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14/04/19 às 21:07 / Atualizada: 14/04/19 às 21:46

75 Anos – Nazistas forçaram a criação de Nova Xavantina

Redação Boamidia

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75 Anos – Nazistas forçaram a criação de Nova Xavantina

Foto: Prefeitura de Nova Xavantina

Céu azul, mar de calmaria no Mediterrâneo diante da costa egípcia em 22 de março de 1941. O cargueiro brasileiro Taubaté transportando batatas, vinho e lá, do Chipre para Alexandria, navega em paz e se aproxima do porto quando um avião da Força Aérea da Alemanha, a Luftwaffe, lança bombas na tentativa de afundá-lo. Sem conseguir o intento o piloto metralha a embarcação e a Bandeira do Brasil que tremula em seu mastro. O comandante do navio, Mário Fonseca Tinoco, manda hastear a bandeira branca, mas a fuzilaria continua. Finalmente o avião some na linha do horizonte. A tripulação se depara com o corpo do conferente José Francisco Fraga e com 13 feridos. Fraga foi o primeiro brasileiro morto na Segunda Guerra Mundial.


Submarinos nazistas motivaram a criação de Nova Xavantina -
Foto: Museu Naval

O Taubaté encabeçou a lista das embarcações brasileiras vítimas da Alemanha. Depois dele, entre 1941 e 1944, os ataques atingiram 34 navios do Brasil sendo que 33 foram a pique com 1.400 corpos de tripulantes civis e passageiros. A maior parte fazia cabotagem na Bahia e outros estados nordestinos. O Brasil reagiu declarando guerra ao Eixo – aliança formada por Alemanha, Itália e Japão.

O Rio de Janeiro era capital da República e os militares temiam ataques aeronavais do Eixo à cidade. O ministro da Guerra, marechal Eurico Gaspar Dutra, convenceu o presidente Getúlio Vargas a planejar a transferência dos poderes para a região central, como determinava a Constituição. Assim nasceu o programa Marcha para o Oeste, em busca de lugar seguro, longe dos submarinos e dos temíveis caças alemães.

Dutra era mato-grossense de Cuiabá e aproveitando a brecha constitucional puxou brasa para a sardinha de sua terra na esperança de construir a nova capital em Mato Grosso. O coronel do Exército Flaviano de Mattos Vanique foi nomeado chefe da Marcha – conhecida por Expedição Roncador-Xingu. Os irmãos Cláudio, Orlando e Leonardo Villas-Boas integraram a Expedição e mais tarde assumiram sua direção.

Em 1943 Vargas criou a Fundação Brasil Central (FBC), para administrar o projeto de interiorização e, no pior dos cenários, construir a nova capital. Por sua relevância estratégica a FBC era subordinada diretamente ao presidente da República, o Rio de Janeiro era sua sede e sua presidência ficou com o ministro extraordinário da Coordenação da Mobilização Econômica, João Alberto Lins e Barros.


A criação da cidade teve o dedo do marechal Dutra - Foto: Wikipedia

O marco zero do avanço ao centro do Brasil foi a vila de Barra Goiana, que logo em seguida seria cidade com o nome de Aragarças, na divisa de Goiás com Mato Grosso, ao lado de Barra do Garças. Naquela localidade a FBC montou seu principal escritório e o município ganhou um hospital. A comunicação da FBC com o governo era facilitada pelos voos do Correio Aéreo Nacional (CAN), que faziam escalas no Aeroporto Salgado Filho, que era base da Aeronáutica em Aragarças.

Mato Grosso recebeu influência direta com a FBC e parte do Vale do Araguaia mais ainda, numa área formada por 29 municípios (1) na região compreendida entre as margens esquerda do Araguaia e a direita do rio Xingu, de Barra do Garças ao Pará, com 225.019,886 quilômetros quadrados, que correspondem a 24,90% de Mato Grosso.

Vanique partiu de Aragarças e chegou à margem do rio das Mortes onde em 14 de abril de 1944 fundou a cidade de Nova Xavantina, 80 quilômetros ao sul da área onde se situa Água Boa. Quando Vanique chegou àquele lugar havia vazio demográfico no Araguaia; ao Sul existiam as povoações de Araguaiana e Barra do Garças. Ao Norte, somente São Félix do Araguaia.

Araguaiana, à margem do Araguaia, remonta à época da guerra da Tríplice Aliança formada por Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai (1864/70); pela importância estratégica daquela região ao transporte de soldados recrutados no Pará e Maranhão para as fileiras dos combatentes que enfrentavam as forças armadas paraguaias.

Barra nasceu do garimpo de diamante e da pecuária; sua criação aconteceu em 13 de junho de 1924 por iniciativa de Antônio Cristino Cortês, Francisco Dourado e Francisco Luiz Esteves.


 

Ministro João Alberto, o homem da FBC - Foto: Wikipedia
São Félix do Araguaia começou a se formar em 23 de maio de 1941, quando ali chegou o piauiense Severino de Souza Neves, que fugia para evitar o que se chamava à época casamento na polícia. A aventura de alcova do piauiense o levou primeiro ao Pará, de onde resolveu procurar uma nova terra, em Mato Grosso. Já casado, acompanhado por algumas famílias de empregados, Severino desembarcou à margem esquerda do Araguaia, diante da Ilha do Bananal. Ali, lançou as sementes daquela que seria São Félix do Araguaia.

Dona Florência da Luz, mulher de Firmino da Luz, que trabalhava com Severino, escolheu o nome São Félix do Araguaia. Católica, ela tinha São Félix por protetor contra ataques de índios. E ataques de xavantes ao povoado que se iniciava era o que não faltava.

PAZ – Em 1945 o Eixo foi derrotado pelos Aliados – força formada por Estados Unidos, União Soviética, Inglaterra e França – e o risco de ataque ao Rio de Janeiro cessou. Temporariamente a vitória dos Aliados jogou por terra o plano de transferência da capital, o que somente aconteceria em 21 de abril de 1960, na área denominada Distrito Federal, em Goiás, na divisa com Minas Gerais, onde o presidente Juscelino Kubitschek construiu Brasília.

Nova Xavantina foi distrito de Barra do Garças. Sua emancipação aconteceu em 3 de março de 1980, quando o governador Frederico Campos sancionou uma lei de autoria do deputado Ricardo Corrêa transformando-a em sede de município.

A pecuária é o principal esteio econômico de Nova Xavantina, que integra importante bacia leiteira.
1 – Água Boa, Alto Boa Vista, Araguaiana, Barra do Garças, Bom Jesus do Araguaia, Campinápolis, Canabrava do Norte, Canarana, Cocalinho, Confresa, Gaúcha do Norte, General Carneiro, Luciara, Nova Nazaré, Nova Xavantina, Novo Santo Antônio, Novo São Joaquim, Paranatinga, Pontal do Araguaia, Porto Alegre do Norte, Querência, Ribeirão Cascalheira, Santa Cruz do Xingu, Santa Terezinha, Santo Antônio do Leste, São Félix do Araguaia, São José do Xingu, Serra Nova Dourada e Vila Rica.
 
Nova Xavantina

Município com 5.530 km² e 21.231 habitantes, Nova Xavantina é atravessada  pela BR-158 que liga Barra do Garças ao Pará, e banhada pelo rio das Mortes, que a divide ao meio. Tem um campus da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), é sede de comarca e um polo indígena – os xavantes estão aldeados em áreas no município e vizinhança.

A cidade fica a 150 quilômetros ao Norte de Barra do Garças e  observa o fuso horário de Brasília. Sua principal ligação é com Goiânia, que é carinhosamente chamada de capital das duas margens do Araguaia.

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  • por Carlos Augusto Mendes Cunha, em 15/04/19 às 07:39

    Há controvérsias.: Apesar dos Xavantes depender do comércio de nova Xavantina. Não existe Aldeia no município. Faltou a biografia de Cel Vanique. A história dos nazistas ficou vaga.

 
 

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