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12/05/21 às 22:09

Promulgada lei que permite distribuição de maconha medicinal em Goiânia

Associação Curando Ivo ajuda na promulgação de lei que permite distribuição de maconha medicinal para tratamento de pacientes de Goiânia

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Promulgada lei que permite distribuição de maconha medicinal em Goiânia

Foto: Assessoria

O Diário Oficial do Município de Goiânia (DOM) trouxe, na edição do dia 29 de abril, a Lei 10.611, de 14 de abril de 2021. Promulgada pelo presidente da Câmara Municipal da capital, Romário Policarpo (Patriota), ela estabelece política pública e distribuição de maconha medicinal na capital. A Associação Brasileira de Tratamento e Apoio à Pesquisa da Cannabis Medicinal, denominada Associação Curando Ivo também foi uma das responsáveis pela luta de pacientes que necessitam da cannabis para se tratarem.

A promulgação da nova legislação foi possível após os vereadores terem derrubado veto total do ex-prefeito Iris Rezende (MDB) em votação no dia 7 de abril. Foram 22 votos favoráveis ao relatório da ex-vereadora Dra. Cristina, que na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), ainda no ano passado, deu parecer pela retirada do veto.

De autoria do vereador Lucas Kitão (PSL), a nova legislação determina distribuição gratuita de medicamentos prescritos a base da planta inteira ou isolada, que contenha em sua fórmula as substâncias Canabidiol (CBD) e/ou Tetrahidrocanabinol (THC). A distribuição será feita nas unidades de saúde pública municipal e privada ou conveniada ao Sistema Único de Saúde – SUS no âmbito do Município de Goiânia.

Empenho

A Associação Curando Ivo tem por objetivo agregar e representar seus associados, sejam pessoas ou animais, com enfermidades ou transtornos, seus familiares e afetos, objetivando a melhoria das condições através do tratamento com o Canabidiol. A Associação busca por uma qualidade de vida de quem necessita do medicamento, sempre respaldado no Direito Fundamental à saúde.

O começo da Associação

O começo da Associação Curando Ivo começou com uma linda de história de luta através de seu presidente, Filipe Barzan, e uma doença terrível – leucemia mieloide crônica, que descobriu quando tinha apenas 19 anos, no ano de 2009. Tendo que passar por tratamentos nada fáceis, com efeitos colaterais, Filipe teve que se reerguer mais uma vez, pois poucos anos depois, seu pai ainda com 52 anos, apresentou os primeiros sintomas de Alzheimer. Uma doença o que o levou a ficar agressivo e dependente. Todas essas tragédias seriam o suficiente para uma pessoa se revoltar ou conformar, mas não foi o caso dele.

Não conformado com o diagnóstico dos médicos, que declaravam que Seu Ivo, nome de seu pai, ficaria preso em uma cama em futuro não tão distante, Filipe começou a fazer muitas pesquisas sobre maconha medicinal e se deparou com vários artigos científicos de instituições/pesquisadores renomadas do Brasil e do mundo sobre o Sistema Endocanabinoide, da interação da planta com alguns sistemas do corpo humano.

Foi um começo nada fácil em busca de um tratamento que poderia ajudar o seu pai. Um tratamento natural com óleo de maconha, sem efeitos colaterais e com comprovação científica de eficácia com várias patologias, inclusive Alzheimer. Porém, nenhum médico quis prescrever, tampouco davam alguma resposta embasada na ciência que justificasse a negativa, mesmo levando os artigos científicos a estes profissionais. A falta de conhecimento e preconceito em relação ao poder medicinal de uma planta era muito evidente e revoltante para ele, que via seu pai piorar a cada dia sem poder fazer nada.

Mas antes disso, Seu Ivo, um homem proativo, inteligente, trabalhador, sonhador, já não controlava mais nem suas necessidades fisiológicas e definhada muito rápido. A tentativa de um outro tratamento alternativo à base de suplementos vitamínicos aliado com o desmame dos medicamentos alopáticos também não se mostrou eficaz. Houve uma melhora incrível na cognição dele, porém sem qualquer outra alteração nas prescrições, a não ser aumentar mais a dose e continuar a deixar o seu pai excessivamente dopado.

Quando tudo parecia perdido, ele conheceu João Carlos Normanha, um médico canabinoide e diretor da Associação Goiana de Apoio e Pesquisa à Cannabis Medicial (Agape), na época. Foi quando sua vida e de sua família mudou por completo, pois tiveram acesso ao óleo produzido pela associação e fazer o uso em seu pai. Mas Filipe foi além, ele registrou desde a primeira gota recebida por seu pai mesmo sem ter a certeza de que funcionaria e funcionou. Uma melhora considerável de qualidade de vida para Seu Ivo foi comprovada através de seus registros.

Mas Filipe queria mais, depois de tanta luta para ajudar seu pai, ele conseguiu atingir um número grande de pessoas com sua história quando criou o perfil nas redes sociais: CurandoIvo, em que compartilhou a melhora e luta para que esse tipo de medicamento fosse acessível. Além de um alcance muito alto de visualizações, a gravação hoje tem mais 70 mil curtidas, 20 mil comentários e 160 mil compartilhamentos. Em um dos trechos gravados, Filipe pôde ouvir novamente seu pai olhar para ele e dizer que o amava.

Diante de tamanha repercussão, ele tentou conciliar sua empresa, seu ativismo, a continuação do tratamento de seu pai, ajudar ao máximo as pessoas que o procuravam em busca também do tratamento, além de seu próprio combinado com quimioterapia, que muitas vezes o deixava de cama com frequência.

Até que chegou o momento que entrou para justiça com o pedido de Habeas Corpus Preventivo para o cultivo da planta de maconha, que por fim, foi privilegiado com a sentença favorável e hoje pratica a medicina de forma regular para ele e seu pai. E depois de passar por tantas dificuldades e com a doença de pai controlada, contou com a ajuda de amigos, profissionais renomados com embasamentos científicos, finalmente está conseguindo ajudar mais pessoas como Seu Ivo. Foi quando “nasceu” Associação Curando Ivo.

Tratamento e legalização

A Agape, mesmo sem o reconhecimento oficial, considera que o uso da substância tem apresentado resultados animadores. A organização não tem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para fazer a extração e fornecer o óleo, mas está em busca da legalização.

Segundo o site da Anvisa, já é permitido o tratamento com o canabidiol, um dos componentes da Cannabis, que ainda é importado e apontado como restrito pelo custo alto e burocracia. No entanto, a própria Agência está com duas consultas públicas em andamento sobre o assunto.

Uma delas é sobre regulamentação do cultivo controlado para uso medicinal e científico, e a segunda tem como tema o registro de medicamentos produzidos com princípios ativos da planta.

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