Artigos / Cesar Leite

14/03/21 às 19:41 / Atualizado: 14/03/21 às 19:55

O possível fechamento da EMAQUE por quê?


Foto: Homero Sérgio – Querência Hoje

             Há alguns dias venho acompanhando através das redes sociais o possível fechamento da Escola Municipal Agrícola de Querência – EMAQUE. Com o objetivo de vir para o nosso município a SECITEC – (Secretaria de Ciência e Tecnologia) com Ensino Técnico e Profissionalizante. Fazendo uma pesquisa no site da Secitec verifica-se que existem Escolas Técnicas Estaduais de Educação Profissional e Tecnológica nos municípios de Sinop, Poxoréu, Alta Floresta, Lucas do Rio Verde e Tangará da Serra. Com os seguintes cursos nas áreas de agropecuária, recursos humanos, edificações, eletrotécnica, enfermagem, informática, logística, análises clínicas, zootecnia e segurança do trabalho.
 
                Até então, a vinda da Escola para o nosso município com esses cursos não é ruim em hipótese alguma, porém a vinda pelo que constatei é submetida ao fechamento da EMAQUE e a nova Escola Técnica viria com os cursos relacionados acima.
 
                Recebi uma mensagem há alguns dias do que achava da situação, respondi que não era contra, porém corria-se o risco do fechamento da EMAQUE e o principal: Mexia-se no DNA da Escola, que é atender o aluno do interior do município, da pequena a grande propriedade, fazendo com que esse aluno possa atender a propriedade da família, com o conhecimento adquirido na escola. Objetivo esse no momento de criação da escola há 20 anos atrás.
 
                Trabalhei na Escola quando cheguei em 2007. Lecionei Educação Física, Sociologia e Filosofia. Me impressionou a determinação dos alunos em fazer as atividades propostas, no meu caso de Educação Física, o formato do ensino e a área da escola. Eu dava aulas no Ginásio Nilo Perin, os alunos iam a pé da escola para o ginásio e vice-versa. Muitos levavam os tênis na mão para não sujar o ginásio. E assim eram as aulas. Chegavam no ginásio e participavam de tudo que era proposto.
 
               Saí da escola não lembro que ano, mas sempre acompanhei as atividades desenvolvidas: Na Gincana Municipal, na entrega de árvores nos canteiros da praça, em apresentações de trabalhos a nível estadual e nacional, o cultivo de hortaliças para sustento próprio, para outras escolas e venda para a comunidade querenciana, dentre outras. Inclusive sendo premiada com trabalhos desenvolvidos pelos alunos e professores várias vezes a nível estadual e nacional.
 
                Ou seja, a escola sempre desenvolveu a sua atividade fim que é de preparar o aluno para a agricultura familiar e para as grandes propriedades. Sempre fez isso com louvor. O aproveitamento dos alunos sempre foi bom, alguns inclusive chegando nas faculdades fazendo não só Agronomia, mas também outros cursos. Os alunos também ficavam nos alojamentos e suas famílias sempre contribuíram com alimentos ou valores em espécie para cada aluno na medida do possível.
 
            Como disse no início do texto, fiquei surpreendido com o possível fechamento da escola. Houve indignação por todos que fazem parte dela e já fizeram organizando carreatas, reuniões com vereadores, com prefeito e secretaria de educação e pelo que vi de nada adiantou tais conversas entre o poder público, pais, alunos e conselho da escola.
 
                Essa semana também, durante uma olhada no site aguaboanews.com.br, li uma matéria da Escola Estadual Jaraguá em Água Boa (mantida pela SEDUC), onde a escola nos moldes da EMAQUE realiza um trabalho fantástico com seus alunos, tendo uma área de 33 hectares, trabalhando com a pedagogia da alternância (os alunos ficam um tempo na escola e um tempo em casa) com seus alunos (ler AQUI). Matéria parecida vi também no Programa Globo Rural onde no Oeste Catarinense existem a Casa Familiar Rural, que também é uma escola agrícola e o principal objetivo é fazer com que o estudante fique na propriedade da família, gere renda e permaneça no campo, produzindo e cuidando da propriedade.
 
              Diante de tudo isso, observo que o fechamento da Escola EMAQUE é um tiro no pé, pois, nosso município é agrícola, onde a soja, o milho, o algodão, feijão, juntamente com a pecuária, criação de peixes, hortaliças geram renda, empregos e principalmente riquezas para todos que moram aqui. Nada melhor para os pais que tem propriedades grandes ou pequenas que os filhos façam os estudos perto de casa e principalmente que possam suprir a propriedade da família com conhecimentos técnicos vindos da Escola.
 
                Duas frases que percorrem muitas falas: “Educação não é gasto é investimento”! E uma outra: “Quando se houve mais pessoas o risco de errar é menor”.  Estão aí duas frases que podem fazer o poder público repensar a sua decisão e quem sabe buscar a parceria junto a SEDUC-MT para que se faça o ensino nos moldes da escola de Água Boa.
 
              Fica então o nosso registro e indignação que ao invés de fecharmos escolas que dão certo, vamos buscar parcerias para aprimorá-las. Que o ensino técnico também possa ser oferecido de outra forma, sem que para isso precise abrir mão da EMAQUE.
 
                Vamos EMAQUE!
Cesar Leite

Cesar Leite

Cesar Leite é professor efetivo das redes municipal e estadual de Querência-MT
ver artigos

comentar  Nenhum comentário

AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Agua Boa News. É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. O site Agua Boa News poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.

 
 
 
Sitevip Internet