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09/02/23 às 08:38 / Atualizada: 09/02/23 às 08:51

Equipes de resgate correm contra o tempo em terremoto que matou mais de 16 mil na Turquia e Síria

Carro destruído por prédio que desabou
Crédito, Getty Images - Equipes de resgate alertam que o tempo está se esgotando para salvar vidas
 
Quase 16 mil pessoas já morreram após os terremotos de segunda-feira no sul da Turquia e no norte da Síria. As equipes de resgate afirmam que os números continuarão subindo nos próximos dias.
 
Sem abrigo, água, combustível ou eletricidade, a Organização Mundial da Saúde teme que muitos dos sobreviventes ainda possam vir a morrer devido a essas condições. Uma autoridade da OMS alertou para a possibilidade de um "novo desastre" humanitário, caso a situação dos sobreviventes não seja melhorada.
 
As equipes de resgate continuam seu trabalho meticuloso pelo quarto dia consecutivo, mas há menos esperanças de encontrar sobreviventes na medida em que passa o tempo.

A Síria está sofrendo com problemas de logística — muitos dos mantimentos e ajuda humanitária não estão chegando ao local do desastre, seja por bloqueios na fronteira com a Turquia, seja por estradas que estão danificadas.

 
A Turquia afirmou que espera abrir mais duas passagens de fronteira para a Síria para permitir a entrega dos suprimentos.
 
Os Capacetes Brancos, entidade de voluntários que atua na Síria nas zonas controladas por rebeldes, dizem que "o tempo está se esgotando" para salvar vidas e que "centenas de famílias" ainda estão presas sob os escombros.
 
A organização afirma que suas equipes continuam procurando sobreviventes "em meio a grandes dificuldades" e que precisa de máquinas pesadas para remover os escombros.
"Cada segundo pode significar salvar uma vida", dizem eles.
 
Fazer a ajuda chegar ao noroeste da Síria é um grande desafio para a comunidade internacional.
 
As rotas de ajuda que existiam no país - que está há quase 12 anos em guerra civil - foram gradualmente fechadas ao longo dos anos. Atualmente, existe apenas uma passagem desse tipo no território controlado pelos rebeldes: a passagem de Bab al-Hawa.
 
Ela segue aberta devido a um mandato do Conselho de Segurança da ONU.
 
O mandato foi renovado novamente em janeiro por mais seis meses. Mas os danos causados à travessia durante o terremoto fizeram com que a rota ficasse fechada por vários dias.
 
Mesmo quando a travessia está em uso, ainda é extremamente difícil logisticamente levar ajuda para a Síria. Devido à situação política, os comboios de ajuda não conseguem passar e chegar ao noroeste da Síria controlado pelos rebeldes.
 
Mapa da BBC mostrando epicentro dos dois tremores na Turquia e Síria
Mapa da BBC mostrando epicentro do terremoto
Críticas na Turquia
 
Na Turquia, muitos estão criticando a resposta lenta de serviços de emergência ao incidente. O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, reconheceu que o governo encontrou alguns problemas, mas disse que a situação agora está “sob controle”.
 
O líder do principal partido de oposição da Turquia, Kemal Kilicdaroglu, disse que "se há uma pessoa responsável por isso, é Erdogan". Erdogan rejeitou a acusação e disse que é preciso haver unidade após o desastre. "Em um período como este, não posso tolerar pessoas conduzindo campanhas negativas por interesse político", disse o presidente.
 
Milhares de sobreviventes passaram a terceira noite em condições de frio intenso.
 
"Temos muitas pessoas que sobreviveram e agora estão ao relento, em condições horríveis e cada vez piores", disse o gerente de resposta a terremotos da OMS, Robert Holden.
 
“Corremos o perigo real de ver um desastre secundário que pode causar danos a mais pessoas do que o desastre inicial se não nos movermos com o mesmo ritmo e intensidade que estamos fazendo na busca e resgate.”
 
Pessoa é retirada de maca dos escombros
Crédito, Anadolou - Encontrar sobreviventes está cada vez mais difícil, segundo equipes de resgate
 
O primeiro terremoto, originado perto da cidade de Gaziantep, teve 7,8 de magnitude e ocorreu às 4h17 de segunda no horário local (22h17 de domingo, no horário de Brasília), enquanto muitas pessoas dormiam.
 
Um segundo terremoto, de 7,5 de magnitude, foi registrado perto da cidade de Kahramanmaras às 13h30 de segunda em horário local (7h30 da manhã de segunda-feira, no horário de Brasília). As autoridades disseram "não ser um tremor secundário".
 
Os sobreviventes desalojados passaram frio na noite de terça-feira (7/2). Em Gaziantep, epicentro do primeiro terremoto na Turquia, a temperatura chegou a -1°C.
 
Nas regiões montanhosas, a mímima foi de -5°C.
 
A previsão de tempo para os próximos dias no sul da Turquia e no norte da Síria é de mais frio.
 
"Nesse ponto, a temperatura do corpo se iguala à temperatura do ambiente. O ritmo em que isso ocorre depende do isolamento que a pessoa tem ou de ela conseguir um abrigo subterrâneo. Mas, em última análise, muitas pessoas podem acabar sucumbindo à hipotermia", disse Moon.
 
Na Turquia, o presidente Recep Tayyip Erdogan declarou estado de emergência por três meses nas dez províncias mais afetadas pelos tremores.
 
Além de sofrer com os efeitos de ambos os terremotos, a Síria está com problemas para receber ajuda humanitária da ONU devido a danos nas estradas que ligam a Turquia ao país.
 
"Esta é uma crise maior do que as várias crises na região", disse Adelheid Marschang, diretora da OMS, sobre a Síria.
 
Ela diz que as necessidades do país são altas após "quase 12 anos de crise prolongada e complexa, enquanto o financiamento humanitário continua diminuindo".
 
Mulher chora em meio aos escombros
Crédito, Anadolu - Milhares de mortos foram confirmados na Turquia
 
Natalie Roberts, diretora dos Médicos Sem Fronteiras no Reino Unido, tem uma equipe na Síria.
 
“É uma catástrofe em cima de uma catástrofe. Em algumas partes da Turquia, como Gaziantep, há milhões de refugiados sírios morando frequentemente em moradias não muito robustas. É uma receita para o desastre”, disse a médica, acrescentando que um colega morreu soterrado nos escombros.
 
Roberts explica que as pessoas que permanecem muito tempo sob os escombros sofrem lesões por “esmagamento” que podem levar à insuficiência renal.
 
“Prevemos quadros assim nas próximas semanas”, diz.
 
“Precisamos pensar rapidamente em como fornecer condições de vida mais robustas para que as pessoas não sucumbam, por exemplo, a outro surto de cólera ou a outras doenças que possam advir desta situação”.
 
O norte da Síria vai sofrer com as consequências dos terremotos por "meses e meses", lamentou Roberts.
 
Imagem aérea de prédio desabado
Crédito, Getty Images - O segundo terremoto atingiu Kahramanmaras cerca de nove horas após o primeiro
 
O tremor também foi sentido no Líbano e em Chipre.
 
Rushdi Abualouf, repórter da BBC na Faixa de Gaza, disse que houve cerca de 45 segundos de tremores na casa em que ele estava hospedado.
 
A Turquia fica em uma das zonas de terremotos mais ativas do mundo.
 
Em 1999, mais de 17 mil pessoas morreram depois que um forte terremoto atingiu o noroeste do país.
 
Mas os terremotos deste fevereiro de 2023 são o maior desastre do país desde 1939, segundo o presidente da Turquia, Recep Erdogan.

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