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26/08/21 às 19:17 / Atualizada: 31/08/21 às 13:49

Balneários do pantanal

Adam Walker

Agua Boa News

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Balneários do pantanal

Foto: Pixabay

Recentemente a UNESCO, Organização das Nações Unidas para a Ciência, Educação e Cultura, incluiu em sua lista de Patrimônios da Humanidade os chamados Grandes Spas da Europa. São onze cidades, espalhadas em sete países, que foram reconhecidas por sua importância histórica, cultural e arquitetônica: Vichy, na França; Spa. Na Bélgica; Bath, na Inglaterra; Montecatini Terme, na Itália; Baden bei Wien, na Áustria; Františkovy Lázně, Karlovy Vary e Mariánské Lázně, na República Tcheca; e Bad Ems, Baden-Baden e Bad Kissingen, na Alemanha. Para não passar batido, Mato Grosso também teve uma adição, o sítio de Burle Marx.

A candidatura dos spas europeus foi apresentada em conjunto porque essas cidades compartilham das mesmas origens - foram erguidas próximas a fontes de água termal e também são similares em seu desenvolvimento – cresceram para atender a uma clientela nobre que buscava o tratamento nas boas águas locais.  Então, por que não se pensar em desenvolver os balneários brasileiros?

Alguns vão lembrar que já existem iniciativas. Águas de São Pedro, Poços de Caldas e Rio Quente são estâncias turísticas que nasceram junto às águas cálidas. O próprio Mato Grosso já possui uma série de propriedades dedicadas ao turismo termal. Mas nenhuma delas parece desfrutar do mesmo apelo de Vichy, Bath ou Baden-Baden, três das cidades recentemente laureadas. Evidentemente, os europeus têm mais tempo de história. Mas seria só uma questão de tempo?

Provavelmente não, porque mesmo no Velho Continente há outras termas que não foram incluídas como Patrimônio Mundial. São aquelas que – por um motivo ou outro – não alcançaram o valor cultural e histórico das onze eleitas. Há várias explicações para essas diferenças. A principal talvez seja a estrutura auxiliar.

As grandes cidades-spa da Europa, ao se desenvolverem, criaram uma série de atrações secundárias para seus visitantes, como teatros, restaurantes e cassinos. No Brasil, essa última opção só está disponível nas atraentes opções online, mas as outras duas são uma possibilidade imediata. Em resumo: não basta apenas a água, é preciso toda uma infraestrutura de lazer que justifique uma viagem, possivelmente longa, e uma permanência estendida.

No Triângulo dos Balneários da República Tcheca, composto de três cidades termais, era comum receber visitantes ilustres por longos períodos. O czar Pedro, o Grande, da Rússia, ficou em Karlovy Vary por quase três meses. Beethoven esteve lá mais de uma vez – e numa delas escreveu uma sinfonia inteira na cidade.

Foto: Leonhard Niederwimmer | Pixabay License

Muito dessa estrutura auxiliar será erguida pela iniciativa privada. Mas somente quando ela vislumbrar os ganhos. Empresários costumam ser arredios a apostas ousadas. Normalmente preferem a segurança de uma mínima previsibilidade. Para que os investimentos venham, é preciso que a lição de casa esteja feita por parte do poder público, garantindo os serviços essenciais com boa qualidade: um bom caminho de acesso, estrutura de saúde e educação para moradores e visitantes, saneamento básico, luz e limpeza pública. Não é pedir nada além do básico.

Há linhas de crédito internacionais para o poder público e para os investidores privados que podem financiar o desenvolvimento de um polo turístico, especialmente se isso significar a preservação de recursos naturais. Assim, é fundamental ter um plano global bem estruturado, com ideias claras e razoáveis, bem como projeções para pelo menos duas décadas.

Tudo isso posto, há mais um aspecto importante que deve ser considerado: o turismo de águas não precisa se basear apenas em águas quentes, especialmente em um estado que costuma ter temperaturas médias próximas aos 30ºC. Os balneários podem se desenvolver com águas mornas ou frias, para as quais certamente há uso em diversos tipos de tratamentos cosméticos e de saúde. O mais importante é que a oferta turística dos spas mato-grossenses seja consistente e muito atraente, tanto para o visitante brasileiro quanto para o estrangeiro. Imagine como pode ser vendável uma luxuosa estrutura urbana perto de fontes de água do pantanal, numa comunhão em que se desfruta da natureza enquanto ela é preservada.

O Brasil possui inúmeros profissionais capacitados para desenvolver projetos desta magnitude – muitos deles já familiarizados com vários dos grandes spas da Europa. É apenas questão de planejar, desenvolver e executar. E quem sabe no futuro não veremos os balneários do pantanal tornarem-se novos Patrimônio da Humanidade mato-grossenses?

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