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26/04/16 às 09:01

A ROTA DA PROPINA - Ex-secretário entrega R$ 10 milhões a Silval dentro de banheiro no Paiaguás

César Zílio deixava o dinheiro em sacolas e envelopes à noite no Paiaguás

Cláudio Moraes - Editoria Folha Max

Edição para Agua Boa News, Clodoeste Kassu

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Em depoimento ao Ministério Pùblico Estadual no início deste mês, o ex-secretário de Administração de Mato Grosso, César Roberto Zílio, revelou que entregou R$ 10,150 milhões em dinheiro vivo nas mãos do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) entre janeiro de 2011 e agosto de 2013 de pagamentos oriundos de propina cobrada da empresa Consignum. Ao todo, a empresa pagou R$ 17,6 milhões de forma indevida ao grupo liderado pelo ex-chefe do Executivo que está preso desde setembro do ano passado em decorrência da "Operação Sodoma".

O advogado, que chegou a ser preso na segunda fase da "Operação Sodoma", deu detalhes de como fazia a entrega da fortuna ao ex-chefe do palácio Paiaguás. "Esclareceu que no mesmo dia que recebia a propina do empresário, repassava a parte correspondente a Silval, posto que era constantemente cobrado pelo então governador. E, para tanto, se dirigia ao gabinete do governador, sempre após o expediente, já no período noturno, levando o dinheiro em uma sacola ou envelope que pessoalmente deixava no banheiro do gabinete, na presença de Silval avisando-lhe textualmente o valor deixado e quem procedera ao pagamento", assinala na denúncia encaminhada pela promotora Ana Cristina Bardusco a juíza Selma Rosane Santos Arruda.

César Zílio contou aos promotores e delegados que ao assumir o comando da SAD em 2011 o ex-governador lhe chamou no gabinete no palácio Paiaguás e o orientou a cobrar propina para que o empresário Wilians Paulo Mirschur mantivesse contrato de intermediação de empréstimos para servidores públicos ativos e inativos do Estado. "O argumento é de que o empresário precisava ajudar no pagamento das dívidas da campanha eleitoral para governador de 2010. Seguindo a determinação do líder da organização criminosa, solicitou a presença do empresário na sede da SAD e, em seu gabinete, falando em nome do então governador condicionou a continuidade dos serviços executados pela Consignum ao pagamento mensal de vantagem indevida, justificando a exigência para saldar dívidas de campanha.", diz trecho da denúncia numa referência a eleição de Silval Barbosa ao palácio Paiaguás.

O ex-chefe da SAD detalhou que somente após dois encontros ficou definido que a propina chegaria até R$ 700 mil com base no faturamento mensal da Consignum. "No primeiro contato não foi fixado o valor do pagamento mensal, o que só ocorreu no segundo encontro, também realizado no gabinete de Zílio. Na conversa, ardilosamente Céar afirmou que tinha conhecimento do faturamento mensal da empresa e, pelas contas que havia efetuado, para que o seu contrato fosse aditado e mantida a prestação de serviço ao Estado deveria pagar mensalmente a importância de R$ 700 mil quando Willians, sem alternativa, apresentou a contraproposta de pagar R$ 300 mil culminando as tratativas com a fixação do valor mínimo de R$ 500 mil proporcional ao faturamento mensal e, desta forma, poderia variar entre R$ 500 mil a R$ 700 mil", revelou.

O MPE ainda destaca que os aliados de Silval buscaram "sufocar" o empresário já que o contrato estava encerrando e só poderia ser prorrogado mediante o "acordo". Também foi destacado que a Consignum não recebe diretamente do Estado e que sua remuneração é feita por bancos conforme o volume de empréstimos por parte dos servidores mês a mês.

ATÉ 40%

Já o empresário Willians Mischur assumiu que pagou a propina para que não tivesse seus negócios prejudicados em Mato Grosso e outros estados. Cézar Zílio comentou ainda que no mesmo dia que recebia a fortuna fazia a entrega para Silval que "exigia a pronta entrega do dinheiro afirmando que precisava pagar contas".

No mesmo depoimento, o ex-secretário comentou que ficava com até 40% da propina, sendo que o restante era entregue diretamente ao ex-governador. O ex-secretário ainda frisou que o ex-chefe de gabinete, Sílvio Cézar Correa, atuava "estreita vigilância no pagamento da propina" sendo que houve uma reunião entre ambos com o dono da Consignum.

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