Mochilas cheias, malas arrastadas pelos corredores, olhares concentrados. Na bagagem, muito mais do que códigos e vade mecuns: sonhos, dedicação e a vontade de vestir a toga e servir à sociedade como juízes e juízas de Direito. Assim começou mais uma etapa do Concurso Público para Ingresso na Carreira da Magistratura de Mato Grosso, em Cuiabá.
Vindos de diferentes Estados do Brasil, candidatos(as) enfrentam a segunda etapa do certame, que tem caráter eliminatório e classificatório. As faculdades Uniasselvi e Invest de Ciências e Tecnologia receberam centenas de participantes para as provas discursiva e prática de Sentença Cível, neste domingo (09 de fevereiro). Amanhã (10 de fevereiro) será a vez da prova prática de Sentença Criminal.
No primeiro dia, 588 candidatos compareceram aos locais de prova, enquanto 37 abstiveram-se. O concurso, organizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), prevê o preenchimento de cinco vagas para juiz substituto, com reserva para candidatos negros, pessoas com deficiência e indígenas, além da formação de cadastro de reserva. Cinco etapas estão previstas, incluindo a prova oral e a avaliação de títulos, até a nomeação dos(as) aprovados(as).
Presença institucional - O presidente do TJMT, desembargador José Zuquim Nogueira, fez questão de percorrer todas salas das duas faculdades para desejar boa prova a todos(as), acompanhado do procurador de Justiça, Antonio Sérgio Cordeiro Piedade, do advogado Stalyn Paniago Pereira, que compõem a Comissão desse concurso (junto dos desembargadores Clarice Claudino da Silva, Marcos Machado e Rui Ramos), e da coordenadora de Magistrados, Renatta Tirapelle.
O desembargador presidente do TJMT reforçou a importância do concurso para o fortalecimento do Judiciário mato-grossense. “A magistratura exige dedicação e renúncia, mas ver tantos jovens comprometidos em seguir esse caminho é inspirador. Esse concurso não beneficia apenas o Poder Judiciário de Mato Grosso, mas toda a sociedade, que contará com juízes preparados para garantir uma prestação jurisdicional eficiente”, declarou Zuquim.
O procurador de Justiça e o advogado também ressaltaram a relevância da seleção e da renovação do quadro de magistrados para garantir efetividade da Justiça. “Trazer novos profissionais, novos juízes, fortalece muito o sistema de Justiça”, apontou Piedade. “A sensibilidade do TJMT em antecipar vacâncias e renovar seus quadros o torna um tribunal de vanguarda, reconhecido nacionalmente. A OAB, sempre parceira, acompanha o certame para que nós possamos realmente atender todo jurisdicionado, toda a sociedade, naquilo que é o objetivo de todos, que é a entrega de uma prestação jurisdicional efetiva”, acrescentou Pereira.
Vocação pela Justiça - Entre os participantes, histórias de perseverança se misturam com a expectativa de um futuro promissor. Juíza leiga no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), Lívia Vital de Oliveira, decidiu tentar uma nova trajetória no TJMT. “Gosto muito de trabalhar com os jurisdicionados, entendo que estamos aqui para servir à sociedade e garantir a solução justa dos conflitos. É isso que me move e espero poder contribuir também na justiça local”.
Essa motivação refletiu o espírito de muitos outros candidatos, como Laís Trindade. Advogada e concurseira, ela também veio do Rio de Janeiro após ouvir boas referências sobre a estrutura do TJMT. “Tive uma professora que hoje é juíza aqui e sempre elogiou muito o Tribunal. Isso me motivou a fazer essa prova”, revelou.
Christiano Rios, advogado de Teixeira de Freitas (BA), escolheu Mato Grosso pela valorização da magistratura e estrutura do Poder Judiciário mato-grossense. O mesmo pensamento é compartilhado por Rafael Gondim, analista judiciário do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT), que tem prestado diversos concursos, mas enxerga nesse certame uma possibilidade real de “virada de chave” na sua atuação.
O delegado de polícia do Amazonas, Wellington Lucas Militão, compartilha desse entusiasmo. “Nosso sonho é ser juiz, e Mato Grosso nos atrai pelas condições favoráveis para a carreira.”
Já Caio Moraes e Matheus Steiger, assessores de juiz no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), viram no concurso uma oportunidade de crescimento profissional aliada à infraestrutura do Estado. “Mato Grosso tem se desenvolvido rapidamente e ainda há espaço para avançar, dada a quantidade de Comarcas”, destacou Caio. Matheus complementou. “Além disso, a troca de experiências e o espírito de grupo entre os candidatos tornam a jornada mais leve”.