mas a vice-presidente do CRM de Mato Grosso, a médica Maria de Fátima Carvalho Ferreira, concorda que é uma situação estranha. “Será que ninguém percebeu que tinha condições de vida?” – indaga, explicando que os detalhes do caso, incluindo se houve negligência, serão apurados pela sindicância.
 
O que é preciso para atestar um óbito
 
1)  Verificar se as pupilas estão dilatadas e não reagentes mediante luz
2)  Ausculta de batimentos inaudíveis com o estetoscópio
3)  Fazer um eletrocardiograma
4)  Medir pulsos
5)  Verificar a respiração
 
AMPLA DEFESA
Assim que o CRM solicitar ao PS documentos comprobatórios do caso, a diretoria da unidade hospitalar terá 10 dias para responder. Mas, se o caso virar processo, a vice-presidente estima que somente dentro de 1 ano aproximadamente será dado um veredicto pelo Conselho, que tem a função de fiscalizar o exercício profissional da medicina e punir infrações ao protocolo.

Maria de Fátima afirma que o caso é delicado e que pode ser arriscado adiantar conclusões, sem a devida apuração. Para ela, é preciso ouvir as partes, inclusive a família do paciente, favorecer a ampla defesa e chegar a uma punição profissional, se for o caso.

A médica afirma que o PS é um ambiente propício ao erro, que a superlotação de paciente e a falta de condições ideais de trabalho são, na rotina, um risco constante.

Apesar deste tipo de drama, a vice-presidente do CRM afirma que se é ruim com ele, seria pior sem ele. “A gente não pode ter o PS sem funcionar, a gente tem que é que brigar por melhores condições de atendimento e para que as unidades atendam os casos que não precisam ir para lá”.
 
OS PRIMEIROS PASSOS DA SINDICÂNCIA DO CRM:
- Solicitar o prontuário médico do pedreiro Vitalino ao OS
- Dar prazo de 10 dias para a resposta
- Observar quais as pessoas envolvidas no caso através do prontuário
- Ouvir os envolvidos, inclusive os que possam estar na condição de testemunha
 
FINALIZAÇÃO DA INVESTIGAÇÃO
 
Mediante o relatório final da sindicância, uma câmara ética, formada por quatro conselheiros, irá dizer se o caso é ou não para processo.

A resposta será sim se ficar claro que há indícios de infração a artigos do Código de Ética Médica.  

O CRM destaca que, antes de mais nada, é preciso levar em conta que prolongar demais a vida de paciente terminal, como parecia ser o caso do pedreiro Vitalino, também gera sofrimento para familiares e para o próprio paciente, não sendo recomendável.

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