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29/09/17 às 22:25

Desigualdade - Bolsões sociais revelam contrastes

Mato Grosso tem 141 municípios que se dividem entre primos ricos e primos pobres conforme mostram indicadores sociais

Eduardo Gomes, Diário de Cuiabá

Edição AguaBoaNews, Clodoeste 'Kassu'

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Carro-chefe da economia mato-grossense o agronegócio criou bolsões de prosperidade. Alguns municípios crescem além da média nacional, outros também avançam, mas há um grupo que se distancia dos demais. Enquanto em 17 o Produto Interno Bruto (PIB) é acima de R$ 1 bilhão de reais, um bloco com 13 não alcança sequer R$ 50 milhões. Entre os dois extremos há outros que se aproximam dos primos ricos e os que tentam se afastar dos primos pobres. A riqueza nasce da força da iniciativa privada. A pobreza atesta a crônica incapacidade do governo em criar políticas públicas para gerar emprego e renda no lado mais negativo dos indicadores econômicos que mede o PIB, renda per capita e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

Mato Grosso convive com a dualidade entre bolsões de prosperidade e de pobreza. Com 141 municípios, a diferença entre o maior PIB municipal, o de Cuiabá, de R$ 20.525.597.000, e o menor, de Araguainha, de R$ 14.285.000, é muito grande: R$ 20.511.313.000.

À exceção de Cuiabá e Várzea Grande, o grupo dos ricos é formado por municípios do agronegócio, 11 foram emancipados após a divisão territorial para a criação de Mato Grosso do Sul em 11 de outubro de 1977; e entre eles estão os 10 mais populosos.

Cuiabá tem uma economia muito à frente das demais cidades mato-grossenses. Sorriso é o maior município agrícola do mundo. Rondonópolis é uma das principais praças do agronegócio nacional e o ponto mais ao norte da ferrovia da Rumo ALL, que escoa commodities ao porto de Santos. Diamantino é a referência do Chapadão do Parecis - maior área agricultável contínua do mundo, com 22 milhões de hectares e que se estende a Rondônia e Amazonas. Cáceres, com mais de um milhão de cabeças de bovinos e bubalinos, é polo pecuário; a cidade tem o porto mais ao norte da Hidrovia do Mercosul, que banha também a Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai, com 3.442 quilômetros de extensão navegáveis entre o porto cacerense e a uruguaia Nueva Palmira, no Atlântico.

MENORES - No bloco dos menores nenhum tem seis mil habitantes e seus indicadores sociais são baixos, principalmente no tocante ao IDH apurado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e medido numa escala de zero a um. Porto Estrela com IDH 0,599 e Nova Nazaré com 0,595 têm classificação “baixo”, inferior a 0,600; esses dois municípios integram o quarteto mato-grossense com o pior IDH, que se completa com Barão de Melgaço (0,598) e Campinápolis – o mais baixo, com 0,538.

Os 13 integrantes do bloco dos primos pobres enfrentam graves problemas provocados pela falta de infraestrutura. Quatro são novos municípios e foram instalados em janeiro de 2001: Nova Nazaré, Vale de São Domingos, Serra Nova Dourada e Novo Santo Antônio. Neles, o paciente que necessitar de atendimento médico de média ou alta complexidade tem que se valer de ambulância para chegar ao hospital de referência regional. Quem mora em Nova Nazaré bate às portas do Hospital Paulo Alemão, em Água Boa; moradores de São José do Povo buscam o Hospital Regional Irmã Elza Giovanella em Rondonópolis ou a Santa Casa de Misericórdia daquela cidade. Os demais se socorrem no hospital regional mais próximo.

Luciara, Novo Santo Antônio, Serra Nova Dourada e Araguainha são municípios do Vale do Araguaia; os três primeiros no polo de São Félix do Araguaia, e o último, na área de influência de Barra do Garças. Os três ligados a São Félix do Araguaia enfrentam o problema da falta de acesso pavimentado e não há nenhum projeto real para a reversão desse gargalo. O resultado do isolamento é o pior possível: Luciara, diante da Ilha do Bananal no lendário Araguaia, tem um dos maiores potenciais turísticos do Brasil Central, mas sua população está em queda; em 1980 tinha 8.159 habitantes; em 1991 esse número despencou para 5.604; e agora está reduzida a 2.043.

Enquanto a riqueza empurra os primos ricos, a falta de infraestrutura emperra os primos pobres, a começar pela saúde, tão distante de sua gente quanto à prosperidade do Mato Grosso do agronegócio.

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