Uma moradora de Poconé foi a primeira mato-grossense a conseguir liminar da Justiça para tratar-se com a "pílula do câncer" desenvolvida em São Paulo. Cláudia da Silva Pinheiro sofre há cinco anos com a doença nas mamas. O advogado de Claudia, Lauro Eubank, comemorou a vitória e o fato de ser o primeiro em Mato Grosso a conquistar a liberação do medicamento.
De acordo com Eubank, Cláudia já enfrentou diversos problemas de saúde em Poconé (104 km de Cuiabá) e há pelo menos cinco anos precisou retirar os dois seios. Apesar de ter iniciado o tratamento com a quimioterapia, o estado de saúde de Cláudia não mudou.
Após assistir uma série de notícias sobre a famosa "pílula do câncer", a 'Fosfoetanolamina Sintética' desenvolvida pelo Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP), o pai de Claudia procurou o advogado Eubank.
"Sou amigo da família e quando eles viram no notíciário me procuraram rapidamente para entrar com a ação na Justiça. Para a alegria da família, saiu ontem e é também a primeira do Estado", comemorou.
O texto da carta precatória determina que a Universidade de São Paulo adote todas as medidas para providenciar, no prazo de cinco dias, a 'Fosfoetanolamina Sintética'. O tratamento deve ser contínuo e não pode sofrer interrupção enquanto houver solicitação, "sob pena de pagamento de multa diária de R$ 1.000 até atingir o limite de R$ 50 mil", completou trecho da decisão.
Rogério Cassimiro/ÉPOCA
O químico Gilberto Chierice, que descobriu a fosfoetanolamina e sua ação contra o câncer
MEDICAMENTO
Um editorial publicado pela revista Nature abordou os riscos da fabricação e distribuição da pílula do câncer. A publicação afirmou que mesmo que as cápsulas de 'Fosfoetanolamina Sintética' tenham algum benefício sobre pacientes que lutam contra o câncer, essa eficácia precisa ser comprovada e isso só acontece fazendo testes em humanos, o que não aconteceu ainda.
Mesmo sem ter passado pelos testes exigidos legalmente, o composto começou a ser distribuído de maneira gratuita há alguns anos, mas o Tribunal de Justiça de São Paulo vetou essa distribuição no dia 29 de setembro deste ano. Com isso, uma grande batalha se formou, já que os pacientes insistem na medicação e os tribunais negam o acesso.
Por conta da grande discussão, o Ministério da Saúde decidiu recentemente criar um grupo para estudar o efeito da pílula em humanos, mas orientou as pessoas a não tomarem o composto ainda.