Notícias / Meio Ambiente

06/10/21 às 12:58

Incêndios no Pantanal: proprietária rural registra BO contra Energisa por rompimento de fio

Ela acusa a empresa de danos ao patrimônio e crime contra a pessoas, já que os técnicos foram ao local e deixaram o fio energizado

Carolina Rodrigues

AguaBoaNews / Cuiabá

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Uma proprietária rural da região de Poconé (105 km de Cuiabá) foi à delegacia de Polícia registrar um Boletim de Ocorrências contra a empresa Energisa pelos crimes de danos ao patrimônio e omissão de socorro. M.E.S conta que um fio de eletricidade se rompeu, os técnicos da empresa viram, porém foram embora sem resolver o problema e ainda não cortaram a corrente elétrica, o que causou incêndios recorrentes no mesmo ponto, que foram contidos pelos moradores locais.

O rompimento de fios é algo frequente na região da Transpantaneira e com a estiagem, além das casas ficarem no escuro – por conta do desabastecimento -, há o risco de incêndio. Em menos de uma semana, foram pelo menos 4 ocorrências que chegaram ao conhecimento do Sindicato Rural de Poconé.

Um deles foi o da fazenda São João, que foi relatado no BO, no qual a denunciante narra que na segunda-feira (4) um fio de alta tensão se rompeu e houve o princípio de incêndio. Os moradores do entorno logo se reuniram e com esforço conseguiram controlar o fogo.

Segundo a proprietária da fazenda, não é a primeira vez que isso acontece no mesmo local e, em uma das ocorrências, uma vaca foi eletrocutada. A vítima conta que teme que mais animais sejam mortos e até mesmo uma pessoa, já que combate a incêndio é feito com o fio energizado porque a Energisa não corta o fornecimento imediatamente.

Omissão de socorro

De acordo o boletim de ocorrência, os técnicos da Energisa estiveram no local e não fizeram absolutamente nada. Inclusive, deixaram o fio energizado, o que para a denunciante foi inaceitável.
“Presenciaram o fio no chão e nada fizeram. Ficou clara a total desconsideração da empresa de distribuição de energia elétrica”, diz em trecho do BO.

Ela ainda acrescenta que na mesma semana, outros dois postes de luz ficaram totalmente destruídos na localidade e, lá, é possível ver os fios velhos jogados no chão “sem a devida manutenção por parte da empresa responsável”, avalia.

No Boletim de Ocorrência também foram incluídos os protocolos de atendimento registrados pelo telefone e via internet que não tiveram resposta. O caso será investigado pela Delegacia de Poconé.
 
Sindicato diz que falta manutenção e reparos
 
O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Poconé e membro do Guardiões do Pantanal, Raul Santos, explica que a situação preocupa e está gerando muitos focos de incêndio ao longo da rodovia Transpantaneira.

Na semana passada, um deles precisou ser controlado com ajuda das aeronaves do Corpo de Bombeiros porque se alastrou, alimentado pela vegetação seca, característica da estiagem.

Raul conta que a situação não é nova e reflexo da falta de manutenção e modernização da estrutura por parte da Energisa. Ele lembra ainda que houve uma audiência pública na Assembleia Legislativa para se discutir a questão e, naquela ocasião, houve o compromisso da empresa em fazer melhorias, o que até agora não aconteceu.

Na semana passada, o sindicato denunciou um dos casos e, desde então, vem colocando vídeos feitos pelos moradores da região nas redes sociais (@guardioesdopantanalmt) em busca de alguma resposta por parte da Energisa.

“Temos vídeos mostrando o fio caído e é possível ouvir até o estalar da eletricidade e a fumaça do começo dos incêndios. Precisamos urgente de uma solução por parte da Energisa e já pedimos para os bombeiros serem os mais céleres possível nas perícias, já que a palavra do morador, os protocolos de atendimento, os ofícios entregues a empresa, os vídeos gravados pelos pantaneiros e, agora, o boletim de ocorrência não representam nada para a empresa”, conclui.

Trabalho conjunto - Desde o ano passado, quando o fogo consumiu 2,2 milhões de hectares do Pantanal Mato-grossense, bombeiros e moradores local se uniram em prol da prevenção.
Foram realizados cursos para a capacitação de brigadistas, bem como a compra e articulação para se adquirir equipamentos, entre eles máquinas pesadas. Com o investimento, o número de focos caiu 80% em relação ao mesmo período do ano passado.

Quem são os Guardiões do Pantanal - O grupo Guardiões do Pantanal é formado por integrantes das cadeias produtivas do Pantanal Mato-grossense. Eles se uniram após o desastre ambiental das queimadas, vivido em 2020, e pretendem realizar e apoiar ações que contemplem o desenvolvimento sustentável da região e a valorização da cultura pantaneira.

Também irão acompanhar e cobrar mudanças na legislação e a implantação dos projetos de infraestrutura que auxiliem a sobrevivência do pantaneiro e evitem que a região seja consumida pelo fogo novamente.

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