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23/11/17 às 10:42

Governo Trump pode entregar de bandeja 115 milhões de consumidores para o Brasil

Donald Trump pode ajudar o Brasil: basta endurecer as negociações com o México e obrigar o vizinho a buscar novos mercados para comprar alimentos.

Giorgio Dal Molin | Gazeta do Povo

Edição AguaBoaNews, Clodoeste Pereira 'Kassu'

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Governo Trump pode entregar de bandeja 115 milhões de consumidores para o Brasil

Foto: Assessoria

Assim que as novas cartas do NAFTA estiverem na mesa e México, Estados Unidos e Canadá terminarem o jogo, o Brasil é candidato a ser o vencedor. A próxima negociação entre os países do tratado comercial do Atlântico Norte será essencial para definir a estratégia brasileira para conquistar, de vez, um novo parceiro: os mexicanos.

“A previsão passada pelo Itamaraty é que [a situação comercial entre os países do Norte] se estenda até o final do primeiro trimestre de 2018”, afirma a assessora de Negociações Internacionais, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Camila Sande.

E será nesse momento que o Brasil ‘partirá para o ataque’. “O momento é delicado em função do Governo Trump, então vamos acompanhar a renegociação em relação a produtos agrícolas. Eles (México e Estados Unidos) têm uma relação consolidada no ambiente empresarial. Não acreditamos que o México vai parar de comprar [dos EUA], mas tudo depende de tarifas e acessos [de um país ao mercado do outro]”, explica Camila Sande.

Acordo comercial: Brasil México

Nos bastidores, Brasil e México já vêm se aproximando. No primeiro semestre, o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira, se reuniu com o secretário de Economia do México, Ildefonso Guajardo, durante o Fórum Econômico Mundial para América Latina.

Na última semana, o Governo do Brasil e a CNA estiveram em encontros da Coalizão Empresarial Brasileira (CEB), na sede do Ministério das Relações Exteriores (MRE), em Brasília. O interesse é ampliar o Acordo de Complementação Econômica (ACE - 53), firmado entre Brasil e México em 2002 para setores industriais e agrícolas, criar novas regras e facilitar o comércio e barreiras não tarifárias.
“É um acordo que começou a ser negociado [em 1996], antes da decisão do Mercosul de que os países membros teriam de negociar somente em bloco, o que permite uma negociação bilateral com o México”, afirma Sande.

México: alimentos importados

E por que tanto interesse no México? “É um mercado importador líquido de alimentos, com cerca de 80% a 90% vindos dos Estados Unidos e Canadá”, destaca a especialista.

Ao todo, mais da metade do consumo de alimentos dos 115 milhões de habitantes do país latino vem de outros países, segundo informações do Conselho Nacional de Avaliação de Política Social do México. Desse total, cinco produtos representam 60% das importações agropecuárias mexicanas: milho, semente de soja, trigo, leite e derivados, e semente de canola.

Devido à supersafra brasileira de grãos deste ano, que totalizou 110,2 milhões de toneladas de soja e 93,7 milhões de toneladas, conforme dados da Expedição Safra, com montanhas de milho a céu aberto, o Brasil pode ampliar as exportações de grãos para o México, reforçando o abastecimento das 16,5 milhões de cabeças de gado do país.

“Nos últimos três anos tivemos crescimento em exportações de soja e milho, mas os carregamentos seguem bastante irregulares”, destaca Pedro Souza Netto, assessor da InterAgro - Rede Agropecuária de Comércio Exterior da Superintendência de Relações Internacionais da CNA.

Outro foco de expansão é a proteína animal. Camila Sande cita que o Brasil já exporta frango para o país e quer abrir seu mercado para outros tipos de carne: “Principalmente a carne bovina, mas queremos consolidar a carne de frango após a janela da gripe aviária identificada nos Estados Unidos”. 

Com o caso ocorrido no sul do Tennessee, em março, uma cota de exportação maior foi aberta para o frango brasileiro, que pode - assim como arroz, café, leite em pó, carne bovina, milho e frutas - chegar em peso às prateleiras dos supermercados mexicanos. Basta Trump colaborar arrumando [mais] confusão com o vizinho do sul nas negociações do NATFA. 

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