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27/10/15 às 11:00 / Atualizada: 27/10/15 às 11:08

Recuperação judicial pelo segmento de transporte cresce em MT

Setor produtivo deve ser afetado por conta da alta dos juros e aumento do combustível

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Recuperação judicial pelo segmento de transporte cresce em MT

Dr. Clovis Sguarezi, da Sguarezi & Vieria advocacia

Foto: Assessoria

O número de recuperações judiciais requeridas entre janeiro e setembro de 2015 em Mato Grosso cresceu de forma vertiginosa, pouco mais de 200%, se comparado com mesmo período do ano passado. Dados do Serasa Experian apontam que até setembro deste ano foram requeridos e concedidos 103 pedidos de recuperação judicial de Mato Grosso. Em 2014 apenas 32 empresas entraram com requerimento para Recuperação Judicial no Estado.

O segmento de transporte, que é afetado diretamente com aumento dos combustíveis e corte de financiamentos, é um dos mais atingidos no Estado e no Brasil. “Temos no nosso escritório 15 empresas que atuam no ramo de transportes e que entraram em Recuperação Judicial. Destas, 7 empresas pediram recuperação judicial no ano de 2015”, relata o advogado especialista em recuperação judicial Euclides Ribeiro Junior, do Grupo ERS Advocacia, uma das principais bancas do Estado.

Em geral o passivo destas empresas giram em torno de R$ 25 a R$ 35 milhões. Esse valor expressivo é resultado do atual cenário massacrante da economia.

Segundo Ribeiro o que provocou isso foi a liberação de crédito abundante feita  por meio do BNDES para compra de caminhões com até 100 meses de prazo para pagar, um ano de carência e juros que chegaram 2,5% ao ano. A medida, tomada para ajudar a indústria automobilística, criou  um ambiente de alta demanda de caminhões, que fez com que a maioria das transportadoras do país fossem ao mercado e comprassem caminhões além do que deveriam. Profissionais  autônomos, pequenos empresários de outros ramos e profissionais liberais também foram conquistados pelas facilidades que o mercado ofereceu.

“O resultado dessa intervenção governamental em um mercado que estava razoavelmente equilibrado fez com que o Brasil tenha hoje quase 30% da sua frota de caminhões ociosos. Com isso, as grandes multinacionais e mesmo indústrias nacionais contratantes de transportes baixaram os preços ofertados no frete em mais de 30%, criando assim a maior crise que o setor de transportes já vivenciou na história do Brasil”, explicou.

Outro agravante a este cenário é a crise econômica 2014/2015, que fez com que a economia do Brasil entrasse em brutal recessão. A maioria dos clientes das transportadoras começou a aumentar o prazo de pagamento de 30 para 60, 90 e até 120 dias. Este período sem recurso, forçou  as empresas a buscar mais dinheiro caro no mercado financeiro para operar.
 
Além de toda conjuntura desfavorável em 2015, o Governo Federal liberou pesados aumentos no óleo diesel, pedágio e aumento de carga tributária, em um momento que é impossível qualquer repasse de reajuste nas tarifas de frete devido ao excesso de oferta de caminhões.
De acordo com o advogado especialista, a crise do segmento de transporte não deve demorar a afetar o segmento de produção rural no Estado. “O transporte rodoviário representa uma larga parcela de gestão do setor produtivo, razão pela qual, considerando que as transportadoras vêm enfrentando o pior momento econômico da história. Sendo assim o setor produtivo deverá aumentar seu custo”, apontou.

Entre as empresas que pediram recuperação estão as transportadoras: Expresso Flecha de Prata, RDL Transportes, Grupo 3 Américas, Transportadora Novo Futuro, Transabino.  Algumas  atuam em Mato Grosso como a RDL e a Nova Futuro e outras tem filiais no Estado.

PRODUTORES RURAIS - Para Clovis Sguarezi, da Sguarezi & Vieria,  advogado que também atua em Recuperação Judicial, a demanda de pedidos de recuperação por produtores rurais também deve aumentar, por conta do repasse dos custos de frete e ainda pela dificuldade de obtenção e pagamento dos créditos para safra deste 2015/2016. Este ano seu escritório registrou aumento de 70% nos pedidos de processos como  RJ.

“O crédito deve ficar escasso e caro no próximo ano, e estamos notando em viagens pelo interior, que os produtores tem buscado acessar a recuperação judicial para manter suas fazendas e os empregos gerados”, contou.
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