Lideranças de Terras Indígenas de Areões, Pimentel Babosa e Marãiwatsédé realizaram uma reunião com o presidente da Fundação Nacional do Índio, Wallace Bastos, para tratar sobre as condições do Povo Xavante. O fortalecimento da Coordenação Regional de Ribeirão Cascalheira-MT e a ampliação do Comitê Regional estiveram entre os principais temas abordados durante o encontro.
Cerca de 50 indígenas Xavante participaram da reunião na Câmara de Vereadores de Ribeirão Cascalheira-MT, na última quinta-feira (7), que também contou com a participação da Coordenação Regional/Funai de Ribeirão Cascalheira e da Coordenação Técnica Local Água Boa I, o ouvidor da Fundação, Thiago Fiorotti, e a coordenadora-geral de Gestão Estratégica, Núbia Augusto de Sousa. As lideranças indígenas expuseram os problemas das aldeias e apresentaram suas reivindicações.
De acordo com relatória da reunião, produzido pela Coordenação Regional de Cuiabá, o cacique da aldeia Wedeze (TI Pimentel Barbosa), Tsetetó Siruapi, disse que há esperança por melhor assistência e pediu que sejam consideradas as diferenças que existem entre Povos Xavantes. O cacique afirmou que "o trabalho da Funai deve ser feito com quem gosta de indígena e que todos somos iguais e devemos trabalhar e lutar pela causa indígena".
Representante da TI Areões, Anderson Siruiá, afirmou que desde de 1983 outra terra indígena espera por demarcação: a TI Areões II. Ele também comentou sobre a importância para o Povo Xavante da relação entre sustentabilidade e mecanização da lavoura. Ao falar sobre a retirada ilegal de madeira nos territórios indígenas, Siruiá cobrou mais estrutura para que a Funai atenda a comunidade da TI Areões.
Damião Paridzané, cacique geral da TI Marãiwatsédé, reivindicou o início das obras do desvio da BR-158 para que a estrada não passe dentro do território indígena, bem como a aplicação imediata do plano protetivo do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). Paridzané também cobro a melhoria da fiscalização por parte da Funai, Polícia Federal e Ibama contra as agressões sofridas por indígenas Xavante.
José de Arimateia Tserewamriwe Tserenhitomo, outra liderança da aldeia Marãiwatsédé, apresentou a preocupação da comunidade indígena em relação à BR-158 e reivindicou a necessidade de se efetivar o coordenador regional da Fundação para a região. Ele agradece a presença do presidente da Funai, ressaltando que ela cumpra as determinações da Convenção Nº 169 da Organização Internacional do Trabalho.
Reunião com servidores da Funai na Coordenação Regional de Ribeirão Cascalheira
Ponte de diálogo
Ainda de acordo com o relatório, Jurandir Siridiwê Xavante, liderença da Terra Indígena Pimentel Barbosa, salientou a participação e o diálogo proporcionados pelo encontro entre o presidente e o Povo Xavante. Ao comentar os casos de invasão de terras indígenas por não índios, Siridiwê salientou a importância do Comitê Regional e abordou aspectos da fiscalização e da gestão ambiental e territorial.
Wallace Bastos afirmou que o orçamento de 2019 deve atender às três Terras Indígenas, cuja aplicação será decida com a avaliação do Comitê Regional. Bastos destacou "a importância do diálogo para que seja definido o chefe da Coordenação Regional". Sobre a BR 080, ele explicou que "serão reiniciados os trabalhos para a identificação do componente indígena, tendo em vista que o resultado do trabalho anterior foi rejeitado pelos indígenas e pela Funai", explicou.
Antes da reunião com as lideranças indígenas, Bastos também se reunião com servidores da Funai na sede da Coordenação Regional de Ribeirão Cascalheira. O coordenador regional substituto, Alexandre Croner, disse que este encontrou serviu para que os servidores da Funai pudessem falar sobre os problemas que enfrentam para efetivar a política indigenista dentro das aldeias, no contato direto com os índios. "O fato de o presidente ter ido conversar com os índios frente a frente dá um novo ânimo para que a comunidade trabalhe, já que nós temos uma da presidência da Funai presente nas aldeias para saber o que que passamos lá e como fazer para melhorar o atendimento aos indígenas", disse.