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11/07/18 às 17:28

Em expansão, cursos a distância esbarram em população 'offline'

Brasil ainda possui 46% de casas sem acesso à Internet, segundo dados oficiais

Débora Ramos

AguaBoaNews

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Em expansão, cursos a distância esbarram em população 'offline'

Foto: Divulgação

No último censo publicado pela Associação Brasileira de Ensino a Distância (Abed), os professores já demonstravam preocupação com a quantidade de pessoas com acesso à Internet no Brasil, assim como a qualidade da conexão. Os números do setor foram animadores nos últimos anos, com a duplicação das ofertas de cursos técnicos a distância, por exemplo, em um período de 10 anos, mas chegar até a população "offline" ainda é um desafio.
 
De acordo com a última pesquisa TIC Domicílios, feita em 2016, 46% dos lares brasileiros ainda estão desconectados da web. O índice sobe para 54% entre as famílias com renda entre um e dois salários mínimos. De acordo com o estudo, a maioria dessas pessoas moram nas periferias das grandes cidades e zonas rurais onde geralmente não se tem acesso à eletricidade ou água encanada.
 
Os dados da TIC ainda mostram que, em 14% das residências brasileiras, o único acesso à internet é feito apenas pelo celular. A internet móvel é a principal forma de conexão em 9,3 milhões de residências, principalmente entre as classes D e E, na Região Norte e nas áreas rurais.
 
Sem acesso, muitas pessoas pelo país ainda recorrem aos chamados telecentros: espaços com conexão gratuita e periódica em que os cidadãos podem utilizar um computador apenas apresentando o documento pessoal. No caso de São Paulo, o governo instalou há duas décadas o programa AcessaSP, com pontos de Internet em estações de trens e metrô e nas unidades do Poupatempo, mas ainda há problemas: alguns postos estão fechados e eles não funcionam durante à noite, quando muitos trabalhadores estão em casa e poderiam estudar à distância.
 
"Os cursos regulamentados totalmente a distância e os cursos livres não corporativos são os que mais fazem uso de ambientes virtuais de aprendizagem. São cursos que buscam fortemente recursos disponíveis na Internet", afirma Cristiana Mattos, professora e coordenadora de Tecnologia Educacional do Colégio Bandeirantes, de São Paulo.
 
“Falar em acesso universal e democrático significa ultrapassar a barreira da infraestrutura de telecomunicações, que hoje é insuficiente e distribuída de forma extremamente desigual e estabelecer condições especiais de contratação, que atendam aos consumidores de baixa renda”, destacou a especialista em políticas de telecomunicações e advogada da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), Flávia Lefèvre.
 
Outra barreira a ser ultrapassada para a universalização do acesso, segundo Lefèvre, diz respeito aos planos. É necessário fiscalizar a atuação comercial dos provedores de acesso à internet, cujos planos ofertados no mercado desrespeitam garantias básicas conquistadas com o Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014), entre elas, a continuidade da prestação do serviço e a neutralidade da rede.
 
Desde que o Marco Civil da Internet foi aprovado, em 2014, o acesso à internet é considerado um serviço essencial para todos e condição fundamental de garantia da cidadania. Cada dia mais, aspectos da vida cotidiana dos cidadãos dependem da conexão à rede, por exemplo, o pagamento de contas, o acompanhamento sistemático da gestão pública e até mesmo a inscrição em concursos públicos.

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