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01/09/15 às 12:23

Pesquisador diz que produtividade média atual só cobre os custos da soja

Rafael Govari

Jornal O Pioneiro

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Pesquisador diz que produtividade média atual só cobre os custos da soja

Sérgio Abud disse que nos últimos 15 anos a produtividade da soja no Mato Grosso ficou estagnada em 51 sacas por hectare em média

Foto: O Pioneiro

CANARANA - Produtores, agrônomos e demais profissionais voltados para a área agrícola, participaram na noite do dia 19 de agosto no CTG Pioneiros do Centro Oeste, da 10ª edição do Circuito Aprosoja. O destaque desta edição foi a palestra “Que agricultura você quer ter daqui a 10 anos?”, ministrada por Sérgio Abud, pesquisador da Embrapa Cerrados. O Jornal O Pioneiro conversou com o pesquisador.

Sérgio Abud disse que nos últimos 15 anos a produtividade da soja no Mato Grosso ficou estagnada em 51 sacas por hectare em média. Porém os custos vêm aumentando a cada ano. “Podemos chegar a um ponto que pode se tornar inviável a soja dentro do sistema de produção que vem sendo praticado hoje”, falou. De 1976 a 2000, a produtividade subiu 113% no Mato Grosso. “Então nós estamos preocupados com esse problema da estagnação”, colocou. O produtor ainda não quebrou porque o preço da soja oscilava. “No mesmo momento que o custo subia, o preço da soja também subia, fazendo uma compensação”, complementou.

O pesquisador diz que a estagnação tem sua origem em vários problemas. Sergio explicou que os erros iniciam no preparo do solo, mas que depois do plantio, a produtividade máxima a ser alcançada já está estabelecida e o que o produtor pode fazer dali em diante é evitar perdas. “Temos problemas com manejo fitossanitário, que é controle de plantas daninhas, consequentemente tira uma parte dessa produtividade. Outro problema é o manejo de doenças; o Mato Grosso, com clima tropical, favorece o desenvolvimento de doenças e erros na aplicação dos produtos tira também uma fatia dessa produtividade. As pragas que hoje atacam a soja, atacam o milho e atacam o algodão, uma disponibilidade de alimento para a praga durante todo o ano e fica difícil o controle, o que tira mais uma fatia da produtividade. Outro fator é a plantabilidade; como a janela de plantio é estreita, o produtor antecipa e planta fora da época ideal; isso também baixa a produtividade. Antecipar a colheita dessecando a planta leva mais uma fatia da produtividade. São muitos fatores associados”, explicou.

Além dessa junção de fatores, o pesquisador alerta para a capacidade operacional de cada produtor. Alguns, no objetivo de plantar mais para obter lucro em escala, acabam não tendo condições operacionais de fazer uma planta com qualidade. “Às vezes é preciso reduzir a área para o tamanho de sua capacidade técnica e operacional. Se ele planta muito bem 500 hectares e tem como lucro 5 sacas por hectare, e resolve plantar dois mil, talvez terá de lucro um saco por hectare, aumentando o risco, trabalhando mais e até tendo menos lucro. Precisamos fazer o que é agronomicamente viável com o que é operacionalmente possível. Tudo isso reduz custos e produz mais”. O pesquisador falou que essa junção de fatores diminui a produtividade. “São atitudes que não demandam mais gastos, mas de um posicionamento agronômico que muitas vezes entra em conflito com o que é operacionalmente fácil. Então ele deixa de fazer aquilo que é agronomicamente viável e mais barato, que vai garantir uma produtividade, para fazer o que é mais fácil. Isso retira dele uma fatia do que a gente chama de tecnologia do capricho”, colocou.

Hoje, uma safra com média de 51 sacas dá somente para pagar os custos de produção no Mato Grosso, afirma o pesquisador, que acredita, porém, que essa média pode ser ultrapassada, pois o Mato Grosso possui condições climáticas invejáveis, boa qualidade de solo e ainda produtores capacitados. “Esse tema da Aprosoja de buscar qual é a agricultura que queremos para o futuro, para mim será um marco e a partir de agora, com a capacidade técnica do produtor e as outras vantagens, com certeza iremos superar a marca de 51 sacas, batendo patamares de 60, 70 sacas, garantindo a economia do estado e alimento para o mundo”. Atualmente o estado cultiva mais de 13 milhões de hectares e produz mais de 53 toneladas de várias culturas.

Além da palestra sobre o futuro da agricultura, o presidente da Aprosoja, Ricardo Tomczyk, ministrou a palestra institucional “Dez anos de Aprosoja”. ”O objetivo foi levar os agricultores a uma reflexão sobre a produção de soja em Mato Grosso, os erros e os acertos e o que queremos para o futuro”, disse Ricardo Tomczyk.
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