Para muitos, mês de julho é sinônimo de Araguaia. Nesta época de férias, turistas de todo o país aproveitam as praias de água doce formadas no rio, já que neste período o nível está mais baixo e permite a formação de acampamentos em Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Tocantins e Pará. O advogado agroambiental Marcelo Feitosa destaca que, além de ser lembrado como opção de lazer nas férias, o Araguaia é um dos maiores patrimônios ambientais do Estado, mas alerta: “O rio agoniza em relação à proteção de seus recursos ecológicos”.
Segundo Feitosa, o Araguaia sofreu profundas degradações nos últimos anos em razão de interferências ocasionadas pelo homem e pela ausência de efetiva fiscalização ambiental por parte do Estado. Ele acrescenta que a alteração mais fácil de se constatar é a diminuição significativa da ictiofauna (conjunto das espécies de peixes).
“Em virtude da baixa presença do Poder Público para fazer a sua vigilância, o número de espécies de peixes tem reduzido expressivamente. A pesca indiscriminada, inclusive dentro de áreas terminantemente proibidas, é um exemplo de destruição ecológica do rio. Além disso, vale frisar que o aumento da quantidade de espécies de botos tem ocasionado um forte impacto no seu equilíbrio ambiental”, explica.
Penalidades
Para o advogado, para reverter este quadro, é preciso adotar medidas pontuais de proibição completa da pesca esportiva por um período de cinco anos. Marcelo Feitosa ainda reforça que a agricultura e a pecuária podem ser prejudiciais à conservação ambiental da biodiversidade da região do rio. Diante disso, destaca a importância de se utilizar a tecnologia, por meio da captação de imagens pelo Estado, para aplicação de penalidades administrativas e das medidas punitivas judiciais.
“Fato incontroverso que o Araguaia de hoje já não é mais o mesmo de 10 ou até mesmo 15 anos atrás. Deveria ser o contrário, pois se houvesse educação ambiental e acompanhamento efetivo dos órgãos públicos, caminharíamos para uma realidade bastante distinta. O rio agoniza, mas o que me acalma é que ainda há tempo para se reverter este quadro. Depende de esforços coletivos e de muita vontade política”, arremata Feitosa.