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16/02/18 às 15:12

Os planos da empresa brasileira que quer voltar a revelar fotos

Seis anos após bancarrota da Kodak, serviço volta a ser oferecido no país

Débora Ramos

AguaBoaNews

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Os planos da empresa brasileira que quer voltar a revelar fotos

Foto: Divulgação

Seis anos depois da falência da Kodak, a gigante estadunidense de produtos para fotografia que dominou o mercado brasileiro por décadas, outra empresa pretende ocupar o espaço vago: com sede em Miami, nos Estados Unidos, a Phooto voltou a oferecer o serviço de revelação de fotos no ano passado.
 
Segundo a diretora da empresa, Anik Strimber, o negócio se ampara na expectativa de que as pessoas ainda querem revelar suas fotos mesmo na era dos smartphones e câmeras digitais -- uma opção difícil de encontrar mesmo nas grandes cidades do país.
 
“A fotografia não deixou de ser a eternização de um momento. Quando você fotografa algo, é porque quer guardar aquela experiência”, diz ela.
 
“O que está acontecendo hoje, na era dos celulares, é que esses momentos ficam perdidos na nuvem, na memória do celular. Portanto, nosso trabalho é relembrar a importância não somente de fotografar, mas de reviver o momento, de rememorar aquilo que foi vivido”, completa.
 
A Phooto também se baseia no fato de que as experiências fotográficas não perderam um caráter sentimental que os pais da geração atual possuíam.
 
"Uma das coisas mais interessantes da história da falência da Kodak é que todo mundo ficou triste. Havia um tipo de conexão emocional entre as pessoas e a empresa. Você podia ver o nome da Kodak dentro de muitas casas nos EUA e, em cinco anos, isso desapareceu", comentou Robert Burley, professor de fotografia da universidade Ryerson, de Toronto, no Canadá, ao jornal britânico Independent.
 
O jornal estadunidense New York Times publicou uma reportagem há dois anos se perguntando como a Kodak, outrora responsável por quase todo o mercado fotográfico dos Estados Unidos e de boa parte do mundo, ainda sobrevivia.
 
A empresa já havia perdido seu parque industrial nos EUA, assim como milhares de funcionários até a declaração de falência, em 2012. Hoje, ela sobrevive por causa de um mercado pequeno do nicho fotográfico profissional.
 
Para Anik Strimber, da Phooto, essa demanda emocional não acabou. “Existem cada vez mais pessoas tirando fotos de tudo, mas também há um movimento crescente de jovens que querem revelar as fotos por causa dos pais, que ainda viveram na época em que era um serviço comum”, diz Anik.
 
Entre os fotógrafos, o fenômeno moderno de produção massiva de imagens suscita questões. Enquanto alguns acreditam que a popularização de dispositivos com câmeras fotográficas foi benéfica, pois democratizou os registros de imagens, outros acham que a fotografia perdeu seu caráter reflexivo ou, como aposta Anik, deixou de ser uma memória como era.
 
“A fotografia se tornou um fenômeno de reprodução de massa no século 19. A revolução digital só faz parte desse processo, é uma tendência histórica”, diz o artista e professor de produção fotográfica, Elinaldo Meira.
 
“Todo mundo tem acesso a uma câmera, mas ninguém pensa. Estamos no momento em que se produz a maior quantidade de fotos da história humana e, ao mesmo tempo, ninguém reflete sobre nada”, finaliza o também fotógrafo e professor universitário, Rogério Nagaoka.

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