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20/09/21 às 12:38 / Atualizada: 20/09/21 às 12:55

Há uma brasileira fazendo arte na Antártica

Além de documentar as atividades do Projeto Mephysto, Karla Brunet produz interpretações subjetivas do trabalho dos cientistas

Iara Crepaldi

AguaBoaNews / São Paulo

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Há uma brasileira fazendo arte na Antártica

Foto: Assessoria

 Também conhecido como Proantar Nordeste, esse projeto é coordenado pela UFPE e UFBA e envolve 12 instituições nacionais e internacionais

São Paulo, 20 de setembro de 2021 - Doutora em Comunicação Audiovisual (Universitat Pompeu Fabra, Espanha), mestre em Artes Visuais (Academy of Art University, San Francisco, EUA) e professora do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos (Universidade Federal da Bahia), Karla Brunet participou da 38ª Operação Antártica da Marinha do Brasil (OP-38) com um objetivo pouco comum naquelas águas. Enquanto o time de biólogos, químicos, oceanógrafos, físicos e geógrafos coletam amostras e analisavam dados, Karla Brunet produzia vídeos, fotografias e ensaios sobre a viagem de quase 60 dias a bordo do navio polar Almirante Maximiano.



Gaúcha, com residência fixa em Salvador e, atualmente, em Valência (Espanha), como pesquisadora da Universitat Politècnica de València (UPV), Karla Brunet integra o primeiro projeto na Antártica coordenado por universidades do Nordeste (UFBA e UFPE) a ser contemplado com um edital do Programa Antártico Brasileiro (Proantar). É o Projeto Mephysto, que começou em 2019 e envolve mais uma viagem à Antártica em 2022.

Entre outras aplicações, para os cientistas, entender e simular a distribuição do plâncton dos oceanos pode contribuir para compreendermos um pouco mais sobre a variabilidade climática; o movimento das correntes oceânicas; a poluição marinha e atmosférica; e a presença de microplásticos – bem como a interação de todos esses fatores em escala regional e mundial.

Já para Karla Brunet, a visualização desses dados se mistura às paisagens subaquáticas; as expedições na neve inspiram reflexões políticas, ambientais e pessoais; os sons se sobrepõem aos mapas; o fundo do navio pode estar debaixo da água e no céu. Cinco dos trabalhos produzidos a bordo já foram apresentados em conferências e premiações.

Arte na Antártica

A obra Antartic Convergence (foto abaixo) retrata a convergência do mar com a arte e a ciência por meio de um vídeo que apresenta a fusão de sons, imagens e visualizações de dados da pesquisa realizada ao redor da Ilha King George, na Antártica. Esta obra foi apresentada no RIXC Festival – 5TH Open Fields Conference and Ecodata Exhibition, na Letônia em 2020.



O vídeo rotoscópico De Gelo e Musgo narra uma caminhada solitária da artista pela Antártica fazendo reflexões políticas, ambientais e pessoais sobre sua experiência na viagem.

O projeto Travessia Sonora é um diário de bordo em áudio, apresentado sobre o mapa da jornada. Aborda a experiência pessoal da autora, a rotina das pesquisas a bordo e os anúncios de rádio do navio (estes incluem rotina do dia, informações técnicas, manchetes e dizeres espirituais/religiosos). 

A foto Tio Max dentro da água (foto abaixo)  é o registro subaquático da vista do navio feito no percurso para a base brasileira. O objetivo da artista foi ter a percepção do local de pesquisa de dentro do mar. Foi premiada em 2º lugar na Categoria I – Imagens Produzidas por Câmeras Fotográficas do IX Prêmio de Fotografia – Ciência & Arte, promovido pelo CNPq.


Antártica Tempo (foto abaixo) é uma apresentação audiovisual da percepção subjetiva da autora durante o período de expedição. São utilizadas imagens técnicas, sons e vozes processadas e editadas em tempo real sobre sua rotina, sensações e sentimentos, fazendo referência ao ouvido frequentemente durante a expedição que a Antártica tem a ver com o tempo – ritmo, paciência, tempo e clima.


PROJETO MEPHYSTO
Karla Brunet integra o time multidisciplinar do projeto Mephysto, que também é chamado de Proantar Nordeste. A iniciativa, coordenada pela Universidade Federal de Pernambuco e pela Universidade Federal da Bahia, é pioneira por investigar, multidisciplinarmente, aspectos do plâncton que só haviam sido estudados separadamente – e, possivelmente, é a única iniciativa com uma artista brasileira a bordo. Também é a primeira vez, na história do do Programa Antártico Brasileiro (Proantar), que há uma equipe executora do Nordeste no projeto.

O Mephysto teve início em 2019, envolve duas viagens ao continente antártico e um esforço conjunto entre 12 instituições, sendo 7 nacionais (4 do Nordeste, 1 do Sul e 2 do Sudeste) e 5 internacionais (1 alemã, 2 americanas, 1 italiana e 1 Japonesa): UFRN, UFRJ, FURG, PUC Rio, SENAI/CIMATEC, SZN (IT), HZG (DE), UT (JP), ODU (EUA), NCSU (EUA).

A primeira viagem do grupo ao continente antártico, de carona no Navio Polar Almirante Maximiano, da Marinha brasileira, começou no Rio de Janeiro (RJ), passou por Rio Grande (RS), por Punta Arenas (Chile) e seguiu para Antártica, onde fundeou na baía do Almirantado, uma área protegida em frente à Estação Antártica Brasileira. A próxima expedição está prevista para o último trimestre de 2022.

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