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11/06/18 às 11:21

Marrocos reclama à Fifa sobre manobra dos EUA para sediar Copa de 2026

Campanha marroquina afirma que proposta norte-americana quer incluir quatro associações na votação que vai escolher a sede do Mundial pós-Catar

Débora Ramos

AguaBoaNews

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Marrocos reclama à Fifa sobre manobra dos EUA para sediar Copa de 2026

Foto: Divulgação

O Marrocos reclamou à Fifa na semana passada após a entidade permitir que os Estados Unidos incluam quatro territórios além-mar na eleição que vai escolher a sede da Copa do Mundo de futebol de 2026. O país africano é um dos principais candidatos a receber o torneio, mas luta contra a campanha conjunta entre Canadá, México e EUA.
 
O processo de seleção da sede da Copa que acontecerá daqui oito anos vai começar apenas em junho, oito anos depois da cerimônia que escolheu a Rússia como sede deste ano e o Catar para 2022. As decisões foram tomadas por um comitê executivo da Fifa de 22 homens, mas para o campeonato de 2026, a entidade modificou a forma de escolha: um congresso com todas as 211 associações filiadas à Fifa - exceto aquelas que têm interesses em conflito - vai determinar o país da Copa.
 
A tática dos Estados Unidos é inserir quatro territórios administrados pela Casa Branca entre os votantes, já a federação estadunidense estará de fora: a Samoa Americana, a ilha de Guam, Porto Rico e as Ilhas Virgens Americanas. No caso da primeira, seus habitantes são considerados cidadãos estadunidenses, enquanto as outras três possuem a maioria dos direitos da cidadania dos EUA.
 
A equipe marroquina levou a questão à Fifa em abril, durante reunião do comitê executivo, e recebeu como resposta que cabe a cada uma das associações envolvidas no conflito se manifestar. Até agora, nenhuma delas o fez.
 
A cláusula central nas regras de escolha da sede daquele ano é a 4.2, que atesta o seguinte: "Em um evento em que um delegado do congresso da Fifa tem um conflito de interesse, ele não deve desempenhar suas funções em conexão com tais interesses, e a associação-membro representada por esse delegado deve declinar de participar do processo de voto no congresso da Fifa pela decisão do direito de receber a Copa do Mundo de 2026".
 
Um dia depois, a Fifa afirmou à Press Association Sport (PAS), entidade que também atua a nível internacional no futebol, que a questão será resolvida em Moscou. Os marroquinos ficaram insatisfeitos com a resolução e escreveram um novo ofício à Fifa afirmando que os quatro territórios não devem votar no congresso.
 
A campanha batizada de United 2026 (México, EUA e Canadá), por sua vez, afirmou que o Marrocos está promovendo uma "tentativa cínica de se intrometer no processo democrático de escolha" e "rejeita a ideia de que quatro associações-membros não possam escolher entre as campanhas".
 
A hierarquia da Fifa, incluindo seu presidente, o italiano Gianni Infantino, é publicamente favorável à campanha de EUA, México e Canadá. Recentemente, o presidente dos EUA, Donald Trump, se envolveu no conflito: em um tweet em maio, ele afirmou que seria "vergonhoso" se países apoiados pela Casa Branca não votassem para que a Copa de 2026 voltasse à América do Norte.
 
Por outro lado, o ex-jogador francês Lilian Thuram, campeão do mundo com sua seleção em 1998, e que hoje é o principal nome de apoio da campanha marroquina, rebateu. "Quando eu penso sobre o que o esporte deveria trazer para nossas crianças é jogar dentro das regras, atuar limpo. Trump não está seguindo esse caminho. Ele está sendo dirigido por um 'jogo de poder'", afirmou. "Ele está tentando impor sua visão", completou.
 
Segundo a imprensa internacional, a Copa do Mundo de 2026 é disputada por cinco países atualmente: Marrocos, a campanha conjunta de Estados Unidos, México e Canadá, e a China. Em 2014, o jornal estadunidense Boston Globe listou todos os benefícios econômicos de receber uma Copa do Mundo: receitas de transmissões dos jogos, de serviços, aumento massivo do serviço hoteleiro, melhora da infraestrutura e, segundo o site do corretor Paulo Roberto Leardi, um aumento nas vendas de imóveis nas sedes.
 
A resolução da Fifa também é importante porque será determinante para as regras da escolha da Copa do Mundo de 2030. A Inglaterra - que falhou em duas tentativas de levar o Mundial, em 2006 e em 2018 - tem uma especial atenção à decisão: o jornal The Telegraph já afirmou que, se a Samoa Americana e os outros territórios forem colocados fora do conflito de interesse em relação aos EUA, o mesmo deverá valer para Irlanda do Norte, Escócia e Gales, por exemplo.

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