A possibilidade de praticar a amamentação por parte de pessoas que estejam passando por um enfrentamento ao câncer de mama é um tema que ainda gera bastante preocupação e dúvidas. Vários fatores podem influenciar no ato de amamentar, como por exemplo, o tipo de cirurgia que foi realizada, a prática de tratamentos adicionais como quimioterapia e até mesmo a resposta do corpo a recuperação da doença.
A cirurgia para remover o tumor, dependendo da extensão, pode interferir diretamente na anatomia e nos dutos que transportam o leite. Em casos de mastectomia, a amamentação se torna impossível, porém, a mulher pode amamentar com a outra mama, se esta estiver intacta. Mesmo com cirurgias menos radicais, como a lumpectomia, a produção de leite pode ser reduzida.
Luciano Florisbelo, mastologista da clínica Oncolog, destaca que a radioterapia, que é frequentemente utilizada no tratamento do câncer de mama, pode causar cicatrizes no tecido mamário e, assim, afetar a produção de leite. No entanto, isso não significa que todas as mulheres serão incapazes de amamentar, uma vez que cada caso é único e essa capacidade pode variar significativamente de uma paciente para outra.
“Cada mulher deve ser tratada de forma individualizada, sendo considerados seus desejos e as particularidades de seu tratamento. Com a orientação adequada, é possível encontrar soluções que respeitem a saúde e os desejos da mãe, proporcionando uma experiência de amamentação satisfatória e segura”, conclui o especialista da clínica Oncolog.
No caso daquelas em que é possível e viável a amamentação, o médico pontua que medos sobre a saúde do bebê e ansiedades sobre a própria saúde acabam surgindo. “É fundamental que essas mulheres recebam apoio adequado, tanto físico quanto emocional, para que possam vivenciar esse momento de maneira positiva, dentro das possibilidades que a recuperação que o câncer permite”, ressalta Luciano.
O Dr. Luciano Florisbelo também esclarece que, do ponto de vista médico, amamentar após o tratamento de câncer de mama não aumenta o risco de recidiva da doença. Pelo contrário, pode até trazer benefícios adicionais à saúde da mulher.
“Ela está associada a uma série de vantagens, como a redução do risco de câncer de ovário e a promoção do vínculo mãe-filho”, afirma o oncologista.
O mastologista aconselha que mulheres que desejam amamentar após o tratamento de câncer conversem abertamente com seus médicos e especialistas na área para entenderem as possibilidades. “Mesmo para quem não passa por um câncer, amamentar envolve uma série de situações, inclusive emocionais. Então, é importante que a paciente busque esse esclarecimento”, finaliza Florisbelo.