O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de um inquérito para apurar a existência de uma organização criminosa no alto escalão do governo do Mato Grosso entre 2006 e 2014.
A investigação vai apurar a existência de crimes apontados nas delações premiadas do ex-governador Silval Barbosa, de três parentes dele e de um auxiliar - todos fecharam acordos com o Ministério Público Federal no âmbito da Operação Ararath.
O pedido de investigação feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, também envolve suspeitas de corrupção, operação clandestina de instituição financeira, gestão fraudulenta de instituição financeira e lavagem de dinheiro.
Não há suspeitos nominados no inquérito. O pedido é para apurar o envolvimento de todos os citados na delação, entre eles o ministro da Agricultura, Blairo Maggi. Segundo Janot, Maggi "exercia incontestavelmente a função de liderança mais proeminente na organização criminosa".
"Entre os agentes politicos, destaca-se a figura de Blairo Maggi, o qual exercia incontestavelmente a função de liderança mais proeminente na organização criminosa, embora se possa afirmar que outros personagens tinham também sua parcela de comando no grupo, entre eles o próprio Silval Barbosa e José Geraldo Riva", diz o procurador.
As delações se originaram na Operação Ararath, que investigou lavagem de dinheiro e crimes financeiros por meio de empréstimos fraudulentos e empresas de fachada.
Segundo o pedido de abertura de inquérito, Silval Barbosa deu 94 depoimentos na delação. Juntos, os outros quatro delatores mais 49 depoimentos, totalizando quase 150.
"[A partir das delações] revelou-se a existência de uma organização criminosa instalada no alto escalão do Estado de Mato Grosso, que funcionou especialmente entre os anos de 2006 a 2014", afirmou o procurador-geral.
No acordo de delação premiada, Silval Barbosa concordou em narrar crimes em troca da redução de uma eventual pena.
Ele concordou em permanecer 20 anos em reclusão, sendo:
- 3 anos e 6 meses em regime domiciliar diferenciado, com uso de tornozeleira;
- 2 anos e seis meses no regime semiaberto, com tornozeleira e recolhimento em casa das 22h às 6h;
- restante da pena no regime aberto diferenciado, sem tornozeleira, devendo comparecer mensalmente ao juízo.
Além disso, durante todo o cumprimento da pena, ele deverá se abster de ocupar cargo público.
Silval também concordou em pagar uma indenização de mais de R$ 70 milhões. Para pagar a indenização, ele terá de entregar diversos bens:
- um lote urbano em Sinop/MT - R$ 860 mil
- uma fazenda em Peixoto de Azevedo/MT - R$ 33.144.381,75
- outra fazenda em Peixoto de Azevedo/MT - R$ 10.497.101,23
- uma aeronave avaliada em R$ 900 mil
- um imóvel em Cuiabá - R$ 1.223.207,34