A compra e venda de um terreno que pertenceu ao filho do senador Blairo Maggi, o Dj André Maggi e outros sócios, desencadeou a segunda fase da Operação Sodoma, da Polícia Civil nesta sexta-feira (11). Conforme a denúncia, houve um esquema de propina e lavagem de dinheiro na compra do imóvel avaliado em R$ 13 milhões.
A área está localizada na Avenida Beira Rio, bairro Grande Terceiro, em Cuiabá. E a aquisição deste terreno aconteceu em junho de 2002 e foram pagos 4 parcelas, sendo R$ 3 milhões, R$ 1 milhão no ato do contrato e outras duas de R$ 4.344.399,00 seis meses após a primeira parcela e 4.344.399,00 um ano após a negociação.
"Afirma que a aquisição do imóvel visou apenas ocultar a origem ilícita do dinheiro utilizado pela organização e que visava, também, ocultar a própria identidade dos seus componentes", aponta a denúncia.
Construção de um shopping
O arquiteto José da Costa Marques, representante da Matrix Sat Rastreamento de Veículos Ltda, revelou em depoimento na Delegacia Fazendária que foi procurado por Cesar Zílio e contou sobre o interesse do ex-secretário em construir um shopping popular com 700 salas, naquela área. E ainda, que o arquiteto figurasse como o comprador. "É comum que compradores ocultem sua verdadeira identidade, até para manter reservas do investimento", segundo as investigações.
Mas consta no processo que foi feito um 'contrato de gaveta' entre a empresa do arquiteto com uma empresa identificada por Antelmozílio, de propriedade do pai de Cesar Zílio, afim de garantir o direito de propriedade do imóvel.
De acordo com a Defaz, as empresas que emitiram os cheques a aquisição da área eram prestadoras de serviço para o Estado.
Os pagamentos das parcelas, conforme a Polícia Civil, ocorreu por meio das empresas de Willians Mischur, dono da Consignum que depositou 35 cheques em favor dos proprietários da área, totalizando R$ 1,2 milhão, após o Estado prorrogar um contrato com a empresa. A Intergraf emitiu três cheques totalizando R$ 283 mil.
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Empresas e os contratos firmados com o governo do Estado |
Além de dois cheques do empresário Julio Minoru Tisuji, sócio da empresa Webtech Softwares e Serviços Ltda EPP, no total de R$ 89.075,77 mil.
Os envolvidos neste esquema responderão por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Foram cumpridos os cinco mandados de prisão contra os ex-secretários Pedro Jamil Nadaf (Indústria e Comércio), Marcel Sousa de Cursi (Fazenda), César Roberto Zílio (Administração); Willian Paulo Mischur (Consignum – empresa de empréstimo consignado para servidores públicos); e Karla Cecília de Oliveira Cintra, assessora direta de Pedro Nadaf, que na primeira fase da operação Sodoma teve medida cautelar para uso de tornozeleira eletrônica decretada e agora foi expedida ordem de prisão.
Os ex-secretários de Indústria e Comércio e de Fazenda, Pedro Jamil Nadaf e Marcel Sousa de Cursi, respectivamente, estão presos desde a primeira fase da operação Sodoma, em setembro de 2015, no Centro de Custódia de Cuiabá. Eles tiveram novamente mandados de prisão decretados e cumpridos.