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21/10/15 às 21:40 / Atualizada: 21/10/15 às 21:56

Seminário de Hansenologia trouxe números alarmantes para MT; em 2014 Água Boa foi campeã de casos da doença

Durante o evento, foi anunciado o prêmio científico e a criação de um Centro de Referência aos portadores de Hanseníase

Seminário de Hansenologia trouxe números alarmantes para MT; em 2014 Água Boa foi campeã de casos da doença

I Seminário de Hansenologia

Foto: Fablicio Rodrigues/ALMT)

Aproximadamente 500 pessoas, entre profissionais da área de saúde, estudantes e sociedade civil organizada participaram do 1º Seminário Estadual de Hansenologia, nesta segunda-feira (19) e terça-feira (20), na Assembleia Legislativa. O evento requerido pelo deputado estadual, Dr. Leonardo (PDT) é a continuidade das ações já iniciados em maio deste ano, com a primeira audiência pública, realizada pelo parlamentar, para debater o assunto. Desta vez, em um evento com maior dimensão, a hanseníase foi discutida de forma ampla, com palestras de profissionais de renome nacional e a participação de pessoas do interior de Mato Grosso.

A abertura do evento contou com a presença do vice-governador, Carlos Fávaro, o promotor de Justiça do Estado de Mato Grosso, Alexandre de Matos Guedes, o presidente a ALMT, deputado Guilherme Maluf, o secretário de Estado de Saúde, Eduardo Bermudez, dentre outras autoridades.

MUNDO
A primeira apresentação foi do representante da Associação Alemã de Assistência aos Hansenianos e Tuberculosos (DAHW), Manfred Göbel. Ele explanou sobre a doença no mundo todo. Segundo a explicação, 121 países reportaram 213.899 casos novos, em 2014. Desses, 14.110 foram registrados com Grau de Incapacidade Física (GIF) 2, representando 6.6%. O preocupante, segundo Manfred são as crianças, que registram 18.869, alcançando assim 8.8%. Do total, 61% dos infectados são multibacilar, ou seja, pessoas que podem transmitir a doença. Dessa porcentagem, 36% são do sexo feminino.

BRASIL
Mafred destacou que o contexto da hanseníase no Brasil é um problema social grave, pois geralmente está onde há maior concentração de pobreza. O país ocupa o segundo lugar com mais casos da doença no mundo; o primeiro é a Índia. Em 2014, registrou-se 31.064 casos novos, no país. De 2003 a 2014, o coeficiente de detecção geral foi de 48%, e, 39% em adolescente de até 15 anos. O percentual de GIF 2, no diagnóstico de casos novos de hanseníase, de 2001 a 2014 subiu de 6,0 para 6,6.

MATO GROSSO
Os estados considerados hiperendêmicos, ou seja, com maior coeficiente de detecção geral de casos novos de hanseníase, Mato Grosso aparece em primeiro lugar com 82,03. Em segundo lugar vem Tocantins com 69,88, em terceiro Maranhão com 53,02. O coeficiente de detecção de casos novos de hanseníase em menores de 15 anos, Mato Grosso e Tocantins apontam em primeiro e segundo lugar com 24,05 e 22,43, respectivamente. Pará aparece em terceiro, com 17,54.

“O estigma e preconceito são ferramentas para este avanço, que ocasiona no diagnóstico tardio, e por consequência, a incapacidade física, já que a doença atinge os nervos e também o aumento da contaminação”, destacou Manfred.

A coordenadora de Vigilância Epidemiológica, da Secretaria de Estado de Saúde (SES) de Mato Grosso, Flávia Guimarães Dias apresentou o painel epidemiológico da hanseníase. O coeficiente de detecção geral para cada 100 mil habitantes, por regional de saúde, em 2014 apontou Água Boa com 396,3, Peixoto de Azevedo e Alta Floresta com 244,3, Juara 159,2, Juína 144,7 e Barra do Garças 127,4 casos.

Ela apresentou ainda, um painel com a série histórica dos últimos dez anos. Em 2004, foram registrados 3.304 casos, subindo para 3.565 em 2005, tendo uma queda significativa até 2013, que registrou com o menor número de casos, 2.479. Contudo, em 2014, houve um grande aumento que chegou a apontar 3.009 casos.

Dados de 2009 a 2014 registraram que pessoas com incapacidade física aumentou de 4,4 para 6,6. Crianças e jovens também subiram de 18 para 25,9 casos. Flávia informou que ainda há pessoas que pararam o tratamento, o número de abandono cresceu de 4,6 em 2009, para 6 em 2014. O número de pessoas curadas caiu de 3,9 para 3,2. Já, os multibacilos, pessoas que ainda podem transmitir a doença, ainda registram 1.713 casos, no estado.

“Fornecer orientação técnica permanente aos responsáveis pela decisão e execução de ações de controle das doenças e agravos, disponibilizando informações atualizadas sobre a ocorrência de doenças é o primeiro passo para começar a se discutir as políticas públicas para o enfrentamento”, disse Flávia.

O deputado Dr. Leonardo destacou que a melhor forma de se combater a doença é com a prevenção, através de melhoria na infraestrutura e na rede pública de saúde, com atenção básica e saneamento. O parlamentar destacou o plano estratégico, que será elaborado em parceira com a Secretaria de Estado de Saúde.

“O baixo comprometimento político, a falta de informação apesar das diversas campanhas, a precariedade na infraestutura, como a rede de água e esgoto e a ineficiência da atenção básica são as principais causas para o aumento desta doença. A Europa conseguiu erradicar a hanseníase, não foi com medicamento, foram com essas políticas. Precisamos de um plano consistente e real, com políticas públicas sérias. Fiquei muito contente em ver que o Estado, a AL e os profissionais da área estão engajados nessa luta”, ressaltou Dr. Leonardo.

PRÊMIO CIENTÍFICO
Durante o Seminário, Guilherme Maluf e Dr. Leonardo anunciaram o concurso de trabalhos científicos elaborados com o tema de combate à hanseníase. O deputado Leonardo informou que as pesquisas serão incorporadas nas políticas públicas que a ALMT, juntamente com o governo do Estado deverão elaborar.

CENTRO DE REFERÊNCIA
O parlamentar reforçou durante a sua fala, sobre a Indicação que ele apresentou na semana passada, em sessão plenária, para a criação de um Centro de Referência aos Portadores de Hanseníase. Já existe uma Lei Estadual, nº 9.500, de janeiro de 2011, que autoriza o Poder Executivo a criar o Centro de Referência ao Portador de Hanseníase.

A principal proposta é a assistência às pessoas atingidas pela doença através do atendimento integralizado ao Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com referida lei, a implantação do Centro poderá ser realizada em parceria com o poder público municipal, com hospitais beneficentes, instituições universitárias públicas e privadas ou instituições filantrópicas, que ofereçam cursos e atendimentos nessa especialidade.

O vice-governador Carlos Fávaro afirmou que o Estado irá se empenhar para criação do Centro e reforçou o compromisso do governador Pedro Taques, em mudar essa realidade em Mato Grosso.
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