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10/03/18 às 11:23

Sementes de plantas dos povos indígenas são preservadas pela Embrapa

Banco de armazenamento de material genético é utilizado para fornecer sementes aos povos indígenas quando o estoque está próximo de terminar

Revista Galileu

AguaBoaNews

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Sementes de plantas dos povos indígenas são preservadas pela Embrapa

Plantação de milho

Foto: Pixabay

Espigas de milho estavam prestes a brotar nas terras dos índios Kayabi, no Parque Indígena do Xingu (MT), quando uma onda de calor e estiagem se abateu sobre o milharal, no início de 2017. Não sobrou planta para contar a história.

A sorte é que, há cerca de 15 anos, aquelas sementes foram preservadas pela Embrapa em uma estrutura chamada banco de germoplasma — câmaras extremamente frias que armazenam o material genético de espécies vegetais — localizada em Sete Lagoas (MG). Após a perda da lavoura, Siranhu, cacique da aldeia Ilha Grande, pediu ajuda aos cientistas pela segunda vez. A primeira foi em 2012.

“Rapidinho, nós multiplicamos o material e conseguimos encaminhá-lo”, diz Fábio Freitas, engenheiro agrônomo da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília. As sementes foram entregues à aldeia em novembro e crescem sadias em meio a outros cultivos, como amendoim, batata-doce, cará, feijão-fava, mandioca, algodão.

Freitas é especialista em etnobotânica e, há 20 anos, estuda as plantas tradicionais das etnias do Xingu. Em parceria com a Funai, atua junto aos indígenas. Para ele, a devolução das sementes celebra um ciclo entre ciência e povos tradicionais.

O trabalho é fruto do esforço de vários pesquisadores, como a agrônoma Flávia França, curadora do banco de germoplasma na Embrapa Milho e Sorgo, que armazena 4,1 mil espécies — 234 de origem indígena. “Não é um programa de fornecimento de sementes”, explica França. “A ideia é que elas sejam multiplicadas nas aldeias, o que lhes proporcionará resgatar o domínio de sua diversidade cultural.”

Como nenhum milho é igual a outro, certas espécies são fundamentais para pratos típicos ou para rituais. Por motivos diversos, muitas desaparecem das aldeias, mas não da memória. França nunca se esquece da reação de um senhor indígena de outra etnia ao pegar na mão uma espiga que não via desde a infância. “Os olhos dele brilharam, foi muito gratificante.”

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