Artigos / Alfredo da Mota Menezes

25/07/19 às 13:40

Acorda Cuiabá

Não acredito que seja construída, ao mesmo tempo, a ferrovia Ferrogrão, entre Sinop e Miritituba, e a extensão da ferrovia Rumo Logística, que está em Rondonópolis, até Sorriso. O ideal seria sair as duas, uma levando e trazendo cargas para Santos, a outra para o sul do Pará.
 
O produtor rural teria opção do menor frete. Estabelecida a competição entre as duas, o consumidor ganharia também. Mas, no Brasil real, alguém acredita que duas ferrovias iriam se digladiar para oferecer frete menor? A tradição é o quase monopólio e o controle do frete. 
 
O nosso capitalismo é diferente de outros. Se não sair as duas, qual sairia? Se sair a Ferrogrão, Cuiabá e região estarão excluídas desse tipo de transporte. Isolado entre a ferrovia até Rondonópolis e a de Sinop para cima. Se isso acontecer, a Baixada Cuiabana, já com problemas de crescimento econômico, vai estagnar mais ainda.
 
“Se não sair as duas, qual sairia? Se sair a Ferrogrão, Cuiabá e região estarão excluídas desse tipo de transporte”
 
Continuaria como centro de prestação de serviços, a agroindústria ficaria no Norte e no Sul ao longo das ferrovias. Também ao longo da ferrovia Campinorte-Água Boa, no Araguaia. Aqui num modorrento caminho para a estagnação. Para Cuiabá e região metropolitana seria útil que a ferrovia descesse a serra, vindo de Rondonópolis. 
 
Com a chegada do gás boliviano direto para a indústria, que deve vir de forma firme e constante, mais a ferrovia, aqui seria outro polo da agroindústria. Impulso enorme ao crescimento econômico. 
 
A Baixada tem um trunfo nesse assunto das ferrovias: carga de retorno. Hoje a Rumo Logística pode trazer até 20 milhões de toneladas de bens para suprir basicamente esta região. Qual seria a carga de retorno da Ferrogrão? Bens de consumo e industrializados de onde? Ou seria mais fertilizantes e pesticidas? Produtos que a outra poderia transportar também. 
 
A Ferrogrão não poderia repetir o que ocorreu com as ferrovias paulistas? Só transportavam café para Santos. Morreram. Soja e milho não serão cargas eternas, como não foi o café em São Paulo. Ninguém pode ser contra a construção da Ferrogrão, o que se argui aqui é que, para o futuro do Vale do Rio Cuiabá, uma ferrovia ajudaria bastante. 
 
Quem sabe até poderia ser uma extensão da própria Ferrogrão na busca de carga de retorno. Ferrogrão e a Rumo estão com pedidos na Antt e no TCU para suas concessões. A Rumo quer extensão da concessão por mais 30 anos do trecho da malha paulista. Se conseguir poderia transportar até 75 milhões de toneladas (hoje é cerca de 35 milhões). 
 
Para ter aquela carga teria que buscar carga além de Rondonópolis. Daí acreditar que iria até Sorriso e região. Se ocorresse, Cuiabá e área não seriam isoladas outra vez, como ocorreu no passado com a ferrovia chegando a Campo Grande. 
 
Será que o governo federal daria a concessão à Ferrogrão e não à extensão da Rumo para cá? O trabalho político da região deve olhar este fundamental aspecto do momento. Mas quem sabe o articulista esteja equivocado e as duas ferrovias saem ao mesmo tempo. Sonhar não custa nada.
 
Alfredo da Mota Menezes

Alfredo da Mota Menezes

 Alfredo da Mota Menezes é analista político
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