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21/03/16 às 09:16 / Atualizada: 21/03/16 às 09:25

Prostitutas faturam até R$ 1 mil por dia no 0 Km em Várzea Grande

Thaiza Assunção - Midia News

Edição para Agua Boa News, Clodoeste Kassu

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Prostitutas faturam até R$ 1 mil por dia no 0 Km em Várzea Grande

O Zero Quilômetro funciona 24 horas por dia e reúne mais de 500 prostitutas e travestis

Foto: Marcus Mesquita/MidiaNews

Há dois anos, Dani Barros, de 26 anos, saiu de casa na cidade de Dourados (MS)  para se prostituir em um dos maiores “bordéis” a céu aberto de Mato Grosso, localizado em Várzea Grande.

O Zero Quilômetro, historicamente conhecido por ser uma região violenta, funciona “full time”, ou seja, 24 horas por dia e reúne dezenas de prostitutas e travestis.

O dinheiro “fácil” e “rápido” atraiu Dani Barros, que diz que chega a ganhar R$ 1 mil por dia. Os nomes utilizados nesta reportagem são fictícios, escolhidos pelas próprias personagens.

A sul-mato-grossense faz de 8 a 10 programas em uma única tarde ao custo de R$ 100 a meia hora. Ela disse que possui clientes fixos, a maioria  homens casados, que pertencem à "classe média alta", como políticos e empresários.

A família e a filha de apenas quatro anos não sabem que ela se prostitui e, por isso, prefere não divulgar seu verdadeiro nome.

À reportagem, que esteve no Zero Quilômetro durante a última semana para conhecer um pouco da vida das profissionais do sexo, Dani contou que começou a se prostituir logo depois que se separou do marido.

“As contas começaram a bater na minha porta. E, desesperada, aceitei o convite de uma amiga, ainda lá em Dourados, para fazer um programa. O dinheiro rápido atendeu às minhas necessidades e atende até hoje”, disse.

Dani trabalhou como prostituta em Mato Grosso do Sul durante seis meses. Ela saiu de lá, com a filha,  para que a sua família não descobrisse a sua escolha.

Ela afirmou ainda que vê a profissão como qualquer outra, mas que pretende sair, daqui a dois anos, quando terminar a faculdade de Educação Física.

“Antes de entrar para a prostituição eu tinha muito preconceito, como muitas pessoas ainda tem hoje. Mas depois que eu entrei, vi que não é assim. É só uma profissão, realmente. Pra mim, é uma profissão restrita até porque, quando chego na minha casa, esqueço tudo que acontece aqui, cuido da minha filha, faço janta, vou para a academia, para a faculdade, tenho uma vida normal, tranquila”, afirmou.

Questionada se já sofreu algum tipo de agressão durante um programa, Dani disse que não.  Porém, revelou que muitas mulheres e travestis que se prostituem no Zero Quilômetro já passaram por essas situações.

“Eu sou nova aqui, e graças a Deus, nunca fui maltratada por ninguém, mas conheço várias que já foram. Mas, é o que eu digo sempre: é preciso ter jogo de cintura, saber com quem vai sair”, afirmou.
O comércio de prostituição no Zero Quilômetro começou com um posto de venda de combustível, na década de 60.

O estabelecimento servia como ponto de apoio de caminhoneiros em viagem.

Hoje, 50 anos depois, os caminhoneiros foram substituídos, em sua maioria, por homens casados e até aqueles que se apresentam socialmente como heterossexuais e que, só lá, assumem a homossexualidade reprimida.

Por conta da prostituição, vários motéis e bares foram instalados na região. Durante o período em que a reportagem esteve no local, foi possível descobrir vários “mitos” e “verdades” da profissão.

Por exemplo, segundo as prostitutas, não há disputa de pontos, como a maioria pensa.

Elas garantiram não existir “cafetões”, aquelas pessoas que gerenciam a prostituição, muito embora a Polícia Militar desconfie dessa afirmação. Afirmaram ainda, não ser usuárias de drogas.

“Vício”

A travesti Thaila Borges, de 34 anos, que faz programa no Zero Quilômetro a noite, há seis anos, recebeu a reportagem na sua casa, no bairro Panorama, em Várzea Grande.

Ela disse que a vida de prostituição é um vício, como beber e fumar. No Brasil, a prostituição não é considerado um crime.

“Gosto do que faço. E mesmo se conseguir arrumar um novo emprego, não pretendo parar”, revelou. Thaila disse que descobriu seu homossexualismo aos 13 anos de idade.

“Não foi nada fácil e ainda não é, minha família não me aceita, tenho poucos amigos, faço programas para me sustentar, pagar aluguel, comida, roupas”, contou.

Ela descreve seus clientes como pertencentes à classe média alta e casados. Um programa simples, de 20 minutos, varia entre R$ 40 a R$ 50. Já um programa para casais pode chegar a R$ 200.

Existe, ainda, o programa que ela classifica como completo, cujo valor pode custar ao cliente até R$ 150. De acordo com Thaila, sua renda pessoal pode chegar a R$ 10 mil mensais.

“Atendo, em média, 15 clientes por noite e o pagamento do programa é adiantado. O motel fica por conta do cliente e, na maioria das vezes, recebo gorjeta. Se o motel custa R$ 20 ou R$ 40, alguns clientes fixos me pagam R$ 100. Recebo o programa e me deixam o troco”, relatou, aparentemente satisfeita.

O maior desafio para quem trabalha nesse ramo, segundo a travesti, é o risco à própria vida.

“Não sei quem é a pessoa com quem saio. Eu avalio pela fisionomia do cliente. Se achar que é de confiança, eu entro no carro”, explicou.

Apesar de se cuidar e se prevenir, Thaila já sofreu ameaças e agressões. “Recentemente fui abordada por três homens. Eles me colocaram em um carro, me abusaram e depois fugiram”, contou, com os olhos lacrimejados.

Por medo, a travesti disse que não conseguiu denunciar o grupo. “Eu sofro um pouco com isso, não é fácil, mas é o risco que a gente passa”, concluiu.

“Luxo”

A travesti Michele de Freitas, de 24 anos, contou que entrou para a prostituição para poder sustentar os seus "luxos".

Natural de Campo Grande (MS), ela trabalha no Zero Quilômetro há 10 anos e afirma que nenhuma outra profissão lhe daria o dinheiro necessário para poder viajar, sair com os amigos, ter uma casa e um carro.

Conforme ela, a renda mensal chega a R$ 15 mil. Seus clientes são da maioria da classe alta, mas Michele também disse ficar com drogados.

“Eu trabalhava em um salão e o meu sonho era ser travesti. Mas a profissão que eu tinha não me dava condições de pagar as plásticas que eu queria fazer para poder me transformar em uma travesti. Por conta disso, resolvi fazer programa”, contou.

“Hoje já consegui fazer todas as plásticas que desejava, bem como silicones e vivo muito bem”, complementou.

Michele criticou a sociedade que tem preconceito com a sua escolha de vida. Falou ainda que todos são livres para fazer o que quiser com o seu corpo.

“A população acha que por fazer programa a pessoa pode não ter uma boa índole, que pode ter doença. Infelizmente a sociedade leva isso muito em conta e nem sempre é isso que acontece. Viram as costas, falam mal, mais depois estão todos aqui, casais, casados, solteiros”, disse.

Ela também deu conselhos para outras travestis.

“Nunca sofri ato de violência, mas já tenho várias amigas que já passaram por isso. Creio que seja a forma como elas levam o programa delas. Eu não sei o que acontece lá dentro, a minha forma de trabalhar é muito clara e objetiva. Sou muito educada, o que eu combino é o que eu faço, se algo não me agrada eu não faço já sou bem direta, então as pessoas já saem comigo ciente do que vai acontecer”, relatou.

Falta de segurança

Além da prostituição, a região do Zero Quilômetro abriga o tráfico de drogas e, por consequência, crimes de roubo e homicídio.

A moradora Mara Cristina, de 53 anos, afirmou que não se incomoda com as profissionais do sexo, tanto que criou seus três filhos ali - dois homens e uma mulher - e que nenhum deles foi influenciado pela vidas das prostitutas.

Porém, conforme Mara é preciso mais policiamento no local para combater o uso de drogas e assaltos. A residência de Mara já foi assaltada três vezes. No último caso, o crime, acabou tirando a vida do seu marido, de 57 anos.

“Os bandidos jogaram ele não chão e deram um tiro do lado dele, o estouro da bala explodiu ele por dentro”, contou.

O morador Jurandir Garcia, de 44 anos, também disse não se importar com as prostitutas e travestis. Mas pediu mais segurança na região, principalmente à noite.

“A bandidagem hoje está em todo lugar, mas nesse bairro aqui a Polícia Militar precisa colocar mais viaturas”, disse.

Ações preventivas

Em entrevista o comandante 4º Batalhão da PM de Várzea Grande, tenente-coronel Januário Batista, garantiu que há policiamento na região do Zero Quilômetro diariamente.

Ele revelou que o bairro tem pouca incidência de crimes contra o patrimônio e  a vida.

Conforme o comandante, neste ano não houve nenhum registro de agressão e violência sexual. Segundo ele, ocorreu apenas um homicídio em janeiro, porém, de acordo com o comandante, a vítima tinha sete passagens pela polícia.

O coronel ainda afirmou que o 4º Batalhão está realizando um trabalho de inteligência para poder identificar traficantes e cafetões que atuam no local. Ele lembrou que gerenciar e ter casas de prostituição é crime.

Porém, segundo ele, a instituição tem dificuldade de conseguir informações tanto dos moradores como das profissionais do sexo para poder identificar esses criminosos.

“O que nós precisamos é criar canal de comunicação com a sociedade dali, para que essas informações cheguem até nós, porque sem informações nós não conseguimos ter ciência do que acontece”, afirmou.

Saúde e assistência

A secretaria de Municipal e Saúde informou que sempre faz ações na região para orientar as profissionais do sexo quanto à necessidade da utilização do preservativo.

Inclusive, segundo a secretaria, semanalmente são entregues caixas de camisinhas para as prostitutas e travestis.

Além disso, a secretaria afirmou que as orienta sobre as doenças sexualmente transmissíveis.

A Secretaria de Assistência Social também informou que faz campanha na região para poder retirar do local quem quer mudar de vida.

Porém, segundo a secretaria, muitas não aceitam nem mesmo a aproximação dos servidores.
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