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27/09/25 às 13:02 / Atualizada: 27/09/25 às 13:16

Indígenas reagem à presença de madeireiros e queimam maquinários usados em terra demarcada em Confresa

Invasões são registradas há mais de 20 anos no território, e se aproximam cada vez mais da comunidade. FepoiMT pede desintrusão completa na região.

Rogério Júnior, g1 MT

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Indígenas reagem à invasão em terra demarcada em MT — Foto: Arquivo pessoal

Indígenas do povo Apyãwa Tapirapé reagiram à presença de madeireiros no território Urubu Branco, em Confresa, a 1.060 km de Cuiabá, e queimaram maquinários usados na extração de madeira ilegal e até suspeita de garimpo dentro da Terra Indígena. Eles também apreenderam os suspeitos e os levaram até a delegacia. A área já está demarcada desde 1998.
 
A denúncia foi formalizada pela Unificação dos Povos Indígenas do Médio Araguaia e Xingu (Unimax) na segunda-feira (22).
 
O g1 procurou o Ministério dos Povos Indígenas, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e o Ibama, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem
 
Segundo o documento ao qual o g1 teve acesso, quatro suspeitos foram apreendidos pelos indígenas ao serem flagrados na região, na quinta-feira (18). Com eles foram encontrados armas de fogo, veículos, toras de madeira e outros materiais ligados à exploração ilegal.
 
Os indígenas afirmam que levaram os suspeitos até a delegacia, na sexta-feira (19), e eles seriam ouvidos, assim como os indígenas, e uma perícia seria feita no local. Porém, o compromisso não foi cumprido, conforme o documento.
 
A Polícia Civil, contudo, remeteu o caso ao Ministério Público Federal, à Funai e à Polícia Federal.
 
Nesse meio tempo, os suspeitos retornaram à Terra Indígena e recuperaram os bens e veículos apreendidos, o que prejudicou na preservação das provas para uma responsabilização criminal. De acordo com a denúncia, foi deixado para trás apenas um caminhão e um trator de esteira, que foi destruído pelos indígenas.
 
Questionado pelo g1, a Polícia Civil explicou que não pôde fazer a devida perícia porque os indígenas não levaram os equipamentos para comprovar o crime.
 
No local foi encontrada uma bateia de ouro, que costuma ser usado para separar a terra do ouro no garimpo, segundo a denúncia. Os indígenas apontaram ainda um possível risco com o uso de mercúrio nesta atividade e possível contaminação na água, podendo afetar os peixes e a saúde de toda a comunidade.
 
A associação pediu a completa desintrusão na área. Isso porque o povo convive com invasões no território há mais de 20 anos. No local, vivem 941 indígenas, segundo Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
 
🔍 Desintrusão é um termo usado para explicar o processo de retirada de invasores de uma terra indígena demarcada e homologada. A operação é coordenada pelo governo federal junto com outras autoridades, como PF, Ibama e Funai.
 
O estado é um dos que mais têm indígenas vivendo em territórios originários no país, sendo cerca de 45.065 indígenas, o que corresponde a 77% da população total. Esse é o maior percentual do Brasil, conforme dados do IBGE.
Indígenas reagem à invasão em terra demarcada










Fotos: Arquivo pessoal

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