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23/07/21 às 20:52

Abertura de novas lavouras mostra que Canarana ficou famosa dentro do agro

Conheço uma fazenda comprada esse ano, com grande teor de areia, que vai dobrar a área de lavoura.
 
Quando os pioneiros chegaram aqui na década de 70, vieram em busca de terras, mas praticamente não havia estrutura... Sofreram! Localizada numa região com desafios logísticos e perfil de terras mistas, o agro em Canarana foi avançando mais lentamente.

Entre o final de 80 e início de 90, a Coopercana, até então maior recolhedora de ICMS do Mato Grosso, quebrou, provocando um terrível impacto econômico no agro. Já na safra de 2004, Canarana plantou 105 mil hectares com soja. O preço na época caiu pela metade e no ano seguinte a área cultivada com o grão despencou para pouco mais de 60 mil hectares.

Nesses quase 50 anos, várias fazendas passaram por vários donos. Alguns, entre estes os que mais sofreram, não estão mais entre nós ou não estão mais com as terras. Nem seus descendentes. Sonhos deram certos e também deram errados. A vida é assim. Como escreveu Norberto Schwantes em seu livro ‘Uma Cruz em Terra Nova’, não há como diluir o sofrimento, para que todos padeçam igual.

Como reflexo de sua colonização, a média de área por produtor em Canarana é menor do que em outros municípios. Eles moram na cidade e investem aqui. Mas também dependem de sua atividade para viver. Quando passavam pelas crises, os que conseguiam continuar plantando, levavam anos para se recuperar, se capitalizar e voltar a investir. Outro motivo para o crescimento mais lento.

Em meio aos desafios e crises, diversas culturas foram experimentadas em nossas terras. Esse processo tornou o produtor daqui experiente. E a expansão do agronegócio, mesmo mais lentamente, foi acontecendo. Até chegar aos quase 300 mil hectares com soja atualmente, figurando entre os sete maiores do Mato Grosso e entre os 15 maiores do Brasil.

Com os piores anos ficando para trás, com uma logística melhor, com mais estrutura, com maior oferta de serviços, produtos e tecnologias, aliados com os bons preços das commodities, o agro vive um dos períodos de maior crescimento e avança nas poucas regiões onde ainda há terras abertas para serem convertidas em lavouras.

É o caso de Canarana. Levantamentos apontam que o município tem mais de 150 mil hectares de pastagens para serem convertidos em lavouras. Porém, parte das áreas que ainda não foram utilizadas para agricultura são terras que possuem solos mais arenosos, com silte ou pedra. Requerem investimento inicial maior, o que não tem sido um limitador para quem está vindo ou mesmo para o agricultor estruturado já estabelecido no município.

O perfil do produtor que chega atualmente, um pouco diferente daquele do início da colonização, está mais capitalizado. Plantava em regiões sem possibilidade de expansão e enxerga no município uma oportunidade de crescer. Possui capital para apostar em terras que requerem maiores investimentos, porém, que igualmente tem produzido muito bem.

Mas porque esses produtores estão apostando e vindo para cá? O agro do município está cada vez mais conhecido no Brasil todo. Além, obviamente, das condições do setor estarem favoráveis, é porque de alguma forma ouviram falar de Canarana, que aqui tem suporte e estrutura e que vale a pena investir.

Canarana, o maior produtor nacional de gergelim. Dinetec, o segundo maior evento tecnológico do agro em Mato Grosso. Cada vez mais foi sendo falada na mídia. Ficou famosa. E mesmo já sendo um dos maiores produtores de grãos do país, descobriram que ainda há muita terra aberta, propícia à lavoura aqui, com preço de compra ou de arrendamento interessantes. Eles se somam aos próprios agricultores locais que também investem na expansão.

Um corretor me disse que não está dando conta de atender compradores e arrendatários querendo terras em Canarana. Um catador de pedras me contou que uma área extremamente pedregosa está virando lavoura. Conheço uma fazenda comprada esse ano, com grande teor de areia, que vai dobrar a área de lavoura. Sem contar que o município ainda tem algumas terras com bom teor de argila disponíveis.

Visualmente, por onde se roda, como na Milagrosa, você vê pastagens sendo convertidas para a agricultura. Grandes grupos estão se instalando aqui. Canarana, em poucos anos, vai passar de 400 mil hectares com soja. Vai passar de 200 mil hectares com milho segunda safra. Estará entre os cinco maiores produtores de grãos do Mato Grosso. Eu acredito nisso!

E se uma crise inesperada chegar, porque esse ramo tem grandes riscos, não será a primeira vez. O produtor vai se reerguer e o processo vai recomeçar.
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