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25/06/18 às 12:56

Buenos Aires: a cidade com mais estádios de futebol do mundo

Desde 2016, prefeitura da cidade leva turistas para um recorrido pelos principais bairros futebolistas portenhos, como La Boca e Nuñez, casas dos rivais Boca Juniors e River Plate

Débora Ramos

AguaBoaNews

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Buenos Aires: a cidade com mais estádios de futebol do mundo

Foto: Divulgação

Não há uma cidade no mundo que se veja e se jogue futebol tanto como em Buenos Aires, na Argentina. A metrópole, que com 13 milhões de habitantes é a terceira mais populosa da América Latina, é a que tem mais estádios com capacidade para mais de 10 mil espectadores - 36.
 
Muitos portenhos - os habitantes do município de Buenos Aires – e bonaerenses – os que vivem nos subúrbios - jogam futebol amador pelo menos uma vez por semana em ligas ou em partidas com amigos que sempre acabam em pizzas, "asados" e que reúnem de jovens a senhores de até 70 anos.
 
O escritor Alejandro Dolina, que em seu livro Crónicas del Ángel Gris escreveu um texto famoso sobre futebol – "Apuntes de fútbol en Flores", bairro portenho de sua inspiração – segue jogando futebol todas as terças-feiras: ele tem 71 anos e geralmente enfrenta zagueiros entre os 20 e os 30.
 
"É difícil encontrar alguém que não tenha o costume de jogar futebol. Ao contrário, nas minhas viagens a Madri ou Barcelona é muito difícil armar uma partidinha", comentou ao jornal La Nación. "Claro que o que acontece na Argentina não garante a qualidade do futebol: hoje, não se está jogando tão bem como antes", completou, se referindo à seleção que está na Rússia para disputar a Copa do Mundo.
 
Entre os 36 estádios para mais de 10 mil pessoas de Buenos Aires e sua periferia, o maior é o Monumental, no bairro de Nuñez, de propriedade do River Plate. A arena – onde a seleção manda a maioria dos seus jogos quando atua em casa – pode receber até 61.600 torcedores. Em seguida, está o Presidente Perón ("El Cilindro"), do Racing de Avellaneda (51.300 espectadores).
 
Há ainda outros seis estádios com capacidades entre 40 mil e 50 mil pessoas, outra meia dezena que recebe entre 30 mil e 40 mil, oito entre 20 mil e 30 mil e 14 entre 10 mil e 20 mil. O menor é o campo do Argentino de Merlo, da terceira divisão local, no bairro de Merlo, ou o do San Miguel, da quarta divisão, que joga no Malvinas Argentinas, em Los Polvorines, para, no máximo, 11 mil pessoas.
 
A metrópole argentina supera em estádios de futebol com tais capacidades outras grandes cidades do mundo, como São Paulo (15 estádios), Londres (12), Rio de Janeiro (9) e Madri (5). Nos pacotes de viagens brasileiros vendidos para a capital portenha, por exemplo, visitar os estádios sempre está entre os principais passeios (veja mais abaixo).
 
"Buenos Aires é uma das três cidades com mais estádios de futebol de qualquer tamanho, junto com Londres e Montevidéu, e uma das explicações possíveis é que aqui se manteve a tradição britânica de cada clube ter seu próprio estádio", comentou o professor Julio Frydenberg, da Universidad de Buenos Aires (UBA), que escreveu o livro Historia Social del Fútbol, ao Clarín.
 
"Em outros países, todas as equipes de uma cidade jogam no estádio municipal. Aqui, teve muita luta dos clubes para conseguir seu terreno e construir as tribunas, com a ajuda dos vizinhos e de alguns mecenas", completou.
 
Frydenberg recorda que, nas primeiras décadas do século XX, enquanto os clubes de futebol se estruturavam na Argentina, era praticamente obrigatório que todos os homens jogassem no exército, na paróquia, no sindicato, nas empresas onde trabalhavam, nas escolas ou nas companhias de teatro.
 
Nas décadas de 1940 e 1950, se tornou "obrigatório" também ir ao estádio ver futebol. Ambas as tradições, ainda que continuem, deixaram de ser uma imposição social. "Só continuam os vestígios dela", disse o professor.
 
Esses vestígios seguem impressionando os olhos dos estrangeiros, como é o caso do jornalista alemão Christian Thiele, autor do livro Instrucciones para Argentina, que foi publicado em alemão em seu país. Um dos textos da obra fala justamente sobre a "obrigatoriedade" de jogar futebol às segundas-feiras.
 
"O homem argentino não necessita de muitas coisas para viver, mas apenas de algumas: uma vaca morta nos dentes e o futebol da noite", assinalou ao diário espanhol El País. Ele contou que se impressionou com a quantidade de pequenos campos para alugar disponíveis em Buenos Aires, assim como as dificuldades de jogar futebol com argentinos.
 
Considerando apenas Buenos Aires, onde vivem quase 3 milhões de pessoas, 412 campos de futebol com capacidades para 5 a 11 jogadores estavam habilitados em 2015, de acordo com a administração municipal.
 
Os passeios pelos estádios mais famosos

No final de 2016, a prefeitura de Buenos Aires passou a oferecer um tour chamado "Barrios Futboleros": três vezes por semana, pequenos ônibus turísticos saem da praça em frente ao Centro Cultural Néstor Kirchner, próximo à estação Alem do metrô portenho, e levam os visitantes por um circuito de cinco estádios portenhos. A jornalista Monique Silva fez o passeio em setembro do ano passado e escreveu um guia sobre ele (acesse clicando aqui).
 
O tour conta não apenas as histórias dos clubes e seus estádios, mas também dos bairros onde eles estão localizados. São eles La Boca, Parque Patrícios, Boedo, La Paternal e Nuñez, regiões onde se sediam Boca Juniors, Huracán, San Lorenzo, Argentinos Juniors e River Plate, respectivamente.
 
O circuito ainda percorre bairros como Retiro, Monserrat, San Telmo, Barracas, Flores, Caballito, Villa del Parque, Villa Crespo, Palermo e Belgrano.
 
Não se paga nada pelo ônibus, mas os visitantes precisam tirar o dinheiro da carteira para acessar os estádios - alguns permitem até que se pise no campo de jogo - e por um almoço opcional.

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