Sabemos que a suinocultura é uma atividade que passa por crises sazonais e que os produtores estão de certa forma calejados e com a casca grossa para atravessar esses períodos difíceis. No entanto, a mais recente, que iniciou no último semestre do ano passado e se agravou nas últimas semanas, tem causado prejuízos a todos os suinocultores que, com muita dificuldade, continuam na atividade.
O principal problema que afeta o setor e grande vilão é, mais uma vez, o custo de produção. O milho e o farelo de soja, dois dos principais componentes da ração fornecida aos animais encareceram muito nos últimos meses e para piorar, o preço pago ao suinocultor por quilo do animal vivo estava muito aquém do valor ideal, e isso perdura por longas semanas, o que penaliza financeiramente o produtor a cada dia que passa.
Em meados de janeiro, aqui em Mato Grosso, produtores relataram prejuízos de aproximadamente R$ 180 por animal enviado para abate. Duas semanas mais tarde, já em fevereiro, a situação piorou e as perdas chegaram perto de R$ 300 por animal vendido, isso levando em consideração um animal com peso aproximado de 130 kg.
A situação é ruim em todos os estados produtores. Em São Paulo, na primeira semana de fevereiro, produtores relataram perda superior a R$ 360 por animal vendido com 110 kg. Com a leve alta nas últimas semanas no preço pago ao produtor, esse prejuízo diminuiu, mas ainda é superior a R$ 170.
No Paraná, um dos maiores produtores de suínos do país, a situação não é diferente. De acordo com estimativas da Associação Paranaense de Suinocultores, para alguns produtores o custo de produção para um suíno de 100 kg é de R$ 780, mas a venda do animal está na faixa dos R$ 400, um prejuízo de R$ 380 por cabeça.
Em busca de uma solução para o setor, a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), e outras entidades como o Fórum Agro MT e a Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat) participaram de uma audiência com a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Tereza Cristina, em Brasília. Na oportunidade, os representantes solicitaram medidas emergenciais para minimizar os efeitos causados pelo alto custo de produção e ao baixo preço pago aos suinocultores pelo quilo do animal.
Com a água no pescoço e trabalhando no vermelho há alguns meses, grande parte dos produtores não conseguiu honrar seus compromissos e por isso, solicitamos a prorrogação do prazo de pagamento dos custeios pecuários conforme Manual de Crédito Rural, inclusive com a inclusão de parcelas já vencidas, para dar um fôlego imediato aos suinocultores. Além do pedido da reativação da linha de crédito de custeio, direcionada para a Retenção de Matrizes Suínas e a concessão de limite de crédito.
No âmbito estadual, recorremos ao Governo de Mato Grosso, e pedimos medidas emergenciais para conter a crise, como a inclusão de novas finalidades da atividade no Programa de Desenvolvimento Rural de Mato Grosso (Proder) e a redução do ICMS para frigoríficos na comercialização da carne suína. Ainda não conseguimos um retorno dessas demandas e vamos continuar a articulação para uma resposta positiva.
Sabemos da importância do nosso segmento para a economia do Estado e do país. Somente em Mato Grosso, mais de 10 mil empregos diretos são gerados envolvidos na suinocultura. Manter a cadeia da suinocultura sustentável é manter famílias empregadas e levar alimento à mesa de milhões de pessoas ao redor do mundo.